A Academia Piauiense de Letras promoveu, neste sábado (03), no Cine Teatro da Assembleia Legislativa do Estado, o panegírico do acadêmico Jesualdo Cavalcanti Barros, falecido […]
A Academia Piauiense de Letras promoveu, neste sábado (03), no Cine Teatro da Assembleia Legislativa do Estado, o panegírico do acadêmico Jesualdo Cavalcanti Barros, falecido no dia 22 de fevereiro. Na ocasião, também foi lançado o livro ‘Tenho Dito, Artigos, Discursos e Ideias’, de sua autoria. A oração em homenagem a Jesualdo Cavalcanti Barros foi proferida pelo acadêmico e ex-governador Hugo Napoleão do Rego Neto.
“Jesualdo foi um dos grandes piauienses dos últimos tempos e certamente o grande homem do Gurgueia e dentro do Tribunal de Contas do Estado fez história. Então a Academia Piauiense de Letras vem prestar essa homenagem a Jesualdo Cavalcanti Barros lançando o seu livro dentro da Coleção Centenário da Academia, o que é uma honra”, disse o presidente da Academia Piauiense de Letras, Nelson Nery Costa.
O Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Kennedy Barros, deu início aos discursos em homenagem ao acadêmico Jesualdo Cavalcanti, enaltecendo o caráter conciliador do ex-parlamentar. “Ele antecipava que a solução para o Brasil não passava por este ou aquele presidente, mas por políticas públicas”, disse. Barros elencou ainda os feitos de Jesualdo no TCE. “Trabalhou pela transparência e norteou como devem funcionar os tribunais e a frente do TCE, Jesualdo já apostava no controle social, tornando o Tribunal de Contas um dos órgãos mais respeitados”, frisou.
Em seguida, o ex-governador e acadêmico da APL, Hugo Napoleão, fez um apanhado da trajetória política de Jesualdo Cavalcanti, sintetizando sua importância na defesa de uma sociedade mais justa e igualitária. Além disso, Hugo Napoleão relembrou que o ex-parlamentar foi secretário de cultura durante sua primeira gestão no Executivo. “Ele promoveu a sede da Academia Piauiense de Letras, também trouxe a obra de Petrônio Portella para o memorial da Assembleia; e foi indiscutivelmente o responsável por minha entrada na APL”, disse.
Representando a família do acadêmico, Marina Cavalcanti e Juliana Cavalcanti, fizeram um discurso emocionado sobre o pai. “Era alguém que olhava seu entorno, criticava e buscava fazer um mundo mais justo. Extremamente reto e de muita fé e fibra moldou o escritor que ele foi. Ele adotou essa profissão de escritor intensamente, ele permeou as páginas dos seus livros com os ideais que lutava e assim se tornou imortal”, disse Marina.
Juliana Cavalcanti disse que mesmo debilitado, o pai não deixava transparecer tristeza, e que mantinha sua alegria característica e espírito juvenil. “Meu pai era um homem de sonhos, de grandes projetos, sua vida foi marcada por desafios e procurava viabiliza-los. Meu pai era inquieto, cheio de planos, ideias e inovações, na sua essência era um jovem”, finalizou.
Prestigiaram o evento a esposa de Jesualdo Cavalcanti Barros, Maria do Socorro Rocha Cavalcanti e as filhas Juliana Rocha Cavalcanti Barros e Marina Rocha Cavalcanti Barros; o Conselheiro do TCE, Joaquim Kenedy Barros; o Presidente da OAB Piauí, Celso Barros Neto; o Deputado Federal Átila Lira; o Desembargador, Edvaldo Moura; 0 o Superintendente do Detran, Arão Lobão e o ex-governador Wilson Martins.
PERFIL de Jesualdo Cavalcante Barros
Jesualdo Cavalcanti Barros nasceu em Corrente (PI) no dia 18 de fevereiro de 1940, filho de Sebastião de Sousa Barros e de Iracema Cavalcanti Barros.
Iniciou a carreira política em outubro de 1962, quando se elegeu vereador em Teresina na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Tomou posse na Câmara Municipal em janeiro de 1963 e, logo após a vitória do movimento político-militar que depôs o presidente João Goulart (1961-1964), teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos com base no Ato Institucional nº 1, editado em 9 de abril de 1964.
Em 1966 formou-se pela Faculdade de Direito do Piauí, onde também exerceu liderança enquanto estudante. Fez pós-graduação em administração de empresas e direito público.
Em 1975 foi nomeado subsecretário da Indústria e do Comércio do estado, cargo que ocuparia durante todo o governo de Dirceu Arcoverde (1975-1978). Nesse período, foi também primeiro-secretário da diretoria do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (PI) (1976-1978).
No pleito de novembro de 1978, filiado à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação ao regime militar, elegeu-se deputado estadual, assumindo o cargo em fevereiro do ano seguinte. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979, e a consequente reorganização partidária, ingressou no Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Arena, e nessa legenda se reelegeu em novembro de 1982. Licenciou-se em março do ano seguinte para ocupar a Secretaria Estadual de Cultura, Desportos e Turismo, no governo de Hugo Napoleão (1983-1986) e, ao mesmo tempo, a presidência da Fundação Cultural do Piauí.
Em novembro de 1986 elegeu-se deputado federal constituinte, já na legenda do Partido da Frente Liberal (PFL). Instalada a Assembleia Nacional Constituinte em fevereiro de 1987, tornou-se titular da Subcomissão do Poder Legislativo, da Comissão da Organização dos Poderes e Sistema de Governo, e suplente da Subcomissão da Nacionalidade, da Soberania e das Relações Internacionais, da Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher. Participou também da Comissão de Sistematização.
Nas principais votações da Constituinte, foi a favor da limitação dos encargos da dívida externa, do mandado de segurança coletivo, do voto aos 16 anos, do presidencialismo, do mandato de cinco anos para o então presidente da República José Sarney, da nacionalização do subsolo, do limite de 12% ao ano para juros reais, da proibição do comércio de sangue, da criação de um fundo de apoio à reforma agrária, da anistia aos micro e pequenos empresários, da jornada de trabalho de 40 horas semanais, do aviso prévio proporcional e da unicidade sindical. Votou contra o aborto, a desapropriação da propriedade produtiva, a demissão sem justa causa, a pluralidade sindical e a legalização do jogo do bicho. Absteve-se no tocante à limitação do direito de propriedade e à remuneração 50% superior para o trabalho extra.
Com a promulgação da Constituição em 5 de outubro de 1988, passou a exercer o mandato ordinário. Em outubro de 1990 foi eleito deputado estadual no Piauí na legenda do PFL. Deixando a Câmara ao final de 1991, retornou à Assembléia Legislativa do Piauí, cuja presidência exerceu por dois anos. Assumiu também, em 1991, a presidência regional do PFL.
Em 1994 renunciou ao mandato e tomou posse como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, que presidiu de 1995 a 1998. Em março de 2002 aposentou-se, passando a dedicar-se a pesquisas sobre a história do Piauí e ao movimento pela criação do estado do Gurguéia. Em 2005 tornou-se presidente do Centro de Estudos e Debates do Gurguéia (Cedeg).
Casou-se com Maria do Perpétuo Socorro Rocha Cavalcanti Barros e teve três filhos.
Publicou Tempo de cultura (1985), O estado do Gurguéia e outros temas (1995), Notícia do Gurguéia (2002), Tempo de tribunal (2003), Memória dos Confins (2005) e Tempo de contar (2006).