O momento político-administrativo do Piauí forçosamente nos leva a alguns questionamentos.
Nos leva, por exemplo, a perguntar constantemente por que o Piauí tem quer ser assim. Por que tem que ser assim no Piauí?
Por que no Piauí deputado tem que virar secretario de estado?
E por que o deputado que vira secretários tem obrigatoriamente que construir calçamento?
Por que no Piauí suplente obrigatoriamente tem que virar deputado?
Suplente é suplente. Suplente é quem não teve voto suficiente para se eleger e só deveria ser convocado em casos extremos, como já foi no passado. Ser suplente no Piauí nos últimos anos virou um grande prêmio de consolação. O suplente, tadinho dele, tem que ser titular do mandato. Ficam lá por pelo menos três anos, mas o eleitor não quis isso.
O suplente de deputado no Piauí é uma espécie de bibelô que alguém colocou na sala de visita. E que lá vai ficar até que o dono volte.
Outra dúvida cruel que vive a nos atormentar. Por que os filhos de deputados – e de políticos, de um modo geral – são geralmente agraciados com os melhores empregos públicos do estado? Seriam eles, por acaso, sublimes representantes de uma raça iluminada por uma inteligência extraordinária? Ou seriam eles apenas protegidos de uma classe que adora andar montada em dinheiro público?
O Piauí, todos sabem, já teve sua época oligarca. O Piauí já teve suas oligarquias, oligarquias satanizadas por muitos que as colocavam como a causa maior de tudo de ruim que nos acontecia, inclusive o atraso secular do estado.
Oligarquia, como nos ensinam os dicionários, é um regime político em que o poder é exercido por um pequeno grupo de pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família. É a preponderância de um pequeno grupo no poder. E o que vivemos hoje no Piauí é o que mesmo?
Depois da experiência do governador Wellington Dias, temos que concordar numa coisa: a oligarquia, independentemente de cor partidária, é realmente a desgraça de um estado. Não pode existir coisa pior.
O Piauí pode até ter mudado o sobrenome do seus políticos, mas continua com a velha política atrasada de sempre. E os resultados, como não poderiam deixar de ser, são os mesmos de antigamente.
Impossível neste momento citar uma grande obra para o estado tanto dos deputados–secretários como dos seus deputados suplentes. Impossível por que elas não existem. Simplesmente não existem.
Mas nem por isso estão preocupados nem perdendo sono.