Até quando o politico brasileiro vai usar e abusar de mordomias?
Está mais do que na hora de se questionar isso. É preciso acabar urgentemente com o abuso no uso de recursos públicos para pagar salários tão elevados e mordomias as mais diversas a políticos. Essa praga, que atinge todos os níveis da política brasileira, precisa de um basta.
Retorno ao tema a propósito do livro “Um país sem excelências e mordomias”, da jornalista brasileira Cláudia Wallin.
O livro é de 2014, mas permanece atualíssimo.
A jornalista retrata um reino distante, chamado Suécia; um reino distante, mas que tem muito a ensinar aos eleitores brasileiros.
A Suécia é uma das nações mais ricas do mundo, mas lá os parlamentares não aumentam seus próprios salários;
Na Suécia, os parlamentares não possuem carro oficial, motorista ou um cortejo de assessores;
Na Suécia, o parlamentar anda de ônibus, de metrô, de bicicleta e até a pé.
Na Suécia, o parlamentar corre o sério risco de cair em desgraça se usar um táxi sem necessidade ou simplesmente por comprar uma barra de chocolate com o cartão corporativo.
Na Suécia, vereador não tem salário e político vive em casa simples; além disso, o político ainda limpa sua própria casa e dá dicas na imprensa sobre como fazer uma limpeza mais eficaz.
Cláudia Wallin morou dez anos em Estocolmo e jura que isso tudo é verdade. Para nós brasileiros, pode até parecer ficção, mas é verdade, é a mais pura verdade.
Na Suécia é assim.
Deputados e ministros lavam e passam suas próprias roupas.
Qualquer político é chamado simplesmente de você, pois o tratamento de “Excelência” foi abolido faz tempo.
Convém lembrar que a Suécia há menos de cem anos era um país pobre, mas habitado por um povo determinado a sair da pobreza e do atraso.
A pergunta que se faz é: por que a Suécia conseguiu em tão pouco tempo sair da condição de estado pobre para a condição de estado rico, muito rico?
A resposta, por incrível que pareça, é muito simples, bastante simples. A Suécia fez pesados investimentos em educação, ciência, tecnologia, justiça e em projetos nacionais integrados.
Além de não investir como deve em nada disso, o Brasil ainda sustenta o segundo congresso mais caro do mundo – atrás apenas dos Estados Unidos.
O comportamento sueco é um verdadeiro tapa na cara de cada um de nós, dos políticos principalmente.
Não há mais entre os políticos brasileiros qualquer interesse pelas grandes causas nacionais; na política brasileira atual não existe mais o servir; existe apenas o ser servido.
Enquanto o Brasil funcionar assim, não conseguiremos sair desse lamaçal; enquanto o Brasil funcionar assim, político nenhum vai abrir mão de suas mordomias em nome da causa comum.
Se continuar assim, jamais seremos uma Suécia.
Se continuar assim, vamos nos aproximar cada vez mais de uma Venezuela.