Marcondes Brito concedeu entrevista ao JT2 da Teresina FM
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Piauí registrou um aumento na taxa de homicídios dolosos: em 2021, 736 pessoas foram assassinadas, enquanto 659 sofreram esse tipo de crime em 2020. Os dados foram divulgados na terça-feira (28) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Tendo como um dos objetivos melhorar os indicadores de segurança pública do Piauí, o governo estadual vai nomear, no dia 4 de julho, 176 agentes concursados da Polícia Civil da turma de 2018. A decisão foi tomada após reuniões entre a governadora Regina Sousa (PT) e secretariado.
No entanto, o especialista em Segurança Pública, Marcondes Brito, em entrevista ao Jornal da Teresina 2º edição, nesta quinta-feira (30), frisou que a segurança “não é só uma questão de polícia”. Para ele, é necessário intervenções com políticas públicas.
De acordo com ele, é fundamental, também, investir atenção nos presídios e periferias, locais onde jovens são atraídos para as facções criminosas. Além disso, o especialista acrescenta que a Segurança deveria ter planos e estratégias para a contenção do crime, que é alimentado pela impunidade.
Segundo Marcondes, a partir de 2018 houve mudanças na dinâmica criminal nacional. “O Piauí é um dos estados estratégicos para o tráfico internacional de drogas […] Está acontecendo um conjunto de coisas que a gente não via antigamente”, afirmou.
Ele destaca que, aproximadamente, cinco grupos criminosos estão disputando poder no Piauí. Por outro lado, o estado tem o menor contingente de policiais do Brasil. “São apenas 6.000 polícias militares. E menos de 1.700 policiais civis. Quase metade disso está em Teresina. Você tem um conjunto de quase 223 municípios que ficam descobertos”, pontuou.
O entrevistado explica que quando as facções passam a disputar os espólios do tráfico, os homicídios tendem a crescer. O que, para ele, é o principal problema. “Existe um conjunto de ações e reações. Ora, se o grupo tá disputando, primeiro ele ocupa o território e depois começa a manutenção deste local com a divulgação dos códigos de conduta”, disse.
Marcondes reitera que o plano de segurança do Piauí, criado entre 2015 e 2017, ignora essas dinâmicas. “Não olha para a crescente dos homicídios e não olha também para a “capilarização” desses grupos, apesar de haver trabalhos apontando para isso”, asseverou.
O especialista garante que não existem respostas simples para problemas tão complexos. Conforme Marcondes, é possível fazer algumas reflexões. “Se um grupo está se capilarizando, se organizando e ocupando mais espaços rapidamente, é essencial uma estratégia imediata de contenção”, assegurou.
Por fim, ele afirma que a Secretaria de Segurança Pública não dispõe desses métodos. Como resposta, a polícia tem feito diversas operações. Apesar disso, as ações, que têm uma resposta mais imediata, têm um resultado a curto prazo.