E mais uma vez chegamos ao 24 de janeiro.
O 24 de janeiro, como todos sabem, é um dia especial para todos nós piauienses.
Foi nesse dia, no já distante ano de 1823, que o Piauí finalmente se tornou independente de Portugal de maneira clara, oficial e definitiva.
Como já contei aqui, foi nesse dia que Manoel de Sousa Martins proclamou solenemente a nossa independência, aderindo ao império brasileiro de Dom Pedro I.
24 de janeiro é o verdadeiro Dia do Piauí. Não há o que discutir.
É o dia que marca definitivamente a nossa ruptura com o reino português.
Não há como negar esse fato.
Por isso, tem-se que reconhecer também a importância de Manoel de Sousa Martins neste processo de independência, inclusive a sua luta para manter a própria independência da província nos anos que estavam por vir.
Manoel de Sousa Martins foi um homem simples, na verdade um vaqueiro, conhecido na província como Né de Sousa.
Foi ele quem comandou todo o esforço para guarnecer nossa divisa com o Maranhão ainda sob domínio português e de onde se esperava o desembarque de tropas para a retomada de Oeiras.
O fato de ser um homem rude –como atestam alguns pesquisadores – em nada invalida o esforço despendido.
Manoel de Sousa Martins, que no império chegou a alcançar os títulos de barão e de visconde com grandeza, governou o Piauí por quase 20 anos.
Ao seu modo, deu uma grande contribuição para se chegar ao estado independente pelo qual muitos lutaram.
É evidente que não se pode desconsiderar fatos importantes para a independência do Piauí, como a proclamação de Parnaíba em 19 de outubro de 1822, feita por Simplício Dias da Silva e João de Deus e Silva;
Não podemos desconsiderar a escaramuça da Lagoa do Jacaré em Piracuruca, e muito menos a Batalha do Jenipapo em 23 de março de 1823.
Todos esses movimentos tiveram grande importância no contexto da independência do Piauí, mas o fato concreto, aquele que configurou o rompimento político definitivo, foi a proclamação ocorrida em Oeiras, a 24 de janeiro de 1823.
A história registra esses fatos que devem ser respeitados.
Oeiras, a mais antiga cidade do Piauí, já é uma cidade tricentenária.
São mais de 300 anos de história.
A invicta Oeiras é o berço do Piauí, uma terra de bravos; Oeiras é o berço de nossa civilização, da nossa inteligência, enfim, Oeiras é o berço de todos nós.
Oeiras foi a nossa primeira capital e sem dúvida tem muito a contar.
E pela sua história, pelas suas lutas, Oeiras merece respeito e reconhecimento.
Infelizmente Oeiras, como de resto muitas outras cidades do Piauí, mostram sinais de abandono, mostram feridas impossíveis de serem curadas.
Algumas provocadas pela ação do tempo, mas a maioria delas pela omissão do homem e do poder público.