O escritor amazonense José Augusto Branco disse certa vez que
no saber ouvir e saber calar consiste o supremo valor do silêncio.
É verdade.
Ouvir, silenciar, pensar, falar, silenciar e pensar outra vez, como diz ele, evitaria muita coisa dita em vão.
Por falar apenas e pouco pensar, pessoas cometem erros difíceis de reparar depois.
E por ouvir tanto menos do que pensam, piores erros cometem ainda…
Saber calar é importante, muito importante mesmo.
Na Bíblia há o registro de que o falar é de prata, mas o silêncio é de ouro.
Longe da palavra sagrada diz-se por aqui que é melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida.
O silêncio é um amigo que nunca trai.
Razão quem tem mesmo é Confúcio, o grande sábio chinês, ainda nos anos 500 Antes de Cristo. Ele dizia àquela época que se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo.
O silêncio é um amigo que nunca trai.
A propósito, vem a calhar uma história contada mundo a fora e que ao longo de séculos vem passando de geração de geração como exemplo da importância do silencio.
Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso.
Algum tempo depois, descobriram que o homem era inocente. O vizinho era inocente.
O rapaz foi solto e, após muito sofrimento e humilhação, processou o vizinho que o chamara de ladrão.
No tribunal, o vizinho disse ao juiz:
– Meritíssimo, comentários não causam tanto mal assim…
E o juiz respondeu:
– Escreva os comentários que você fez sobre seu vizinho num papel. Depois pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir a sentença!
O vizinho obedeceu e voltou no dia seguinte.
O juiz disse:
– Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem!
– Mas não posso fazer isso, meritíssimo! – respondeu o homem assustado.
. O vento deve tê-los espalhado por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão!
Ao que o juiz respondeu:
– Da mesma maneira, um simples comentário que pode destruir a honra de um homem, espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado.
Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada! Sejamos, pois, senhores de nossa língua, para não sermos escravos de nossas palavras.