Associação dos Docentes não se opõe ao retorno das atividades, mas alerta para estrutura precária dos campi em todo o Piauí
As aulas presenciais na Universidade Estadual do Piauí (Uespi) retornaram nesta segunda-feira (18) após paralisação de dois anos em função da pandemia de Covid-19. Entretanto, a retomada das atividades ocorreu sob protestos da comunidade universitária, que considera a instituição incapaz de proporcionar um ambiente seguro e estruturado neste momento.
Para o professor Antônio Dias, coordenador de comunicação da Associação dos Docentes da Uespi (Adcesp), a sensação é um “misto de prazer e satisfação com tristeza e melancolia”. “Estávamos ansiosos por voltar aos espaços da universidade, afinal a formação é melhor e mais completa quando há interação física, contato olho no olho. No entanto, a Uespi continua claramente abandonada pelo poder público”, alegou em entrevista ao JT1 da Teresina FM nesta terça-feira (19).
O educador salientou que o sindicato dos docentes não se manifestou de forma contrária ao retorno presencial, mas destacou a influência negativa exercida pela pandemia na saúde mental dos alunos, bem como a estrutura precária da instituição.
“A Uespi não possui prédios próprios e os espaços cedidos não foram planejados originalmente para receber aulas. No campus de Picos, por exemplo, sequer há iluminação nas salas; aqui em Teresina, o Centro de Ciências da Saúde, na zona Centro-Sul, ficou com salas e auditório alagados devido às chuvas torrenciais”, denunciou.
Nesse sentido, o atual reitor Evandro Alberto prometeu, ainda em fevereiro, investir a quantia de R$ 15 milhões na infraestrutura da universidade. Entretanto, de acordo com Dias, o gestor teria se distanciado das demandas da comunidade acadêmica.
“Ele prometeu enviar o plano de biossegurança, fundamental para um retorno seguro, com antecedência, mas só viemos ter acesso ao projeto dez dias antes do início das aulas, sem nenhum tipo de discussão prévia”, apontou o professor.
Outro aspecto que reforça a negligência aplicada à Uespi é a enorme quantidade de disciplinas sem professores. Segundo Dias, mais de 500 matérias não possuem docentes listados para ministrá-las. O coordenador enfatizou ainda a crise vigente no sistema de transporte público, tanto na capital quanto no interior do estado, que dificulta a locomoção dos estudantes.
Apesar dos inúmeros problemas, o professor demonstra otimismo e esperança em reverter a situação. “Estamos presentes de Parnaíba a Corrente, de norte a sul do Piauí. Queremos fortalecer a universidade enquanto estivermos ocupando seus espaços”, finalizou.