São necessárias 27 assinaturas; três senadores tiraram os nomes
O número de senadores dispostos a apoiar a instalação da chamada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ministério da Educação (MEC) diminuiu, mas Marcelo Castro (MDB-PI), presidente da Comissão de Educação do Senado, promete insistir na proposta.
Para Castro, há indícios suficientes de crimes por parte dos dois pastores evangélicos Gilmar dos Santos e Arilton Moura, apontados como lobistas na gestão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Os dois, amigos do ex-gestor, teriam por várias vezes cobrado propina visando articularem a liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para prefeituras de todo o país.
“O próprio Ministério deu parecer dizendo que a compra de 3.850 ônibus seria no valor de R$ 1,3 bilhão. Quando chegou na diretoria correspondente, aumentaram para R$ 2 bilhões. A CGU, por sua vez, reforçou que o valor correto seria o inicial. Mesmo assim continuaram com a nova licitação. A salvação foi a reportagem do Estadão que revelou toda a extravagância e o sobrepreço, escandalizando o Brasil inteiro. Na véspera da licitação, o Ministério baixou o valor para R$ 1,5 bilhão. Isso é absolutamente inusitado, inaceitável”, declarou o senador.
Marcelo tratou do assunto nesta segunda-feira (11), durante evento de filiação do prefeito de Madeiro (PI), Pedro Filho (que pertencia ao Progressistas), ao MDB. A solenidade aconteceu na sede do partido no estado, zona Sudeste de Teresina.
A CPI já contava com o número de assinaturas necessárias, 27, para ser instalada, no entanto, como mostrou o Portal 360, nesta segunda, três parlamentares recuaram, supostamente por pressão do governo federal. Retiraram seus nomes da lista Weverton Rocha (PDT-MA), Styvenson Valentim (Podemos-RN) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).
A oposição passou a ventilar a ofensiva depois que a imprensa nacional divulgou um áudio comprometedor do ministro da Educação, Milton Ribeiro. Na gravação ele destaca que sua prioridade é “é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, e que isso “foi um pedido especial que o presidente da República [Jair Bolsonaro]” fez.
Como destacou o jornal Folha de S. Paulo, Milton se referia ao pastor Gilmar dos Santos, líder do Ministério Cristo para Todos, uma das igrejas evangélicas da Assembleia de Deus em Goiânia (GO).
Em audiência no Senado, na última terça-feira (5), três prefeitos garantiram que um pastor, que seria Arilton Moura, cobrava até ouro para conseguir liberar verbas no Ministério da Educação.
O prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga, foi um dos que acusou o evangélico de tentativa de corrupção. O gestor disse que, no dia 07 de abril do ano passado, participou de uma reunião do MEC em Brasília e que na oportunidade Moura, na presença de outros prefeitos, cobrou 1 kg de ouro em troca de conseguir recursos da Educação.