Há suspeita de direcionamento e superfaturamento da licitação
O Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para apurar se houve superfaturamento de preços e direcionamento da licitação do Governo do Piauí que contratou o Hospital da Visão do Meio Norte (Centro de Teresina) para a realização de mutirões de catarata em várias cidades do estado. A informação foi divulgada pela Revista Veja na sexta-feira, 10.
A clínica é do cirurgião Thiago Castro, sobrinho do senador Marcelo Castro (MDB-PI). Outro fato que chamou a atenção do MPF foi a destinação de uma emenda parlamentar, de R$ 66 milhões, para a execução do programa de mutirões.
Marcelo é signatário – junto com o filho deputado federal, Castro Neto (PSD), da emenda.
“O Ministério Público Federal viu algumas coisas estranhas no processo — a começar pelo preço. A vencedora, a empresa Hospital da Visão do Meio Norte, está cobrando do estado o equivalente a 2.300 reais a cada cirurgia realizada, duas vezes e meia a mais do que a tabela do SUS paga às clínicas que realizam o mesmo tipo de procedimento”, ressaltou a Veja.
“Chamou atenção também o fato de que as cirurgias serão realizadas nas dependências de hospitais públicos. Ou seja, a empresa não vai ter custos com instalações, pessoal de apoio e material. Para complicar, além da suspeita de superfaturamento, os procuradores encontraram evidências de direcionamento no edital da licitação, que teria beneficiado um único concorrente”, acrescentou o meio de comunicação.
O Governo do Estado do Piauí garantiu realizar, por meio do programa, 35.000 consultas e 28.000 cirurgias em onze cidades do estado.
Marcelo Castro foi procurado pela Veja para tratar do assunto. Ele respondeu dizendo que só soube recentemente que a empresa do sobrinho tinha sido a escolhida para tocar os mutirões: “Foi um assessor que me disse que meu sobrinho estava participando do mutirão”.
Thiago Castro também foi entrevistado pela revista. “Não estou sabendo disso, não”, respondeu o médico.
O Ministério Público Federal recomendou que o Governo do Estado suspenda o contrato com o Hospital da Visão até que a investigação do caso seja concluída.
Com informações da revista Veja