Obstetra afirmou ainda que os conselhos federal e regionais de medicina devem “fiscalizar” e não “proteger agressores”
O atendimento às gestantes durante o parto ganhou destaque no debate público após o caso de um médico anestesista que abusou sexualmente de uma mulher grávida em plena cesariana, no Rio de Janeiro, há uma semana.
Para o médico obstetra Jailson Costa, a formação desses profissionais visa cuidar de pessoas e oferecer assistência “de qualidade” e “respeitosa” às famílias das mulheres atendidas.
“É lamentável que um indivíduo travestido de médico tenha cometido essa barbaridade”, afirmou ao JT1 da Teresina FM nesta segunda-feira (18).
Costa explicou que há realidades distintas nas redes pública e particular de saúde. A primeira conta com um formato exclusivo de plantão, ao qual o acesso do público deve ser livre, gratuito e integral; já a segunda possui regramentos e normativas próprias, geralmente vinculadas aos convênios.
“As pacientes podem escolher serem atendidas pelos obstetras de plantão ou pelos profissionais que as acompanharam durante o pré-natal. Os plantonistas se revezam durante 24 horas, enquanto os pré-natalistas firmam acordos prévios com as gestantes nos consultórios”, diferenciou.
Em relação ao pré-natal, Costa ressaltou que, nas consultas, as mulheres devem ser esclarecidas sobre as possíveis sobre as possíveis complicações que podem acontecer no trabalho de parto.
“Caso haja um sangramento incontrolável, por exemplo, podemos decidir, durante o ato cirúrgico, realizar uma histerectomia de urgência, ou seja, retirar o útero para salvar a vida da gestante. Devemos fazer o que deve ser feito, de forma adequada, e comunicar tanto a paciente quanto seus familiares”, destacou.
O entrevistado apontou ainda que o termo “violência obstétrica”, embora rejeitado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que o entende como “pejorativo”, representa o desrespeito cometido não somente pelos médicos, mas por qualquer funcionário do ambiente hospitalar, para com as vítimas.
“Acredito que o acesso à informação e a possibilidade de externar questões conflituosas que possam configurar abusos têm facilitado bastante as denúncias de condutas ilícitas nos hospitais. O CFM e os conselhos regionais não foram criados para proteger os médicos, mas para fiscalizar o exercício adequado da profissão”, concluiu.