Queda do valor pela metade foi acertada em negociação entre reitor da instituição e o ministro da Casa Civil
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) anunciou, em maio deste ano, um bloqueio orçamentário de cerca de R$ 15,5 milhões imposto pelo governo federal. Em nota divulgada à imprensa, a instituição informou que atuava juntamente à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e parlamentares da bancada federal para normalizar a situação.
De acordo com Ricardo Alaggio, diretor de gestão de recursos da UFPI, não é apropriado chamar o bloqueio de “corte”, uma vez que a medida se caracteriza como uma “suspensão temporária” do desembolso financeiro do Ministério da Educação (MEC).
“Todas as instituições federais de ensino foram atingidas, não é a primeira vez que acontece. Passamos pela mesma experiência nos últimos três anos. Nossa preocupação maior é com a contínua diminuição das verbas orçamentárias da universidade, afetadas desde 2017 com a promulgação da lei do teto de gastos”, afirmou ao JT1 da Teresina FM nesta quarta-feira (15).
Nesse sentido, Alaggio destacou uma reunião entre o reitor Gildásio Guedes e o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (Progressistas), ocorrida na semana passada, durante a qual se costurou uma negociação que garantiu a queda do bloqueio pela metade. Agora, a quantia contingenciada representa apenas R$ 7 milhões.
“Esse valor está abaixo do custeio necessário para um mês de funcionamento na universidade. Além disso, recebemos recursos para financiar os cursos de pós-graduação. Dessa forma, o bloqueio só se tornará maléfico caso perdure por mais dois meses”, salientou.
Diante do retorno às aulas presenciais, marcado para a próxima segunda-feira (20), o diretor assegurou que a UFPI não realizará cortes de pessoal, mas irá priorizar contratações, sobretudo para as áreas de limpeza e segurança interna e externa.
“Estamos parados há dois anos, então precisamos contratar mais funcionários. Lembro que no ano passado, em função do corte orçamentário de 18%, tivemos de recorrer à demissão em massa. Nossa expectativa é de que o bloqueio atual acabe no máximo em agosto”, considerou.
Segundo Alaggio, a maior despesa da universidade diz respeito ao pagamento de pessoal, que corresponde a 80% do orçamento. Desde 2020, com o advento da pandemia de Covid-19, a UFPI perdeu cerca de 20% a 30% de recursos, enquanto o custeio total da instituição está avaliado na casa dos R$ 100 milhões.
“Contamos com R$ 2,5 milhões para investimentos, uma quantia irrisória. Mesmo assim evitamos mexer com as bolsas de assistência comunitária e de pós-graduação, extremamente importantes para a comunidade acadêmica, e também temos priorizado o funcionamento do Restaurante Universitário (RU), que retomou suas atividades há quase três meses”, completou.