“O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar.”
Milton Nascimento.
Hoje é dia de despedidas na Teresina FM.
Despedir-se deveria ser um ato normal na vida das pessoas, já que a vida nada mais é do que um constante vai e vem, nada mais é do que idas e vindas.
Despedir-se, portanto, deveria ser apenas uma rotina.
Mas todos nós sabemos que não é bem assim. Se despedir de alguém é muito difícil.
Principalmente quando o alguém a quem se diz adeus chama-se Licia Assunção.
Lícia está nos deixando, coisa inimaginável, até mesmo para nós.
A talentosa e competente jornalista Lícia Assunção, a quem acostumamos a ouvir nas manhãs da Teresina FM, parte em busca de novos sonhos, novos projetos, em São Paulo.
Na verdade Lícia segue os chamados de seu coração de mulher apaixonada.
E o amor, como os poetas bem sabem, não admite recusa. O amor tem pressa. Cobra o agora, cobra o presente: Ninguém consegue conter esta estranha força chamada amor. Ninguém consegue deter a força do amor. É simplesmente impossível.
Quem ama bem o sabe.
Lícia assunção é uma amiga de todas as horas. Firme como uma rocha quando preciso. Meiga e simples como cidadã conhecedora de seus direitos e deveres.
Daí a dificuldade da despedida. Despedida que não deveria existir, afinal somos todos amigos.
A força dessa amizade mútua tem vencido todas as diferenças.
Aliás, para que diferenças se somos amigos?
Quando erramos nos perdoamos e esquecemos.
Se temos defeitos… Não nos importamos.
Trocamos segredos e respeitamos as divergências.
Nas horas incertas sempre chegamos na hora certa.
Nos amparamos e nos defendemos…
Sem pedir.
Nos mostramos amigos de verdade quando dizemos o que temos a dizer.
Estamos sempre presentes, não só nos momentos de alegria, compartilhando prazeres, mas principalmente nos momentos mais difíceis.
O poeta – Ah! sempre ele, sempre o poeta – talvez seja o único ser humano do universo a conseguir definir uma amizade.
E costumo recorrer a eles sempre que preciso.
A amizade é um amor que nunca morre.
A amizade é uma virtude que muitos sabem que existe, alguns descobrem, mas nem todos reconhecem.
Para uma amizade sincera o esquecimento é impossível.
A confiança, tal como a arte, não deriva de termos resposta para tudo, mas de estarmos abertos a todas as perguntas.
A dor alimenta a coragem.
Você não pode ser corajoso se só acontecem coisas maravilhosas ao seu lado. Daí o ter que seguir em frente.
Nunca esqueça Lícia: A esperança é um empréstimo pedido à felicidade.
A felicidade não é um prêmio, é uma consequência.
A felicidade não está no fim da jornada, mas em cada curva do caminho que percorremos para encontrá-la.
Não devemos esquecer que a glória da amizade não é a mão estendida, não é o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia.
A glória da amizade é a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você.
Vai colega Lícia Assunção.
Vai com a certeza de que cumpristes bem a sua missão aqui na Teresina FM. E como cumpristes.
Vai brilhar em outros palcos. Talento você tem de sobra.
Seja feliz em busca da sua felicidade.
Vai Lícia.
Vai em busca do teu amor e de ma vida nova.
Vai com a certeza de que aqui será sempre a nossa estrela das manhãs.
Érico Veríssimo, grande escritor brasileiro nascido no Rio Grande do Sul, disse certa vez que o amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão…
Amor e ódio são sentimentos fortes e envolventes.
Embora diferentes, são capazes de despertar emoções intensas e podem habitar o mesmo coração, separados apenas por uma linha bem fina.
A diferença é que o amor constrói e o ódio destrói.
O amor é cego, não vê maldade, se orienta pelo coração, joga com carinho, se defende com ternura, se aproxima com ilusão, admira as qualidades e aceita os defeitos.
O ódio enxerga além do que vê, se orienta sem razão, joga com ironia, se defende com agressividade, se aproxima sem se iludir e não acha nada para admirar, porque vê maldade até onde não há.
São como dois lutadores numa batalha incessante, um está sempre à espera da fraqueza do outro para romper a linha e transformar amor em ódio ou ódio em amor.
Amar é melhor do que odiar, sem dúvida.
Vale a pena adicionar uma pequena história neste texto.
O marido foi visitar um sábio conselheiro e disse-lhe que já não amava sua mulher e pensava em separar-se.
