Paralisação será substituída por um ato dos servidores federais, marcado para começar às 8h, na praça do Fripisa
Uma assembleia geral realizada na última sexta-feira (18) pela Associação de Docentes da Universidade Federal do Piauí (ADUFPI) aprovou o indicativo de greve dos professores juntamente ao restante da categoria dos servidores federais, que articulam uma mobilização nacional em prol do reajuste salarial de 19,99%.
Entretanto, após deliberação com representantes da Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes-SN), ficou decidido que não haverá paralisação imediata nesta quarta-feira (23), como fora definido anteriormente.
De acordo com Juliana Teixeira, diretora de comunicação da ADUFPI, os servidores realizarão neste dia um ato, a partir das 8h, que terá como ponto de partida a praça do Fripisa, no Centro de Teresina. “Essa manifestação será organizada pelo Fórum Estadual pelos Direitos e Liberdades Democráticas e busca reforçar a necessidade da luta da nossa categoria, que está sem reajuste desde 2017 e com perdas salariais desde 2011”, afirmou em entrevista ao JT1 da Teresina FM.
Além do aumento salarial, a greve também tem outras demandas, tais como a revogação da Emenda Constitucional (EC) nº 95/2016, que estabeleceu o chamado “teto de gastos”, pelo período de 20 anos, nas despesas governamentais; e a recusa à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, que propõe uma reforma administrativa no serviço público federal.
“Acredito que o estopim ocorreu quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) sinalizou um reajuste para os policiais federais, inclusive reservando parte do orçamento da União, mas pediu apenas ‘compreensão’ aos demais servidores, que igualmente sofreram durante a pandemia e antes dela”, apontou a professora.
Juliana lembrou que, no início da crise sanitária, a aplicação do ensino remoto, embora rejeitado pela ampla maioria da comunidade acadêmica, foi necessária; dois anos depois, com a implementação gradual do sistema híbrido (EAD + presencial), a ADUFPI realiza uma pesquisa para demonstrar os impactos da pandemia na saúde mental dos professores, frequentemente acusados de “não fazerem nada”.
“Além disso, a atual situação orçamentária da universidade é crítica: estamos testemunhando cortes abruptos nas bolsas de pesquisa (graduação, mestrado, doutorado), demissão em massa de funcionários terceirizados, problemas na manutenção da estrutura… Todos esses aspectos acabaram camuflados pela preocupação com a pandemia”, denunciou.
Por fim, a diretora considerou que não somente os educadores são prejudicados diante desse cenário de negligência, mas também os alunos que frequentam a universidade e, sobretudo, os que ainda vão ingressar nela.
“Se somos uma sociedade que defende a educação de forma efetiva, precisamos valorizar as reivindicações da categoria docente. Muitos pensam que seus semestres serão afetados com a greve, mas é preciso raciocinar a longo prazo: qual ambiente universitário será legado às próximas gerações?”, completou.