26/11/2024

Definitivo

7 de junho de 2019

Há um momento na vida

de terror definitivo,

de fracasso tremendo,

de sangrar a ferida.

Nada rende,

não há remendo,

nem consolo,

nem saída,

luta perdida,

a lágrima não significa,

o amor cruza os braços,

a saudade diz que vai

e fica.

(Ivone Boechat)

O tal do ser humano é interessante.

Sempre procurando o amor definitivo e a tal da segurança.

Logo ele, capaz de morrer no próximo minuto, sujeito à primeira ventania, e sem a menor chance diante do menor maremoto.

A segurança, colega, não existe.

A gente inventou.

E isso dói. (Oswaldo Montenegro)

Definitivo, como tudo o que é simples.

A jornalista e escritora  gaúcha Marta Medeiros nos ensina que nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê?

Sofremos porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas; sofremos por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos; sofremos por todos os filhos que gostaríamos de ter tido e não tivemos; sofremos por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Sofremos por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

 

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

 

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

 

Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? Pergunta Marta Medeiros. A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!

 

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

 

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