O sábio escutou-o, olhou-o nos olhos e disse-lhe apenas uma palavra:
– Ame-a! E logo se calou.
– Mas, já não sinto nada por ela!
– Ame-a! disse novamente o sábio.
E diante do desconcerto do marido, depois de um breve silêncio, o sábio disse-lhe o seguinte:
– Amar é uma decisão, não apenas um sentimento; amar é dedicação e entrega.
Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor.
O amor é um substantivo, um exercício de jardinagem: arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide.
Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excessos de chuvas, mas, nem por isso, abandone o seu jardim.
Ame seu par, aceite-o, valorize-o, respeite-o, dê afeto e ternura, admire e compreenda-o.
Isso é tudo. Ame, simplesmente ame!”
A inteligência sem amor, te faz perverso.
A justiça sem amor faz você implacável.
A diplomacia sem amor faz você hipócrita.
O êxito sem amor faz você arrogante.
A riqueza sem amor faz você avarento.
A docilidade sem amor, faz você servil.
A pobreza sem amor faz você orgulhoso.
A beleza sem amor faz você fútil.
A autoridade sem amor faz você um tirano.
O trabalho sem amor faz você escravo.
A simplicidade sem amor deprecia você.
A oração sem amor faz você introvertido e sem propósito.
A lei sem amor escraviza você.
A política sem amor deixa você egoísta.
A fé sem amor deixa você fanático.
A cruz sem amor se converte em tortura.
A vida sem amor não tem sentido.
(Do livro Opinião com Chico Leal)
Fui surpreendido na semana passada com um pedido de desculpas e de perdão que esperava há 30 anos e que, sinceramente, não acreditava mais que fosse acontecer.
Mas aconteceu.
O ex-presidente Fernando Collor de Mello finalmente pediu perdão ao povo brasileiro pelo gesto insano de confiscar a poupança no dia seguinte a sua posse na presidência da república, em 1990.
No seu pedido de desculpa, Collor confessa que naquele momento as medidas radicais eram o caminho certo. Não era.
O homem que se elegeu prometendo liquidar a inflação com um único tiro errou o alvo.
E ao errar o alvo desperdiçou sua única bala e com isso provocou uma das maiores tragédias já registrada pela nação.
O famoso caçador de marajás, saudado pela maioria da população como um legítimo Indiana Jones, nos enterrou na maior crise econômica da nossa história.
Infelizmente errei, confessa agora, candidamente.
A Collor não cabia outro caminho. A ele só restava o caminho da humildade, só restava o caminho do perdão.
Jesus nos ensinou a perdoar.
– perdoa teu irmão até 70 vezes 7 se preciso for.
Mas, perdoar Collor, convenhamos, é difícil.
Quem viveu aquela época há de concordar.
Collor, de uma canetada só, confiscou 80 por cento de tudo dinheiro aplicado pelos brasileiros. Não só em caderneta de poupança ou contas correntes, mas em todas as aplicações financeiras.
De uma vez só Collor retirou de circulação 100 bilhões de dólares, o equivalente a época a 30 por cento do PIB.
Esse gesto provocou infartos e falências; promoveu suicídios e desfez famílias. Um verdadeiro tsunami brasileiro.
Um tsunami tão grande que talvez 30 anos seja muito pouco tempo para esquecer e perdoar. Até mesmo para o brasileiro de memória curta.
Só mesmo seguindo as palavras de Jesus e tentando chegar às 77 vezes 77. Isto é, perdoar sempre.
Realmente será necessário um grande esforço, uma grande mudança interior para que esse perdão se realize.
Primeiro precisamos entender para então aplicar o perdão, numa circunstância onde é natural que surjam o ódio e a vingança.
Depois de tudo ainda teremos que pedir forças para vivê-los sobre os sentimentos contrários.
Absolvei e sereis absolvidos.
Dai-vos e serei dado.
Alguém já disse que perdoar é uma das atitudes mais nobres.
O perdão desata nós na garganta, conforta corações e promove a paz de espírito.
Não é a toa que perdoar é divino.
O perdão reconhece o mal, mas permite que se leve a vida em frente.
O perdão pode conviver com a justiça e não impede que se faça as coisas justas. Que Deus, na sua infinita bondade tenha compaixão de nós.
Sexta feira passada foi o Dia do Abraço.
Foi um dia do abraço em que não houve abraço.
