O Brasil vive há algum tempo entre dois extremos.
De um lado a extrema esquerda, do outro a extrema direita.
São visões diferentes para um mesmo problema. São visões que se chocam, são visões, diria, até impossíveis de uma convivência civilizada no Brasil. Nossa educação ainda não alcançou nível tão elevado, infelizmente.
O historiador e sociólogo Marco Antônio Villa alertava, ainda em 2018, para os perigos do extremismo.
O perigo do extremismo – dizia ele – é transformar a disputa eleitoral em uma guerra. Ao invés de adversários, construir inimigos. Com inimigos não se convive. O ódio passa a ser o elemento motor. A exclusão do outro precede o ato de simplesmente ouvir. A desqualificação antecede o argumento. A divergência é substituída pela raiva. O conhecimento é substituído pela ode à ignorância.
Até parece que Marco Antônio Villa escreveu isto ontem à noite. Mas não foi.
Marco Antônio Villa, com sua lucidez, conseguiu enxergar os fatos de hoje quando eles ainda se encontravam numa região nebulosa e distante.
Nos regimes democráticos, as disputas ocorrem no campo das ideias e não geram inimizades intransponíveis. O ódio não pode se sobrepor aos interesses nacionais.
Enfrentar os extremismos é o grande desafio de todos nós.
Enfrentar os extremismos, não só do processo eleitoral, mas de viver numa democracia é o desafio do Brasil.
Ser extremista não pode significar ser cego. Mesmo o extremista de direita ou de esquerda tem que pensar no bem do país.
Defender ou agir em defesa do quanto pior melhor pensando na eleição seguinte, não é justo.
O Brasil de hoje não comporta isso.
O Brasil de hoje exige de todos nós – de todos nós de direita e de todos nós de esquerda, assim como de todos nós de centro ou de qualquer outra posição dentro de campo – uma ação firme em defesa da pátria ameaçada.
Precisamos agir – todos nós – em defesa da pátria ameaçada pela corrupção, da pátria ameaçada pelos descalabros.
Precisamos trabalhar – todos nós – em defesa daquilo que nos é mais caro e nada pode nos ser mais caro que a pátria.
Como disse Rui Barbosa, o sentimento que divide, inimiza, retalia, detrai, amaldiçoa, persegue, não será jamais o da pátria. A Pátria é a família amplificada.
A pátria não é um sistema, nem é uma seita, nem um monopólio, nenhuma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade.