Um especialista português disse, referindo-se à educação de Portugal, que no futuro ninguém vai querer ser professor em seu país.
No futuro, segundo ele, todo professor será mal pago, mal visto e maltratado. E olhe que o professor português, se comparado com o nível salarial de seu colega brasileiro tem muito o que comemorar.
O professor brasileiro não padece apenas na questão salarial. O professor brasileiro sofre com a falta de estrutura das escolas. Assim fica muito difícil alcançar um nível de excelência.
Os números dos levantamentos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico no campo da educação são tão assustadores que não nos deixam dúvida quanto ao nosso futuro.
Segundo publicação d’O Estado de São Paulo, 52% dos brasileiros entre 25 e 64 anos não concluíram o ensino médio.
Outro problema brasileiro: o número de alunos com idade superior a 14 anos que abandonaram os estudos.
Entre 15 e 19 anos, 69% dos adolescentes e jovens estão matriculados numa escola. E, na faixa dos jovens de 20 a 24 anos, só 29% estudam.
Com relação ao acesso ao ensino superior, a pesquisa revela que somente 17% dos jovens com idade entre 24 e 34 anos conseguem ingressar no ensino superior.
Além disso, segundo o Estadão, as desigualdades regionais têm agravado a formação das novas gerações.
No Maranhão, que é o Estado com o menor Produto Interno Bruto per capita, somente 8% dos jovens adultos conseguem formar-se no ensino médio e ingressar no ensino superior.
No Distrito Federal, 33% dos brasileiros dessa faixa etária chegam à universidade.
O levantamento da OCDE aponta os efeitos trágicos da crise do nosso sistema educacional. Se no passado o ensino médio preparava os estudantes para o mercado de trabalho ou para o ingresso no ensino superior, atuando assim como instrumento de ascensão social. Hoje, em face da revolução tecnológica, ele oferece apenas o mínimo exigido para a vida numa sociedade moderna.
Por isso, ao impedir que os jovens e adolescentes possam aprender e explorar suas capacidades cognitivas, um ensino médio sucateado e de má qualidade nega-lhes a capacitação necessária para que possam desempenhar de modo competente uma atividade profissional.
Nega-lhes a possibilidade de se inserir no mercado formal de trabalho e de se emancipar econômica e culturalmente. Também dificulta a formação do capital humano de que o País necessita para a passagem a níveis mais sofisticados de produção. E ainda impede o Brasil de ocupar novos espaços no comércio mundial, diante de competidores que não medem esforços para investir seriamente em boa educação, ciência e tecnologia.
O Brasil jamais reverterá esse quadro se não se decidir a valorizar o professor. O professor é o começo, é o meio e o fim. Sem ele não há educação de qualidade.
Ou valorizamos nossos mestres ou trilharemos aquele caminho falado no início sobre o professor português: mal pago, mal visto e maltratado.