Foi um dia em que ninguém se abraçou.
Foi um dia triste.
Afinal, como comemorar o dia do abraço sem um forte aperto de mão?
Como comemorar o dia do abraço sem um beijo sequer?
Estamos morrendo também por falta de um abraço, de um carinho.
Como diz a psicoterapeuta Márcia Malvazzo, existem dias em que precisamos apenas de um abraço, de uma mão segura, de um olhar amigo.
Há dias em que sentimos a falta do útero que nos criou e alimentou durante tanto tempo.
Há tempos que sentimos falta do conforto e da simplicidade de viver.
Precisamos de um abraço.
Nossa psicoterapeuta tem razão quando diz também que precisamos urgentemente de uma aproximação, precisamos de um abraço que encosta coração com coração;
Precisamos de um simples deslizar de mãos em nosso rosto;
Precisamos de um encontro de corpos que desejam sobretudo fazer o outro se sentir querido, se sentir vivo.
Tocar os outros é acordar às suas células, é oferecer um alento, uma esperança, uma segurança, um pouco de humanidade, tão escassa em nossas relações..
O simples apertar de mão pode aliviar a dor.
O beijo pode proteger o coração de infartos e o cérebro de derrames.
Ao beijar é como se você desse uma parte sua ao outro, garante o médico Eduardo Lambert.
Toques sutis soltam os bloqueios da mente e do corpo.
Estudos e pesquisas científicas comprovam que todos nós necessitamos de contato físico para nos sentimos bem, mesmo que esse contato venha de um estranho.
Mas quando feito por uma pessoa querida, os resultados são muitos. Vão desde a redução do estresse ao efeito analgésico.
Os abraços, além de nos fazerem sentir bem, aliviam a dor, aliviam a depressão e a ansiedade.
O abraço aumenta a saúde e a vontade de viver dos enfermos.
Os abraços são necessários para o desenvolvimento e para o crescer como pessoa.
Quando somos abraçados sentimos segurança, confiança, força e saúde.
Um abraço diz muitíssimo,
O abraço cria um elo muito forte entre duas pessoas envolvidas por um mesmo sentimento de amizade e de amor, de paz e vida.
O abraço é quando dois corações se tocam, se encontram.
É o sentir, é o calor, é sentir a proteção do conforto de quem nos abraça. É paz.
Vivemos numa época em que se valoriza a razão e a tecnologia e perdemos a consciência dos sentimentos.
Quando nos abraçamos e nos tocamos valorizamos o amor e a cumplicidade.
Valorizamos o que alivia a dor, a depressão e a ansiedade.
Que Deus, na sua infinita bondade, tenha compaixão de nós.
Ter inveja, ser invejoso, é pecado.
E não é um pecado qualquer. A inveja é um pecado capital.
A Bíblia diz que Deus não gosta da inveja e se não gosta da inveja, naturalmente também não gosta do invejoso.
E tanto não gosta que colocou a inveja como um dos sete maiores pecados que o homem pode cometer.
A inveja está ao lado de pecados como a gula, a avareza, a luxúria, a ira, a preguiça e o orgulho.
Deus abomina esses pecados.
Todos eles, sem exceção.
A inveja é considerada pecado porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa, no lugar do próprio crescimento espiritual.
Inveja é o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue.
Como disse certa vez o padre Fábio de Melo, inveja é um pecado capital porque é pior que a cobiça. O invejoso não deseja o que é do outro, apenas. Ele deseja também que o outro não tenha o que tem.
A inveja é companheira daqueles que não suportam o sucesso dos outros e não se conformam em ver alguém melhor do que ele mesmo.
A inveja está sempre com aquelas pessoas soberbas, com aquelas pessoas que querem sempre ser melhores do que as outras em tudo.
Muitas vezes, a inveja também é companheira das pessoas inseguras, fracassadas ou revoltadas, que, não conseguindo o sucesso das outras, ficam corroídas de inveja e desejando-lhes o mal. Ficam torcendo pelo mal do outro, e vibra quando este fracassa.
As pessoas invejosas tem o poder de distorcer imagens.
E o pior é que acreditam na falsa visão que tem. Isso chega a ser patológico.
Aos invejosos nossa ignorância e nosso desprezo e o alerta de que o tempo também é invejoso.
O tempo sempre foi um grande invejoso.
O tempo caminha para apagar o brilho de todos nós. É inexorável.
A inveja é um sentimento horrível. Ninguém sofre tanto como um invejoso.
