26/11/2024

Mal na fita

22 de outubro de 2019

Estamos muito mal na fita.

Aliás, continuamos muito mal na fita.

A cada levantamento divulgado pelo IBGE percebemos claramente que o Piauí não consegue avançar. Sorte nossa que temos o vizinho Maranhão a nos garantir cobertura quando o assunto é miséria.

A imprensa mais otimista festeja quando conseguimos feitos que para muitos parecem crescimento, parecem desenvolvimento.

O Piauí, por exemplo, é o segundo estado brasileiro com a segunda menor média real por trabalhador.

Aqui, o trabalhador ganha em média 1.425 reais, o que corresponde a 64% do valor do rendimento médio real no Brasil.

O Piauí é também o segundo estado brasileiro em número de domicílios que recebem o Bolsa Família.

De acordo com os números, 33,8% das nossas casas recebiam o auxilio do governo federal.

Os números do Piauí, mais uma vez, só são ultrapassados na pesquisa pelo Maranhão, onde 37,4% dos domicílios recebem Bolsa Família.

Convém lembrar que para ter direito ao Bolsa Família a residência precisa ter uma renda por pessoa de no máximo 85 reais mensais.

É triste isso.

Triste e revelador.

O piauiense vive na miséria e sem qualquer perspectiva de melhorar de vida; vive na miséria e sem horizonte, sem futuro.

Um velho provérbio chinês ensina que não devemos simplesmente dar o peixe.

O  Bolsa Família surgiu exatamente dentro  desse contexto de que não devemos simplesmante dar o  peixe. Temos que dar o peixe sim, mas também temos que ensinar a pescar.

A ajuda emergencial tem que existir. E essa ajuda emergerncial é  exatamente o peixe que se dar.

O peixe é o primeiro alimento, o alimento que impede a desnutrição e a morte.

Mas o primeiro alimento, o primeiro peixe, não pode ser para sempre, não pode ser eterno.

Ao se transformar numa ajuda eterna, o beneficiário do Bolsa Familia jamais irá procurar o caminho do rio para aprender pescar.

Nesses casos, o beneficiário do Bolsa Familia se transforma em parasita; se transforma num ser humano dominado pelo ócio.

O interior do Piauí é cheio desses exemplos.

Alguns fingem que não estão vendo, mas apenas fingem.

O beneficiário do Bolsa Familia transforma-se da noite para o dia numa espécie de desocupado oficial, que simplesmente recebe uma mesada apenas para garantir o voto a determinadas correntes da politica brasileira.

O governo – qualquer que seja ele – tem a obrigação de ajudar os pobres.

É uma obrigação constitucional, até.

Ninguém quer pobre morrendo de fome.

Ao contrário, o que todos querem é que o pobre brasileiro viva com dignidade.

O que todos nós queremos é que o trabalhador brasileiro deixe de viver de forma humilhante e passe a ganhar com o suor do seu rosto o pão de cada dia.

Mas o brasileiro, infelizmente, gostou tanto do peixe que recebe de graça e sem esforço,  que não se atreve a lançar seu próprio anzol ao rio em busca de algo melhor.

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