26/11/2024

A imprensa e a crítica

1 de junho de 2020

1º de junho é o Dia da Imprensa.

Alguém já disse que o papel da imprensa deve ser o da indignação, da cobrança por soluções, da informação criteriosa e discutida, da parceria com a sociedade, da exigência, da perseguição dos resultados, da defesa das leis, da crítica às leis, do processo construtivo de uma organização social aprimorada…

O papel da imprensa não pode ser medíocre, passivo, abestalhado, desinformante e irritante que se traduz em lançar sobre cada cidadão todas as mazelas pútridas dos governos e dos criminosos comuns, sem ao menos um manifesto de amparo, de apoio à boa sociedade.

Infelizmente a imprensa brasileira, ou pelo menos boa parte dela, é como um vento que vira as páginas de um livro antes que se possa interpretar, traduzir e criticar o que nelas está escrito.

Mas a imprensa tem que ser livre, livre  como o vento. Mas tem que ter responsabilidade.

Liberdade de imprensa é uma coisa tão sagrada no Brasil que nossa Constituição reserva um capítulo específico para a comunicação social.

A Constituição brasileira assegura a mais ampla liberdade de manifestação do pensamento.

Diz, inclusive, que “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social”.

Desde o Império, a constituição nos garante essa liberdade.

A exceção fica por conta dos períodos ditatoriais de Getúlio Vargas e dos governos militares.

É preciso que alguns entendam, aqui no Piauí principalmente, que a crítica faz parte desse conjunto de garantias constitucionais.

É preciso que entendam, principalmente alguns jovens deslumbrados com o poder recente, que a crítica é necessária.

A crítica é um alerta, não é um xingamento; a crítica, muitas vezes, provoca correção de rumo e com isso evita-se o abismo e prejuízos ao erário.

A crítica é uma análise avaliativa de alguma coisa.

Uma crítica ao governo não significa que o autor ou autores dessa crítica sejam inimigos do governo; não significa que o autor ou autores sejam inimigos ou tenham raiva de algum secretário ou de algum diretor.

É como se alguém, com raiva do padre, atacasse a missa; é como se alguém, com raiva do Papa, atacasse a Igreja; é como se alguém, com raiva do bandido que roubou seus pertences, atacasse o policial.

Isso, sinceramente, não tem sentido.

A crítica não pode ser alimentada no ódio. A crítica é um direito que a constituição garante a quem quer se manifestar contra ou a favor de alguma coisa.

Não criticamos pessoas, não criticamos famílias.

Criticamos ações, criticamos gestos, criticamos decisões.

E sempre com o propósito de colaborar, nunca de achincalhar.

Por isso, a crítica não deveria incomodar tanto.

No Piauí, infelizmente, a crítica é sempre recebida como um insulto, é recebida como um ataque à honra alheia;

No Piauí, para muitos, a crítica é uma coisa indigna; é resultado da frustração de alguém.

A crítica não é nada disso.

A crítica, no jornalismo sério é um instrumento democrático e como tal deve ser compreendido e respeitado.

A imprensa – a boa imprensa – tem que ser assim.

Tem que ser livre e responsável.

Tem que criticar, não só aplaudir.

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