A democracia verdadeira tem que está preparada para enfrentar as
tempestades. Todas as tempestades.
A democracia não existe apenas para o tempo de paz, existe também para os tempos adversos, para os tempos de guerra.
A democracia, como no caso do Brasil, existe também para garantir o pleno funcionamento das instituições democráticas em períodos de crise. E disso não podemos nos queixar.
Se nossas instituições não funcionam a contento a culpa não é da democracia. A culpa – entendo assim – deve ser atribuída aos agentes públicos responsáveis pelo funcionamento dessas instituições.
A democracia quando perece é por falha humana, nunca por culpa do regime.
A democracia é uma espécie de fiadora ou avalista do regime democrático.
A democracia é um regime de governo que pode existir também no sistema republicano ou no sistema monárquico. Tanto lá como cá, a democracia é a base do regime, é quem garante a segurança das pilastras nas quais estamos todos montados.
Ninguém nega. Só a democracia tem princípios que protegem a liberdade humana e baseia-se no governo da maioria, associado aos direitos individuais e das minorias.
Uma das principais funções da democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais, como as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida política, econômica e cultural da sociedade.
Ninguém desconhece que no regime democrático os cidadãos têm seus direitos expressos. Tem os deveres de participar do sistema político que vai proteger seus direitos e sua liberdade.
A democracia brasileira já sofreu duros golpes. Em 1945, com o Estado Novo, e em 1964 com o golpe militar. Mas, como Fênix, a mitológica ave egípcia, renasceu das cinzas.
No Brasil já conhecemos os dois lados. Conhecemos o lado da democracia pura, o lado onde o regime funciona e garante a liberdade das pessoas. Mas também conhecemos o lado da truculência, conhecemos o lado das trevas, sem direito nenhum a nos proteger ou a nos garantir enquanto cidadãos.
Essas dificuldades nos fizeram perceber de forma clara, bem nítida, qual o melhor caminho a seguir e qual o melhor lado de se viver. Não há duvida quanto a isso.
O Brasil, portanto, tem que resolver suas dificuldades de maneira democrática. Não podemos permitir em hipótese alguma que seja de outra forma.
O Brasil tem que procurar uma saída para seus problemas respeitando a vontade da maioria, mas sem ignorar os direitos das minorias.
Só assim, respeitando a vontade da maioria sem ignorar os direitos da minoria, daremos uma prova ao mundo que já somos adultos e que aprendemos muito com nossas próprias tragédias.