26/11/2024

As tragédias de agosto

3 de agosto de 2020

 Ah! Agosto porque você não muda, passa ano e mais ano és agosto do desgosto… Mas quem dera a culpa fosse somente sua.(Nathalia Moretti)

Agosto é um mês atípico aqui no Brasil, Os fatos comprovam isso. E tanto é assim que agosto é chamado por muitos de mês do desgosto e por outros tantos de mês das tragédias, principalmente das tragédias políticas.

Por isso mesmo os políticos brasileiros não gostam de agosto. Eles cruzam os dedos e batem na madeira constantemente nesta época.

Se pudessem, acredito, até mudariam o calendário retirando dele para sempre o mês de agosto. 

Foi em agosto de 1954, por exemplo,  que o presidente Getúlio Vargas disparou um tiro no próprio peito para – como deixou escrito em sua carta testamento – sair da vida e entrar na história.

Pressionado por políticos e militares foi o caminho que Getúlio encontrou para pôr fim a uma crise que ameaçava incendiar o Brasil.

Foi no dia 25 de agosto de 1961, Dia do Soldado, que Jânio Quadros renunciou à presidência da República, depois de se eleger prometendo varrer a corrupção no Brasil.

Foi no dia 22 de agosto de 1976 que morreu Juscelino Kubistchek de Oliveira, o construtor de Brasília e o mais popular de todos os presidentes brasileiros. Juscelino morreu em acidente de carro, na Via Dutra, quando se dirigia para o Rio de Janeiro. Ainda hoje há quem acredite que Juscelino, na verdade, foi assassinado pela ditadura militar.

Foi em agosto que morreu Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato a presidência da República.

Foi em agosto também que morreu seu avô, Miguel Arraes, outro grande nome da política brasileira.

Também foi em agosto que a Polícia Federal prendeu José Dirceu, homem forte do governo petista de Lula, acusado de comandar o esquema do mensalão e que ainda hoje prega a tomada do poder. Pela força, que seja.

Os exemplos mostram que agosto é um mês que já deixou profundas marcas na história política brasileira.

Mas, como tudo segue, chegamos mais uma vez ao mês de agosto e muito provavelmente ele deixará novas marcas.

Para muitos, principalmente para muitos políticos, o oitavo mês dos calendários Juliano e Gregoriano poderia muito bem ser eliminado na política brasileira.

Para a polução, no entanto, ele serve para lembrar que nem tudo é eterno. Serve para lembrar, principalmente aos arrogantes que se consideram donos do poder, que tudo passa.

E como passa.

De qualquer forma neste primeiro dia útil de agosto, até por prevenção, não custa nada bater na madeira.

(Toctoctoc)

E dizer em voz alta:

– Pé de pato mangalô três vezes!

Por um agosto de gosto. E por gostos sem desgostos.

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