Coloquei, eu mesmo, em regime de urgência-urgentíssima a minha volta ao batente, mesmo que ainda abalado por uma forte gripe.
Precisava voltar a tempo de falar alguma coisa sobre eu amigo Ubiracy Sabóia, morto na segunda-feira.
Não vi o ubiracy Saboia nascer.
Não vi nascer, mas vi crescer.
Vi crescer, vi ganhar corpo, vi surgir o adolescente e vi o adolescente virar homem.
Homem de bem, registre-se.
Meu primeiro contato com Ubiracy ocorreu pela metade dos anos 70, quando aqui chegou trazido pelo pai, o jornalista Pires de Saboia, outro grande amigo.
Franzino, corpo que carregou até à morte, ubiracy foi uma pessoa alegre e sorridente, mas que detestava ficar quieto.
Na minha e na casa de amigos durante as costumeiras visitas de domingo, ubiracy era a diversão certa. Era ele o centro das atenções.
Mas um dia a gente cresce, ubiracy cresceu e teve que seguir o seu rumo. E o rumo de ubiracy não poderia ser outro. Virou jornalista, para alegria de todos nós. Mas não fez jornalismo para agradar ninguém. Fez jornalismo porque queria mesmo ser jornalista. E o foi.
Infelizmente, a morte é traiçoeira.
A morte é como o ladrão, ela chega sem avisar.
Ela age sorrateiramente.
Para a morte não há bons e ruins; não há inteligente ou famoso; não há político ou empresário; não há trabalhador nem mendigo.
Mais cedo ou mais tarde ela virá atrás de todos nós.
Não importa se viveu muito ou se viveu pouco, afinal os mistérios de Deus são insondáveis.
Mas, por que logo o ubiracy Saboia, um jovem no auge da carreira?
Ubiracy não foi o primeiro. Com certeza não será o último dos nossos que partirão sem aviso e fora do combinado. Muitos já foram, outros irão, afinal a vida é assim.
A morte por si só afeta todos nós. As palavras não dão conta de tanta dor.
A verdade é que a fragilidade do ser humano sequer consegue estabelecer distinção entre velhos e jovens.
Alguém já disse que nestes casos, só nos resta a sensação de termos sido enganados, como se a vida fosse apenas grande estelionato.
Chico Xavier, o medium brasileiro mais conhecido no mundo, diz que a vida é feita de momentos pelos quais temos que passar sendo bons ou não para nosso aprendizado.
Precisamos fazer a nossa parte, desempenhar o nosso papel no palco da vida, lembrando que a vida nem sempre segue o nosso querer, mas ela é perfeita naquilo que tem que ser.
Tudo tem seu apogeu e o seu declino. É natural que seja assim. Todavia, quando tudo parece convergir para o que supomos, eis que a vida ressurge triunfante e bela!
Novas folhas, novas flores na infinita benção do recomeço.
Que assim seja!