Estamos muito mal na fita.
Aliás, continuamos muito mal na fita.
A cada levantamento divulgado pelo IBGE percebemos claramente que o Piauí não consegue avançar. Sorte nossa que temos o vizinho Maranhão a nos garantir cobertura quando o assunto é miséria.
A imprensa mais otimista festeja quando conseguimos feitos que para muitos parecem crescimento, parecem desenvolvimento.
O Piauí, por exemplo, é o segundo estado brasileiro com a segunda menor média real por trabalhador.
Aqui, o trabalhador ganha em média 1.425 reais, o que corresponde a 64% do valor do rendimento médio real no Brasil.
O Piauí é também o segundo estado brasileiro em número de domicílios que recebem o Bolsa Família.
De acordo com os números, 33,8% das nossas casas recebiam o auxilio do governo federal.
Os números do Piauí, mais uma vez, só são ultrapassados na pesquisa pelo Maranhão, onde 37,4% dos domicílios recebem Bolsa Família.
Convém lembrar que para ter direito ao Bolsa Família a residência precisa ter uma renda por pessoa de no máximo 85 reais mensais.
É triste isso.
Triste e revelador.
O piauiense vive na miséria e sem qualquer perspectiva de melhorar de vida; vive na miséria e sem horizonte, sem futuro.
Um velho provérbio chinês ensina que não devemos simplesmente dar o peixe.
O Bolsa Família surgiu exatamente dentro desse contexto de que não devemos simplesmante dar o peixe. Temos que dar o peixe sim, mas também temos que ensinar a pescar.
A ajuda emergencial tem que existir. E essa ajuda emergerncial é exatamente o peixe que se dar.
O peixe é o primeiro alimento, o alimento que impede a desnutrição e a morte.
Mas o primeiro alimento, o primeiro peixe, não pode ser para sempre, não pode ser eterno.
Ao se transformar numa ajuda eterna, o beneficiário do Bolsa Familia jamais irá procurar o caminho do rio para aprender pescar.
Nesses casos, o beneficiário do Bolsa Familia se transforma em parasita; se transforma num ser humano dominado pelo ócio.
O interior do Piauí é cheio desses exemplos.
Alguns fingem que não estão vendo, mas apenas fingem.
O beneficiário do Bolsa Familia transforma-se da noite para o dia numa espécie de desocupado oficial, que simplesmente recebe uma mesada apenas para garantir o voto a determinadas correntes da politica brasileira.
O governo – qualquer que seja ele – tem a obrigação de ajudar os pobres.
É uma obrigação constitucional, até.
Ninguém quer pobre morrendo de fome.
Ao contrário, o que todos querem é que o pobre brasileiro viva com dignidade.
O que todos nós queremos é que o trabalhador brasileiro deixe de viver de forma humilhante e passe a ganhar com o suor do seu rosto o pão de cada dia.
Mas o brasileiro, infelizmente, gostou tanto do peixe que recebe de graça e sem esforço, que não se atreve a lançar seu próprio anzol ao rio em busca de algo melhor.