29 de junho é o dia de um dos santos mais populares e queridos do Brasil. É o Dia de São Pedro. É também o dia de São Paulo e do Papa.
São Pedro é um dos santos festeiros. Junto com Santo Antônio e São João comandam nossos festejos juninos, sempre cheios de muita alegria.
Comandam os tempos de fartura na roça; comandam nossas fogueiras e nossas brincadeiras; abençoam nossos compadres e comadres e alimentam nossa fé, sobretudo no meio mais carente do país.
Infelizmente este ano nossos arraiás ficaram todos em silêncio, ficaram mudos, contrariando nossa tradição secular.
A sanfona calou. E com ela os santos.
Como São João não disse nada, São Pedro não tinha o que confirmar e também ficou em silêncio. Fazer o que?
Pela primeira vez, pelo menos na nossa geração, não tivemos a nossa festa.
Não tivemos as festas de Santo Antônio, o santo casamenteiro, não tivemos São João.
Não tivemos as festas de São Pedro.
Não tivemos a fogueira em homenagem a São João, não tivemos os balões multicores; se tivemos um céu lindo, nem percebemos.
Não tivemos a procissão de São Pedro. Os barcos sumiram.
O velho cais do Parnaíba emudeceu, num silêncio de cortar corações.
Nem quem veio antes de nós presenciou algo parecido.
Nossos antepassados, com certeza, nunca presenciaram um São João sem fogueira e sem forró.
Foi este o primeiro São João sem o som de uma sanfona, sem o som de uma zabumba e de um triângulo; Foi o primeiro São João sem moças casadoiras tentando descobrir o nome do futuro marido olhando brasas na água da bacia ou enfiando a faca na bananeira.
São João sem milho assado, sem corrida do saco, sem pescaria, sem a brincadeira do ovo na colher; São João sem as quadrilhas, sem o casamento matuto e sem balões? Desculpem, mas isso não é festa junina. Isso não é São João.
É luto. Aliás, motivos para o luto não nos faltam, é verdade.
Mas um ano sem festas juninas é demais. É um castigo muito grande para um povo tão devoto e tão crente nos seus santos.
Apesar de tudo, não podemos fraquejar na nossa fé. Pelo contrário, temos que persistir na fé. Temos que continuar acreditando nos milagres de nossos santos tão festeiros e tão venerados.
Vamos acreditar que os donos da festa adiada, tão amado por aqui, interceda por nós todos, para que a gente, nunca mais na vida, fique sem a alegria junina.
E que a sanfona jamais volte a silenciar na terra de Santo Antônio, de São João e de São Pedro.
Que assim seja!