O Consórcio afirma que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não é contrária à vacinação de adolescentes sem comorbidades
Após o Ministério da Saúde (MS) recomendar, na quarta-feira (15), aos estados e municípios que suspendam a vacinação de adolescentes sem comorbidades, o Consórcio Nordeste divulgou ontem (17) uma nota orientando a continuidade da imunização desta faixa etária.
O MS não aconselha a vacinação dos adolescentes que não apresentem algum fator de risco. Segundo a pasta, a orientação é baseada, entre outros fatores, em evidências científicas que consideram o baixo risco de óbitos ou casos mais graves da Covid-19 neste público.
Já o Comitê Científico do Consórcio Nordeste alega que as justificativas do MS não são claras e não têm sustentação científica. “Este Comitê Científico faz coro com as manifestações da Sociedade Brasileira de Imunizações e de respeitados especialistas, no sentido de que as justificativas apresentadas pelo MS não são claras e não têm sustentação científica”, diz o documento.
O Comitê argumenta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não é contrária à vacinação de adolescentes, com ou sem comorbidades, e que recomenda a utilização de vacinas de mRNA, como a da Pfizer, para o uso em pessoas acima de 12 anos.
Defende ainda que ao aprovar o referido imunizante para essa faixa etária, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não restringiu a administração a pessoas com comorbidades.
De acordo com a Comitê, a vacinação de adolescentes sem comorbidades foi autorizada pelo Ministério da Saúde no capítulo 3.1 da Nota Técnica Nº 36/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS, de 02 de setembro de 2021, e no capítulo 4.3.3.2 da 10ª edição do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 (PNO), de 15 de agosto de 2021.
Entre os adolescentes, de 15 a 19 anos, que morreram por Covid-19, 70% tinham pelo menos um fator de risco. Entre os mais de 20 milhões de adolescentes brasileiros, apenas 3,4% têm alguma comorbidade, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Esse número representa cerca de 600 mil jovens nesta faixa-etária.
Durante uma coletiva de imprensa, realizada para esclarecer o assunto, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga afirmou que o Ministério da Saúde pode rever a sua posição, desde que haja evidências científicas sólidas em relação à vacinação em adolescentes sem comorbidades.
“Por enquanto, por uma questão de cautela, nós temos eventos adversos a serem investigados. Nós temos essas crianças e adolescentes que tomaram essas vacinas que não estavam recomendadas para eles. Nós temos que acompanhar esses adolescentes”, ressaltou Marcelo Queiroga.