Amanhã, 15 de novembro, vamos festejar mais uma vez a proclamação da nossa república.
Nascemos de um golpe militar, isso é fato.
A população brasileira respeitava e admirava o imperador Pedro II e não queria o fim da monarquia.
O povo brasileiro considerava Dom Pedro II um imperador honesto e austero, um homem que não cedia ao lado farrista do poder.
Quem queria o fim da monarquia eram os militares.
A idéia republicana não era bem aceita, como prova o resultado das eleições de 1884, cinco anos antes da proclamação da República.
Naquele pleito, apenas três candidatos com idéias republicanas conseguiram se eleger para a Câmara dos Deputados.
Na eleição seguinte, apenas um candidato republicano foi eleito.
O movimento republicano só começou a crescer em 1888, quando a princesa Isabel assinou a lei libertando os escravos. A partir daí os fazendeiros escravagistas, sentindo-se traídos pela monarquia, aderiram à República.
Só aí o caldo engrossou.
Deodoro resolveu agir e partiu para depor o gabinete do primeiro ministro Visconde de Ouro Preto, mas sem intenção de proclamar a república.
A caminho, zangou-se com a nomeação de um inimigo para o governo e acabou por proclamar a república brasileira.
Quer dizer: nossa república nasceu por conta de um contracheque que foi parar nas mãos de um inimigo do militar mais poderoso da época.
Como na independência, em 1822, nossa república nasceu também na base do improviso.
A independência, como todos sabem, foi proclamada no meio do mato por um príncipe com as calças arriadas acometido de forte diarreia.
Já a república nasceu da vontade de um marechal doente e rancoroso, que não aceitou a ascensão de um adversário no governo do imperador.
Como nos dias atuais, àquela época adversário político não tinha direito a nada. Tinha que morrer de fome e sede.
E assim, ainda hoje, 130 anos depois, não conseguimos firmar convicção sobre os benefícios da república.
De lá para cá já disseram que somos uma republiqueta, que somos uma república de bananas; já disseram que não somos um país sério e que somos um dos países mais corruptos do mundo.
Mesmo assim vamos seguindo; as coisas vão acontecendo, vão dando certo até mesmo quando improváveis.
Os exemplos são vários, mas como disse certa vez o compositor Renato Russo,
Quando tudo nos parece dar errado
Acontecem coisas boas
Que não teriam acontecido
Se tudo tivesse dado certo.
Mas, se é assim e assim sendo,
viva a República!