25/11/2024

Chico Leal

O Homem É

15 de julho de 2020

Homens, vamos festejar. Hoje é o nosso dia, hoje é o Dia do Homem.

É uma data sem muito glamour, é verdade, bem diferente do Dia da Mulher, mas fazer o quê, se o homem não é muito ligado nessas coisas?

Clarice Lispector, uma das grandes figuras da literatura nacional, certa vez resolveu escrever sobre o homem. Colocou lá:

Como o homem é simpático. Ainda bem.

O homem é a nossa fonte de inspiração? É.

O homem é o nosso desafio? É.

O homem é o nosso inimigo? É.

O homem é o nosso rival estimulante? É.

O homem é o nosso igual ao mesmo tempo inteiramente diferente? É.

O homem é bonito? É. O homem é engraçado? É. O homem é um menino? É.

O homem também é um pai? É. Nós brigamos com o homem? Brigamos. Nós não podemos passar sem o homem com quem brigamos? Não, não podemos.

 Nós somos interessantes porque o homem gosta de mulher interessante? Somos.

O homem é a pessoa com quem temos o diálogo mais importante? É. O homem é um chato? Também.

Nós gostamos de ser chateadas pelo homem? Gostamos.

Poderia continuar com esta lista interminável até meu diretor mandar parar. Mas acho que ninguém mais me mandaria parar. Pois penso que toquei num ponto nevrálgico. E, sendo um ponto nevrálgico, como o homem nos dói. E como a mulher dói no homem.

As Sagradas Escrituras registram que Deus  criou o homem à sua imagem e semelhança, mas, mesmo assim, não nos considerou seres perfeitos.

Ao analisar mais profundamente sua obra no último dia de criação, Deus considerou o homem apenas bom.

Sem dúvida, uma mostra da sabedoria divina.

Se como bom o homem já faz o que faz, imaginem se Deus nos tivesse classificados como perfeitos.

O destroço com certeza seria ainda maior.

Nos dias atuais, uma das primeiras providências do ser humano é exatamente esquecer seu criador.

E a isso ai dá-se o nome de ingratidão. Ingratidão é uma coisa muito triste, mas o homem não tá nem aí.

O homem atual quer se dar bem, não importa como.

O homem atual não quer deixar exemplos para os filhos, quer deixar riquezas, nem que essas riquezas tenham sido conquistadas à custa da pobreza, da miséria e do sangue de outros.

Não à toa, nos ensinam diariamente que onde o homem não chega tudo é puro. Tudo é medida, ritmo, concordância, tudo é claro e auroral.

O poema talvez esteja a retratar exatamente este momento que estamos vivendo.

Mas não custa lembrar, mais uma vez, que nascemos apenas bons, perfeitos não.

Volta por cima

14 de julho de 2020

O Ceará, nosso vizinho estado, como todos sabem, foi duramente castigado pelo coronavirus.

Por lá morreram 6.869 pessoas até agora. Só na capital, Fortaleza, foram até este momento 3.498 vitimas fatais.

Nem parece.

O Ceará não parou.

Segundo o jornal Diário do Nordeste, a indústria de Fortaleza tem cumprido todos os protocolos estabelecidos pelas autoridades sanitárias do Governo do Estado.

Um exemplo disso são os canteiros de obras das empresas da construção civil, setor que no Ceará, como em todo o País, lidera a geração de emprego.

Nos canteiros os operários cumprem rígido ritual que não se restringe ao uso da máscara nem do álcool em gel, mas obedece às regras do distanciamento e à constante higiene das mãos.

Mais ainda: a mão de obra das empresas construtoras está recebendo, quando necessário, atendimento médico remoto, boa novidade que a tecnologia colocou à disposição das empresas.

No varejo, observa-se, também, semelhante obediência aos protocolos das autoridades da Saúde, o que é também uma prova de que, pelo menos na Região Metropolitana, onde quase todas as atividades econômicas foram liberadas e o reencontro da oferta com a procura vem acontecendo sem maiores sobressaltos.

Um modelo de fiel cumprimento à Lei estadual têm dado as redes de supermercados, que, além do protocolo oficial, seguido à risca, impuseram regras próprias, que variam conforme o estabelecimento, mas convergem para um objetivo comum: evitar a propagação da Covid-19. Desde a explosão da pandemia, o varejo supermercadista funciona sem embargo, a não ser o que o protocolo sanitário define.

Os supermercados não registram nenhum óbito entre funcionários, e os que se infectaram foram tratados e curados em casa, retornando ao serviço depois de restabelecidos.

O número de novos casos de contaminados, reduz-se em boa velocidade, demonstrando que o isolamento social fez e segue fazendo bem à população, principalmente a de maior risco, como a de idosos.

Ainda faltam reabrir – além daqueles estabelecimentos do setor de serviço, incluindo o turismo – os templos religiosos, que naturalmente causam aglomerações, razão pela qual terão o reencontro com seus fiéis na segunda semana de agosto, quando se espera que o pior da pandemia já terá passado.

A economia cearense – a brasileira como um todo – foi duramente castigada nos últimos três meses pela interdição da atividade econômica, mas começa a reagir. Neste mês de julho, ela já deverá apresentar percentuais positivos em relação aos 90 dias anteriores.

As receitas tributárias do Governo do Estado e da Prefeitura de Fortaleza iniciam curva de crescimento, e tanto é verdade que os dois entes já anunciaram o pagamento da primeira parcela do 13º salário.

Como acontece após as tempestades, o remanso parece estar aproximando-se.

Aviso aos navegantes: copiar o que é bom não é feio.

Feio é cruzar os braços e desistir da luta.

Fica o recado.

Aos sobreviventes

13 de julho de 2020

O escritor Machado de Assis dizia que não há mal que não traga um pouco de bem, e por isso é que o mal é útil, muita vez indispensável, alguma vez delicioso.

É mais ou menos aquele dito popular, derivado de um dito português, de que não há mal que não traga um bem.

Mas é verdade também que não há mal que dure para sempre. Um dia ele vai embora.

É o caso do coronavírus, que continua a fazer vítimas entre nós – muitas e muitas vítimas – mas que um dia também irá embora.

Aos que vão sobreviver a mais esta peste ficará a responsabilidade de limpar o terreno, ou limpar a área, como costumamos falar.

A cada um dos sobreviventes caberá também a responsabilidade pelo futuro deste estado dito tão rico, tão cheio de riquezas e de um povo maravilhoso, mesmo que acomodado aos parcos recursos do programa Bolsa Família.

Com o mal temos que aprender fazer o bem. Durante muitos anos estamos sendo enganados com o discurso de que a Saúde do Piauí é uma referência para o Nordeste e para o Brasil. Esqueceram apenas de falar que nossa saúde de excelência é só para quem tem dinheiro e tratamento privado.

Pobre Nordeste, pobre Brasil!

Durante anos ouvimos dizer que o interior do Piauí dispunha de hospitais equipados para garantir o tratamento de sua população.

Durante décadas ouvimos falar de avanços e mais avanços.

O coronavirus foi suficiente para desmontar tudo isso em questão de dias. Num jargão bem popular, podemos afirmar que a casa caiu. Caiu e caiu de forma feia, sem direito a explicações e justificativas convincentes.

O Piauí não tinha e ainda hoje não tem em seu interior uma rede hospitalar digna desse nome.

Sem Teresina, a bem da verdade, o Piauí já teria sucumbido de vez à peste. Sem dó nem piedade.

Sobreviventes do coronavirus!

Aprendam com as lições do mal e abram caminhos para o bem, abram caminhos para um futuro de verdades, sepultem de vez a mentira.

O exemplo da saúde – não se enganem – certamente serve para diversos outros setores tão cantados em prosa e verso pelos que se iludem – ou fingem se iludir – por um contracheque oficial.

O Piauí realmente não é, nem de longe, essa maravilha que alguns tentam nos mostrar. Não é mesmo.

O Piauí certamente tem suas potencialidades, que  nunca foram exploradas. Até agora serviram apenas para criar a expectativa de um futuro promissor.

Que, pelo visto, ainda está muito distante.

O sonho

10 de julho de 2020

Um dia uma criança chegou diante de um pensador e perguntou-lhe:

– Que tamanho tem o universo? Acariciando a cabeça da criança, ele olhou para o infinito e respondeu:

– O universo tem o tamanho do seu mundo.

