1º de junho é o Dia da Imprensa.
Alguém já disse que o papel da imprensa deve ser o da indignação, da cobrança por soluções, da informação criteriosa e discutida, da parceria com a sociedade, da exigência, da perseguição dos resultados, da defesa das leis, da crítica às leis, do processo construtivo de uma organização social aprimorada…
O papel da imprensa não pode ser medíocre, passivo, abestalhado, desinformante e irritante que se traduz em lançar sobre cada cidadão todas as mazelas pútridas dos governos e dos criminosos comuns, sem ao menos um manifesto de amparo, de apoio à boa sociedade.
Infelizmente a imprensa brasileira, ou pelo menos boa parte dela, é como um vento que vira as páginas de um livro antes que se possa interpretar, traduzir e criticar o que nelas está escrito.
Mas a imprensa tem que ser livre, livre como o vento. Mas tem que ter responsabilidade.
Liberdade de imprensa é uma coisa tão sagrada no Brasil que nossa Constituição reserva um capítulo específico para a comunicação social.
A Constituição brasileira assegura a mais ampla liberdade de manifestação do pensamento.
Diz, inclusive, que “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social”.
Desde o Império, a constituição nos garante essa liberdade.
A exceção fica por conta dos períodos ditatoriais de Getúlio Vargas e dos governos militares.
É preciso que alguns entendam, aqui no Piauí principalmente, que a crítica faz parte desse conjunto de garantias constitucionais.
É preciso que entendam, principalmente alguns jovens deslumbrados com o poder recente, que a crítica é necessária.
A crítica é um alerta, não é um xingamento; a crítica, muitas vezes, provoca correção de rumo e com isso evita-se o abismo e prejuízos ao erário.
A crítica é uma análise avaliativa de alguma coisa.
Uma crítica ao governo não significa que o autor ou autores dessa crítica sejam inimigos do governo; não significa que o autor ou autores sejam inimigos ou tenham raiva de algum secretário ou de algum diretor.
É como se alguém, com raiva do padre, atacasse a missa; é como se alguém, com raiva do Papa, atacasse a Igreja; é como se alguém, com raiva do bandido que roubou seus pertences, atacasse o policial.
Isso, sinceramente, não tem sentido.
A crítica não pode ser alimentada no ódio. A crítica é um direito que a constituição garante a quem quer se manifestar contra ou a favor de alguma coisa.
Não criticamos pessoas, não criticamos famílias.
Criticamos ações, criticamos gestos, criticamos decisões.
E sempre com o propósito de colaborar, nunca de achincalhar.
Por isso, a crítica não deveria incomodar tanto.
No Piauí, infelizmente, a crítica é sempre recebida como um insulto, é recebida como um ataque à honra alheia;
No Piauí, para muitos, a crítica é uma coisa indigna; é resultado da frustração de alguém.
A crítica não é nada disso.
A crítica, no jornalismo sério é um instrumento democrático e como tal deve ser compreendido e respeitado.
A imprensa – a boa imprensa – tem que ser assim.
Tem que ser livre e responsável.
Tem que criticar, não só aplaudir.