O hoje é o amanhã de ontem.
Khalil Gibran, poeta e prosador libanês, costuma dizer que o amanhã é inevitável.
Inexoravelmente tudo caminha para ele e a ele se destina.
Na ampulheta do universo a areia escorre e não pode ser contida de forma alguma.
A cada momento, segundo a segundo, o futuro chega e a forma definitiva que ele tomará em sua plenitude se tornará evidente.
O futuro existe, senão como fato, ao menos como certeza, pois sempre haverá um amanhã, seja ele qual for.
Nada – nem ninguém – foge do amanhã.
Existir é rumar para o futuro.
O futuro não nos pertence, mas nós definitivamente pertencemos a ele.
Quem pode pensar, inevitavelmente pensará a cerca do futuro.
De certo modo, tudo mora na mansão do amanhã.
O hoje nada mais é do que uma transição, um momento de tempo, um segmento do rio que corre até o seu destino.
Viver somente o hoje sem pensar no amanhã não anula o futuro de forma alguma.
O futuro tem sua existência independente de nossa vontade, independentemente de nossas opiniões, independentemente de nossas crenças.
Ele vem e chegará com certeza, mesmo para aqueles que procuram ignorá-lo. E quando chegar trará a resposta para muitas perguntas que dominam hoje o cenário da humanidade.
Quando o futuro chegar ele não se importará com os enganos e mentiras espalhados ao longo do tempo. Ele será o cumprimento exato do que deve ser. Ele vai expor a verdade e destruir completamente a mentira.
De certa forma, o futuro é como Deus, completamente invisível aos sentidos, mas real. Só pode ser alcançado pela fé. Sua existência é simultaneamente um mistério e um axioma.
É quase impossível existir e não pensar nesse amanhã, seja o amanhã imediato, seja o amanhã longínquo.
Todas as pessoas estão plenamente cientes de que o mundo se move em alguma direção por mais oculta que ela esteja e tentam penetrar nesse espesso véu para descobrir como será o futuro.
O amanhã existe e nos incomoda, não apenas o amanhã individual, mas também o amanhã universal, o amanhã cósmico.
É quase impossível existir e não pensar nesse amanhã, seja o amanhã imediato, seja o amanhã distante.
Quando trabalhamos, quando lutamos, quando sofremos, nós o fazemos pelo amanhã.
Por estranho que pareça, passado e futuro ocupam mais a mente do ser humano do que propriamente o presente.
Lembranças e expectativas constantemente deslocam o homem de hoje e o transportam para longe do seu agora.
De qualquer forma, esse transporte a outros tempos muitas vezes reduz sua existência atual em uma corrente de águas que flui por entre os seus dedos e por isso ele não desfruta do seu agora.
Seu lamento pelo ontem e seu anseio pelo amanhã tornam seu hoje algo menos do que deveria ser.