Perturbada, a criança novamente indagou:

– Que tamanho tem meu mundo?.

O pensador respondeu:

– Tem o tamanho dos seus sonhos.

Se seus sonhos são pequenos, sua visão será pequena, suas metas serão limitadas, seus alvos serão diminutos, sua estrada será estreita, sua capacidade de suportar as tormentas será frágil.

Os sonhos regam a existência com sentido.

Se seus sonhos são frágeis, sua comida não terá sabor, suas primaveras não terão flores, suas manhãs não terão orvalho, sua emoção não terá romance.

A presença dos sonhos transforma os miseráveis em reis, faz jovens os idosos.

A ausência dos sonhos, no entanto, transforma milionários em mendigos, faz dos jovens idosos.

Os sonhos trazem saúde para a emoção, equipam o frágil para ser autor da sua história, fazem os tímidos terem golpes de ousadia e os derrotados serem construtores de oportunidades.

O sonho – ensinam os especialistas –  faz bem à saúde, ajuda no bem estar das pessoas.

E se sonhar faz bem, Vamos sonhar.

Vamos sonhar sem necessidade de economizar. Vamos sonhar a vontade.

Vamos sonhar que o Brasil, apesar de tudo, ainda tem jeito.

Vamos sonhar que o Piauí, apesar de tudo, ainda tem jeito.

Vamos sonhar que tudo isso de ruim que está acontecendo foi apenas um pesadelo de verão, um pesadelo passageiro, que está chegando ao seu final.

Um pesadelo que está chegando ao seu ocaso rodeado de desesperanças e decepções.

A própria psiquiatria nos ensina que vivemos de sonhos, de devaneios, de expectativas e desejos.

Os sonhos são o combustível da vida. São eles que contribuem para manter em alta a nossa motivação, apesar dos inúmeros desafios.

Desafios que existem para serem enfrentados e vencidos.

Vamos sonhar.

Vamos sonhar vencendo todos esses desafios, um a um.

Vamos sonhar, mas não podemos esquecer de um detalhe muito importante: para sonhar temos que dormir, mas para realizar o sonho precisamos acordar.

Precisamos acordar e ver a realidade em nossa volta.

O sonho é um motivador, mas para realizá-lo precisamos estar bem acordados, com olhos bem abertos.

Sonhar é bom para a saúde, mas para tornar esse sonho realidade precisamos aproveitar as oportunidades.

Precisamos aproveitar todas as oportunidades.

Ao mestre, com carinho!

9 de julho de 2020

 Quem pagará o enterro e as flores

Se eu me morrer de amores?

Quem, dentre amigos, tão amigo

Para estar no caixão comigo?

A Opinião desta quinta-feira é dedicada a Vinicius de Moraes, grande nome da cultura brasileira.

São exatamente 40 anos de sua morte, se é que se pode afirmar que ele realmente morreu, pois há sempre quem diga que um poeta não morre nunca, viverá para sempre.

Quem, em meio ao funeral

Dirá de mim: — Nunca fez mal…

Quem, bêbado, chorará em voz alta

De não me ter trazido nada?

Quem virá despetalar pétalas

No meu túmulo de poeta?

 

É verdade verdadeira. O poeta não morre. Então, se é assim, Vinicius continua aqui entre nós, mais vivo do que nunca;

 

Quem me dirá palavras mágicas

Capazes de empalidecer o mármore?

Quem, oculta em véus escuros

Se crucificará nos muros?

Quem, macerada de desgosto

Sorrirá: — Rei morto, rei posto…

 

Quantos, os maxilares contraídos

O sangue a pulsar nas cicatrizes

Dirão: — Foi um doido amigo…

Quem, criança, olhando a terra

Ao ver movimentar-se um verme

Observará um ar de critério?

Quem, em circunstância oficial

Há de propor meu pedestal?

O poeta é como sua obra, a poesia. Poeta e poesia são imortais. Ele pode até partir fisicamente, mas a sua poesia fica na nossa alma até seguirmos o mesmo caminho.

Outros virão:

Quais os que, vindos da montanha

Terão circunspecção tamanha

Que eu hei de rir branco de cal?

Qual a que, o rosto sulcado de vento

Lançara um punhado de sal

Na minha cova de cimento?

