Que o regime democrático ainda é o melhor regime para se viver é fato.
Todo mundo sabe, embora nem todos aceitem isso.
Mas o regime democrático tem suas implicações.
No regime democrático, por exemplo, você tem que aprender a conviver com os contrários.
Faz parte do jogo.
No regime democrático você é obrigado a respeitar a opinião do outro, mesmo que você não concorde com ela.
No regime democrático você não pode exigir que todos concordem com suas ideias, mas também você não é obrigado a concordar com as ideias dos outros.
Você só tem que respeitá-las.
Como a democracia implica na convivência com os contrários, é natural que num regime democráticos como o nosso existam as vaias e os aplausos.
Vaias e aplausos fazem parte do regime democrático em qualquer parte do mundo, queiram ou não.
Geralmente não se gosta de vaias, preferem-se sempre os aplausos.
Infelizmente, na vida nem tudo são aplausos, nem tudo são flores.
Há também as vaias e os espinhos.
Conta a história que o ato de bater as palmas das mãos em sinal de aprovação tem origem desconhecida, mas existe há pelo menos 3 000 anos.
Nessa época, o gesto era essencialmente religioso, popularizado em rituais pagãos de diversos povos como um barulho destinado a chamar a atenção dos deuses.
No teatro clássico grego, tornou-se, então, a forma pela qual os artistas pediam à plateia que invocasse os espíritos protetores das artes.
Mas o costume chegou a Roma
E ao chegar a Roma a coisa mudou de figura.
No Império Romano, o aplauso passou a ser comum nos discursos políticos.
Nero, preocupado com a repercussão de seus discursos, chegava a espalhar pela multidão 5 mil soldados e cavaleiros para aplaudi-lo.
A moda pegou e foi copiada aqui também.
É comum político distribuir simpatizantes em seus comícios para garantir o aplauso.
Ninguém quer mesmo é ser vaiado.
Faz-se de tudo para se evitar uma vaia.
A vaia é o oposto do aplauso.
Mil anos antes de Cristo, a vaia já existia.
Vaiava-se, por exemplo, execução de criminosos e de traidores do estado.
Mas a vaia e o aplauso sempre existiram e sempre andaram juntos.
Não será agora que iremos conseguir separá-los.
O homem público tem que estar preparado para os dois.
Para a vaia e para o aplauso.
Para os que preferem os aplausos, o melhor caminho, sem dúvida é interpretar os desejos e as vontades da população.
Identificar e compartilhar desses desejos e dessas vontades.
Agindo assim, as vaias de hoje com certeza serão convertidas em aplausos amanhã.