“Parece haver uma sensação na campanha de Biden de que os manifestantes se irão, que as paixões acabarão por desaparecer e que os eleitores democratas entrarão na linha quando nos aproximarmos do dia da eleição e a escolha entre Biden e Trump se tornar mais difícil”, analisa o colunista. “Essa é uma questão moral para eles e a sua posição não será facilmente alterada.”
Aprovação em queda
Uma pesquisa da CNN publicada no domingo mostra que o apoio à gestão de Biden em relação à guerra em Gaza vem despencando: 28% em abril contra 34% em janeiro.
O presidente americano apoiou fortemente Israel após o massacre do Hamas, mas vem manifestando publicamente divergências com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em relação às mortes de civis, às dificuldades no acesso à ajuda humanitária no enclave palestino e a uma operação militar em Rafah.
Essa linha tênue cruzada nos últimos meses por Biden não aplacou a ira dos manifestantes, sobretudo após a aprovação do pacote de ajuda militar de US$ 26 bilhões para Israel. O voto “não comprometido” se manifestou como protesto em primárias democratas importantes. Neste sábado, os protestos alcançaram a parte externa do jantar anual de Biden com correspondentes da Casa Branca, em Washington, onde os jornalistas foram hostilizados por manifestantes.
Os acampamentos nos campi se ancoram no direito à liberdade de expressão, mas parecem se distanciar das demandas iniciais — cessar-fogo em Gaza, fim da ajuda militar dos EUA a Israel e corte de laços das universidades com empresas israelenses ou outras que lucrem com a guerra.
Os manifestantes são acusados de assumirem a vertente antissemita quando entoam cânticos que glorificam as ações do Hamas no massacre de 7 de outubro, negam a existência de Israel e promovem agressões e intimidações a estudantes judeus.
Até agora, as reitorias e os políticos não encontraram a fórmula para lidar com a insatisfação nos campi. Para Biden, perder o vínculo com essa coligação estudantil em novembro seria letal.