De todas as características que são vulgares na natureza humana, a inveja é a mais desgraçada; o invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que pode fazer impunemente, como também se torna infeliz por causa da sua inveja.
Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm.
Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele é tão desejável como assegurar as mesmas vantagens para si próprio.
Porém, como nos ensina o filósofo inglês Bertrand Russell, há na natureza humana um sentimento compensador, chamado admiração.
Todos os que desejam aumentar a felicidade humana devem procurar aumentar a admiração e diminuir a inveja.
Simples assim.
(Do livro Opinião com Chico Leal)
A constituição brasileira garante a todos nós o direito a vida.
Todos os brasileiros, homens e mulheres de qualquer idade, tem o direito a vida. Está escrito na nossa lei maior.
Ao Estado ou a ninguém é dado o direito de escolher quem deve viver ou quem deve morrer.
Todos devem viver e o estado tem que agir no sentido de garantir a vida de todos nós. Sem exceção, sem qualquer distinção entre pobres e ricos ou brancos e pretos.
A constituição estabelece o princípio da igualdade. Estabelece que somos todos iguais.
Somos iguais em direitos e deveres. Pelo menos é o que diz nossa lei maior.
Somos iguais em qualquer situação, independentemente até de credo político.
E assim terá que ser sempre.
Acompanhando essas divagações até o momento atual, até o momento do Coronavírus, essa peste que nos encurralou, chamamos a atenção das autoridades para que cumpram a lei tal qual a constituição determina.
Que todos tenham igualmente o direito a vida.
Igualdade não combina com rua para alguns e casa para muitos outros.
Nesse caso estamos praticando uma grande injustiça e reforçando ainda mais a desigualdade existente.
Como somos todos iguais, segundo a constituição, cabe ao governo tratar a todos com igualdade.
O governo tem que garantir a vida dos que não precisam trabalhar, mas também tem que oferecer as condições para àqueles que querem e precisam trabalhar.
Temos que garantir aos que estão trancados em casa o direito de ganhar o pão para que sustento da família.
O governo tem que assegurar a dignidade dessas pessoas.
São, em sua maioria, pessoas acostumadas ao honesto trabalho de sol a sol.
Não podemos prosseguir com essa política do tipo uma esmolinha pelo amor de Deus. Não podemos continuar ouvindo o Deus lhe pague eternamente.
Lembrem dos versos do saudoso Luiz Gonzaga, nosso eterno rei do baião:
– uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão. Não podemos ficar o restante da vida de boca aberta a espera que uma pessoa caridosa lembre que você e sua família precisam comer
O brasileiro não quer isso.
O brasileiro quer trabalhar.
O brasileiro não quer a piedade de ninguém.
O brasileiro quer apenas uma oportunidade.
Quer apenas um emprego.
Ao governo cabe apenas definir as regras.
Cabe ao governo organizar o cumprimento dessas regras, o que não parece tão difícil assim.
Se o consumidor sabe ir a farmácia comprar seus medicamentos.
Se a pessoa sabe ir ao supermercado comprar seus mantimentos, certamente que também saberá ir ao comércio.
Certamente saberá se comportar nas ruas.
Não será criando guetos que vamos escapar dessa pandemia.
Acredito que só sairemos dessa situação com a colaboração de cada cidadão e de cada cidadã.
Essas pessoas que começam a sentir a dor da fome estão pedindo apenas uma chance de sobreviver.
E isso ninguém tem o direito de negar.
(do livro Opinião com Chico Leal)
A constituição brasileira garante a todos nós o direito a vida.
Todos os brasileiros, homens e mulheres de qualquer idade, tem o direito a vida. Está escrito na nossa lei maior.
Ao Estado ou a ninguém é dado o direito de escolher quem deve viver ou quem deve morrer.
Todos devem viver e o estado tem que agir no sentido de garantir a vida de todos nós. Sem exceção, sem qualquer distinção entre pobres e ricos ou brancos e pretos.
A constituição estabelece o princípio da igualdade. Estabelece que somos todos iguais.
Somos iguais em direitos e deveres. Pelo menos é o que diz nossa lei maior.
Somos iguais em qualquer situação, independentemente até de credo político.
E assim terá que ser sempre.
Acompanhando essas divagações até o momento atual, até o momento do Coronavírus, essa peste que nos encurralou, chamamos a atenção das autoridades para que cumpram a lei tal qual a constituição determina.