Quem cantará canções de amigo

No dia do meu funeral?

Qual a que não estará presente

Por motivo circunstancial?

Poeta é sempre poeta… Não morre nunca.

Distancia-se talvez de um tempo vivido.

E permanece nos sonhos dos outros.

Cutucando a alma através das palavras…

 

Quem cravará no seio duro

Uma lâmina enferrujada?

Quem, em seu verbo inconsútil

Há de orar: — Deus o tenha em sua guarda.

Qual o amigo que a sós consigo

Pensará: — Não há de ser nada…

Quem será a estranha figura

A um tronco de árvore encostada

Com um olhar frio e um ar de dúvida?

Quem se abraçará comigo

 

O material do poeta é a vida, por isso  parece que a poesia é a mais humilde das artes, diz o próprio Vinicius de Moraes.

 

A morte vem de longe

Do fundo dos céus/

Vem para os meus olhos

Virá para os teus/

Desce das estrelas

Chega impressentida/

Nunca inesperada

Ela que é na vida

A grande esperada! /

A desesperada

Do amor fratricida /

Dos homens, ai! dos homens

Que matam a morte

Por medo da vida./

Vinícius de Moraes vive, definitivamente, Vinícius vive!

O povo tem fome

8 de julho de 2020

Aeroporto de Teresina, 8 de julho de 1980.

Já são passados 40 anos desta data, o principal personagem da história já morreu e virou santo.

O tempo, dizem, é rápido que só o vento, é rápido como a luz. O tempo passa num piscar de olhos. O hoje é o amanhã de ontem. O hoje será o amanhã de ontem.

O tempo pode ser tudo isso, pode ser até mais do que isso.

Mas, se o tempo passa com tanta rapidez, a saudade fica para sempre.

Saudade, nos ensinam, é o que fica daquilo que partiu, daquilo que já não é mais.

Saudade é ausência, é o sentimento de vazio que fica daquilo que se foi.

Às vezes a saudade é um vazio tão grande que ocupa muito espaço dentro do coração, e aperta tanto o peito que acaba transbordando e escorrendo pelos olhos.

Se sentimos saudades de algo ou de alguém é porque o objeto da saudade nos trouxe felicidade, foi algo ou alguém que amamos. Por isso a saudade dói.

A saudade é a insistência da memória de manter vivo, presente e perto de nós o que já não temos.

A saudade faz o ponto final virar uma vírgula na vida.

Por isso os que viveram o 8 de  julho de 1980, não o esquecem.

Foi neste dia que o papa João Paulo II esteve em Teresina para denunciar a fome de nosso povo.

Ficou a saudade.

Ficou a saudade de um dia de poucas horas. Poucas horas, realmente, mas para nós piauienses, uma eternidade.

João Paulo II foi um papa peregrino, foi um líder que soube ir ao encontro do seu povo mundo afora.

– Pai, o povo tem fome!

– Pai Nosso, o seu povo passa fome!

Uma faixa rapidamente estendida e rapidamente tomada pela polícia ganhou o mundo inteiro.

No Brasil da ditadura militar o povo não tinha o que comer, passava fome.

O Piauí teve coragem de expor sua fome e o Papa levou-a mundo afora.

Graças a um papa colocamos para fora todos os nossos vexames. Esse sim foi um líder.

O líder é aquele que sabe tomar iniciativa,  o líder sabe representar seus liderados.

O líder não pode ter medo de se expor,  tem que possuir um forte senso de justiça e deve estar sempre pronto para ajudar e à disposição para ouvir o que os outros têm a dizer.

João Paulo II foi assim.

Não à toa ganhou respeito em todo o mundo.

Foi um homem de paz, porém duro quando necessário.

Embora nossa fome ainda seja uma triste realidade, o Piauí será eternamente grato a este homem.

Seu grito, afinal, ainda hoje ecoa nos ouvidos do mundo.

Pai, o Piauí tem fome!

Maldade humana 

7 de julho de 2020

Dizem que a maldade é um tipo de correspondência que acaba sempre voltando para o remetente.

A maldade humana é uma coisa que sempre nos surpreende. Por mais que algo possa ser ruim, sempre existirá alguém com capacidade de fazer ficar pior.

A maldade humana é uma coisa que ainda não se encontrou o seu limite.

