Charles Chaplin, ou simplesmente Carlitos – o adorável vagabundo das aventuras hilárias do cinema mudo em nossos inesquecíveis tempos de criança – disse certa vez que a ambição envenenou a alma dos homens, ergueu um muro de ódio ao redor do mundo, nos atirou dentro da miséria e também do ódio.
Ensinou-nos que desenvolvemos a velocidade, mas nos fechamos em nós mesmos;
Ensinou-nos que as máquinas que trouxeram mudanças, nos deixaram desamparados.
Chaplin nos mostrou também que nossos conhecimentos nos deixaram cínicos e que nossa inteligência nos deixou duros e impiedosos.
Mostrou-nos que pensamos demais e sentimos muito pouco.
Mostrou-nos que mais do que maquinas, nós precisamos de humanidade; mais do que inteligência, precisamos de bondade e compreensão.
Sem estas qualidades – disse Chaplin – a vida será violenta e estaremos todos perdidos.
Charles Chaplin morreu há mais de 40 anos, quando tinha 88 anos de idade.
Morreu exatamente no dia de natal.
Além de ator, foi diretor, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante, compositor, dançarino e roteirista.
Apesar de sua vasta obra, Charles Chaplin nos chama a atenção neste momento para os seus ensinamentos de vida.
Sábios ensinamentos que, se seguidos por todos, com certeza nos teriam levado por outros caminhos, caminhos bem diferentes dos que acabamos trilhando.
Este sábio inglês nos ensinou o caminho da tolerância e da paz; ensinou-nos o caminho do amor, da bondade e da compreensão.
Ensinou-nos, enfim, as virtudes da vida.
Mas a verdade – a grande verdade – é que o homem embruteceu seu coração.
Nós endurecemos nossos corações.
Endurecemos o coração ao ponto de não saber discernir mais o que é bom e o que é ruim.
Não sabemos mais o que é o bem e o que é o mal.
E na maioria das vezes em que agimos a nossa ambição desenfreada nos remete sempre ou quase sempre para o lado do mal.
Carlitos, o vagabundo criado por Chaplin para o cinema mudo, tentou nos mostrar, através de sua mímica, através de gestos simples o caminho do bem. Ele nos mostrou um caminho a seguir.
Nós é que simplesmente o ignoramos.
Ignoramos ou simplesmente nos recusamos a aprender com ele.
A vaidade e a arrogância – tão próprias do homem – talvez não nos tenham deixado enxergar tudo isso.
Do alto da nossa suficiência com certeza sequer nos esforçamos em entender aquela mensagem.
Afinal – devemos ter pensado naquele momento – o que um vagabundo maltrapilho terá para nos ensinar?
Mas Gandhi – o grande líder indiano Mahatma Gandhi – ensina que o dinheiro faz homens ricos, o conhecimento faz homens sábios, mas a humildade faz grandes homens.
E Chaplin, pela sua humildade, foi, sem dúvida, um grande homem.
(Do livro Opinião com Chico Leal)