Que todos tenham igualmente o direito a vida.
Igualdade não combina com rua para alguns e casa para muitos outros.
Nesse caso estamos praticando uma grande injustiça e reforçando ainda mais a desigualdade existente.
Como somos todos iguais, segundo a constituição, cabe ao governo tratar a todos com igualdade.
O governo tem que garantir a vida dos que não precisam trabalhar, mas também tem que oferecer as condições para àqueles que querem e precisam trabalhar.
Temos que garantir aos que estão trancados em casa o direito de ganhar o pão para que sustento da família.
O governo tem que assegurar a dignidade dessas pessoas.
São, em sua maioria, pessoas acostumadas ao honesto trabalho de sol a sol.
Não podemos prosseguir com essa política do tipo uma esmolinha pelo amor de Deus. Não podemos continuar ouvindo o Deus lhe pague eternamente.
Lembrem dos versos do saudoso Luiz Gonzaga, nosso eterno rei do baião:
– uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão. Não podemos ficar o restante da vida de boca aberta a espera que uma pessoa caridosa lembre que você e sua família precisam comer
O brasileiro não quer isso.
O brasileiro quer trabalhar.
O brasileiro não quer a piedade de ninguém.
O brasileiro quer apenas uma oportunidade.
Quer apenas um emprego.
Ao governo cabe apenas definir as regras.
Cabe ao governo organizar o cumprimento dessas regras, o que não parece tão difícil assim.
Se o consumidor sabe ir a farmácia comprar seus medicamentos.
Se a pessoa sabe ir ao supermercado comprar seus mantimentos, certamente que também saberá ir ao comércio.
Certamente saberá se comportar nas ruas.
Não será criando guetos que vamos escapar dessa pandemia.
Acredito que só sairemos dessa situação com a colaboração de cada cidadão e de cada cidadã.
Essas pessoas que começam a sentir a dor da fome estão pedindo apenas uma chance de sobreviver.
E isso ninguém tem o direito de negar.
Alguém aí lembra da novela o bem Amado?
As pessoas da minha geração certamente que lembram muito bem dos discursos verborrágicos do prefeito demagogo Odorico Paraguaçu, a maior liderança política da pequena e imaginaria cidade de sucupira, no litoral baiano
Tudo ia muito bem até o prefeito Odorico Paraguaçu descobrir que sua cidade não tinha um cemitério. Seus defuntos eram sepultados em cidades vizinhas
O que, naturalmente, ofendia a honra dos conterrâneos.
O prefeito construiu um cemitério e de repente as pessoas pararam de morrer.
E por mais que o próprio prefeito tentasse se esforçasse, ninguém morria.
E se não morria ninguém, o prefeito não conseguia inaugurar o cemitério que mandou construir com tanto zelo.
Fosse nesta época de coronavirus, certamente que Odorico não teria tantas dificuldades para abrir as portas de sua grande obra.
Não pensem que o isolamento mexeu com meus poucos neurônios. Pode até ter mexido, mas não ao ponto de me afetar a razão.
A novela o bem Amado durou exatamente dez meses. Começou em janeiro e terminou em outubro de 1973.
O que me chamou a atenção neste momento para estabelecer uma ligação entre o Piauí e os nossos odoricos foi exatamente um prefeito do nosso interior.
Assisti nas redes sociais uma entrevista de um prefeito interiorano, que até conheço.
Na entrevista, repórter pergunta mais ou menos assim:
– prefeito, em que obras o senhor está investindo os recursos que o governo federal enviou para seu município usar no combate ao coronavirus?
A resposta do prefeito:
– bem, eu já estou ampliando o cemitério da cidade. Nosso cemitério é muito pequeno e estava necessitando de mais espaço.
O repórter volta a perguntar:
Só isso, prefeito?
O prefeito responde:
Só isso nada. Estou construindo outros três cemitérios na zona rural.
E passa a citar o nome das localidades beneficiadas.
E numa dessas localidades o prefeito ainda explica:
– lá não mora quase ninguém, mas a gente nunca sabe, né?
Chamo a atenção não para a construção de cemitérios, afinal cemitério deve ser um dos chamados itens essenciais, já que ha sempre a necessidade de sepultar alguém.
Chamo a atenção para a mentalidade dos políticos brasileiros.
É melhor garantir o enterro do que gastar dinheiro com prevenção.
É preferível garantir o caixão e a cova.
Assim o voto fica mais seguro.