Alguém já definiu a maldade humana como um abismo com forte poder de magnetismo, que arrasta a pessoa para o inferno dentro de si mesma. Um vácuo de sentimentos que toma conta de pensamentos mórbidos e que tem como objetivo atos insanos, atos repugnantes e doentios desprovidos de qualquer sensibilidade. 

Como escreveu o laureado escritor português José Saramago, é evidente que  a maldade, a crueldade, são inventos da razão humana, da sua capacidade para mentir e para destruir.

O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas covardias do cotidiano, tudo isso contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver do mundo o que, em cada momento, for suscetível de servir aos seus interesses.

Thomas Hobes, um filósofo, teórico político e matemático inglês, considerado um dos principais expoentes da Filosofia Política, diz que o homem é essencialmente mau.

O motorista que estaciona o carro em local proibido, que tranca o cruzamento e atrapalha o trânsito é uma pessoa má. Daí a conclusão de que o homem, na sua essência, não é um ser do bem.

Como pode ser do bem uma criatura que se apropria do dinheiro público destinado a salvar vidas e usa esse mesmo dinheiro em seu próprio benefício?

Essa pessoa não pode ser do bem, naturalmente.

Como pode ser do bem o homem que falsifica medicamentos que prolongam a vida de pessoas acometidas pelo câncer? Impossível atribuir alguma bondade a alguém que comete tal crime.

O poeta brasileiro Mário Quintana, considera que no fundo, não há bons nem maus. Há apenas os que sentem prazer em fazer o bem e os que sentem prazer em fazer o mal. Tudo é volúpia.

Cícero, o romano, advogado que viveu antes de Cristo, considerava que os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons.

A verdade é que o mundo inteiro vai continuar discutindo a bondade e a maldade humana.

E assim a vida vai seguindo em frente. Bons e maus se misturam e nos criam essas dúvidas cruéis.

As vezes nos levando a acreditar em José de Paiva Neto, da Legião da Boa Vontade, para quem não há regime bom enquanto o Homem for mau.

Bem vindo às ruas

6 de julho de 2020

Se 1968 foi o ano que não acabou, no dizer de Zuenir Ventura, 2020 pode ser considerado o ano que não existiu.

E por não existir, 2020 foi o ano que mais nos empurrou para baixo; foi até agora o ano que mais nos angustiou. E não apenas nos angustiou: foi o ano que mais nos trouxe mortes e com isso o que mais nos enlutou.

Difícil hoje não ter um amigo, um conhecido, que não tenha morrido contaminado pelo coronavírus. Impossível até.

Mas depois de mais de cem dias em casa, isolado, está chegando a hora do grande passo.

Está chegando o momento decisivo.

Está chegando aquele momento em que mais uma vez a população piauiense é chamada a assumir a responsabilidade pelo seu próprio destino e pelo seu próprio futuro.

As portas que se abrem nesta segunda-feira só continuarão abertas se a população compreender que estamos apenas no inicio de um processo de transição, processo este que necessariamente possui etapas.

Etapas essas que terão de ser obedecidas à risca, sob pena de um violento recuo por tempo indeterminado.

É importante essa compreensão popular.

Essa compreensão será decisiva para a empreitada, afinal, do sucesso deste primeiro passo dependerá o restante da caminhada.

A todos os que obedeceram ao chamado para um fique em casa tão demorado é preciso muito cuidado.

Que a ânsia pela liberdade conquistada nesse dia não nos leve de volta à prisão domiciliar da qual estamos sendo libertados neste momento.

Controle seus impulsos – impulsos naturais – e siga as orientações de higiene pessoal e distanciamento dos demais.

Gestos simples como lavar as mãos, usar álcool em gel e manter o distanciamento social não vão apenas salvar sua vida, vão salvar a vida de todos nós.

Ainda não chegou a hora de satisfazer todas as nossas vontades, devemos atentar bem para isso.

Para o abraço e para os beijos tão esperados ainda não chegou a hora. Mas vai chegar.

Vai chegar se nosso comportamento nas ruas a partir desta segunda-feira for mais prudente, for bem diferente do que estamos acostumados a praticar.

Vamos, saiam, mas comportem-se!

E que Deus nos proteja!

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