Contam que ao fim de grande batalha, o soldado apresenta-se ao seu tenente e pede permissão para voltar à linha de frente para resgatar o amigo que havia ficado para trás.
O oficial nega.
– Permissão negada, soldado. Não quero que arrisque sua vida por um homem que provavelmente está morto!
O soldado, ignorando a proibição, saiu e uma hora mais tarde regressava mortalmente ferido, transportando o cadáver de seu amigo.
O tenente ficou furioso e lembrou que o havia proibido de fazer aquilo. Valeu a pena? Perguntou.
O soldado respondeu:
– Claro que sim, senhor! Quando o encontrei ele ainda estava vivo e pode me dizer: Tinha certeza que você viria!
Esta é uma das muitas histórias que se conta sobre o soldado desconhecido, cujo dia é comemorado nesta quinta-feira, 28 de novembro.
O soldado desconhecido é aquele que ficou estendido no chão da batalha; é aquele que não foi identificado ou ficou insepulto.
O soldado desconhecido é um verdadeiro herói da pátria. É aquele que deu a sua vida em defesa da liberdade, em defesa de seu país.
Uma espécie de bilhete encontrado no bolso de um soldado brasileiro que tombou no primeiro ataque da Força Aérea Brasileira a Monte Castelo, na Itália, durante a segunda guerra mundial, também faz parte dessa história.
No bilhete, dirigido a Deus, ele escreveu:
“Escuta Deus,
Jamais falei contigo.
Hoje quero saudar-te.
Bom dia! Como vais?
Sabes? Disseram que tu não existe e eu, tolo, acreditei que era verdade.
Nunca havia reparado tua obra.
Ontem à noite da trincheira rasgada por granadas, vi teu céu estrelado e compreendi então que me enganaram.
Não sei se apertarás minha mão.
Mas, vou te explicar e há de compreender.
É até engraçado: neste inferno hediondo achei a luz para enxergar teu rosto.
Dito isto já não tenho muita coisa a te contar.
Só que… que… tenho muito prazer em conhecer-te.
Fazemos um ataque à meia noite.
Não tenho medo.
Deus, sei que tu velas…
Bom Deus, devo ir-me embora.
Gostei de ti, vou ter saudade.
Quero te dizer que será cruenta a luta, bem o sabes, e esta noite pode ser que eu vá bater a tua porta!
Muito amigos não fomos, é verdade.
Mas sim… estou chorando! Vê Deus, penso que já não sou tão mau.
Bom Deus, tenho que ir. Sorte é coisa bem rara.
Juro porém que já não receio a morte.