Segundo o cantor e compositor baiano Gilberto Gil, o carnaval é uma invenção do diabo, mas é uma festa que Deus abençoou.
Exagero à parte, o carnaval é e continua sendo uma festa popular. Aliás, o carnaval continuará sendo a nossa maior festa popular até que se invente algo diferente, algo que possa suplantá-lo.
O carnaval é o festejo da alegria num pais de 12 milhões de desempregados e mais de 13 milhões de miseráveis.
Pelos números não temos motivo para festejar nada.
Mas carnaval é outra coisa…
A única coisa que se celebra no carnaval é a alegria.
E na hora de celebrar a alegria entra todo mundo. Entra o desempregado e o miserável; entra o rico e o pobre; entra o preto e o branco; entra o patrão e o empregado.
Temos que reconhecer que o carnaval é uma festa democrática. Altamente profana, mas democrática.
O carnaval é pura euforia. Daí a necessidade do autocontrole, do senso de responsabilidade e do respeito.
A euforia muitas vezes incita a atitudes extremas que podem causar situações indesejáveis e até mesmo irreversíveis.
No carnaval não vale tudo. É preciso saber disso. No carnaval não vale tudo.
Nos dias de festa, mesmo no carnaval, o respeito tem que existir. O respeito ao próximo tem que ser mantido, ele é indispensável.
Temos que ter responsabilidade; temos que ter a vontade e o querer de fazer as escolhas certas.
O carnaval não é a ultima festa de nossa vida.
O carnaval é apenas uma das…
Mas não podemos negar que o carnaval é uma espécie de escudo pra todos nós. O carnaval é a nossa proteção.
O carnaval é a nossa garantia de que por um período – pequeno que seja – não seremos molestados pelas vozes apocalípticas dos profetas do mal.
Uma pena que na terça-feira, logo ao raiar do dia, já começa a bater no peito a saudade do carnaval que está passando.
Como lembra o poeta Carlos Drummond de Andrade, futebol e carnaval são as duas fontes de sonho dos brasileiros. Os sonhos, no entanto, também chegam ao fim.
Mas o carnaval tem outras características.
No Brasil politico, por exemplo, diz-se que somente depois do carnaval as máscaras começam a cair. Só depois do carnaval sabe-se, afinal, quem é quem.
Traduzindo para uma linguagem mais popular e mais acessível, diz-se que só depois do carnaval os políticos começam a falar a verdade.
Vamos esperar.
Mais uma vez.