A velhice é uma espécie de certeza do fim inexorável que se aproxima.
Às vezes de forma lenta, mas constante; às vezes rapidamente, com muita pressa.
A velhice é realmente uma certeza, é um prenúncio do fim inevitável.
Por oportuno, uso como roteiro texto de um psicólogo chamado Joston Miguel.
Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos!
É assim mesmo.
Envelhecer é um processo natural, é uma lei do Universo. Lei que diz que tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar.
Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós.
Com o tempo, os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam.
Sendo assim, relaxe e aproveite. A morte é o alvo de tudo que vive.
Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez.
Como disse um dos meus amigos a sua esposa: me use, estou acabando!.
Engraçado, porém realista.
Ficar velho e cheio de rugas é natural.
Não queira ser jovem novamente, você já foi.
Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige.
Você já viveu essa fase, reconcilie-se com a sua situação e permita que o passado se torne passado.
Esse é o pré-requisito da felicidade. O passado é lenha calcinada. O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto, como dizia Cícero.
Abra mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho, para não se tornar caricatura de si mesmo.
Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago muito elevado.
Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora.
A flor da idade ficou no pó da estrada. Guarda os bisturis e toca a vida.
Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos. Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres.
Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena à ruína sua própria alma.
Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza.
Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida, o melhor a fazer é esquecer.
Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero.
Faça o que pode ser feito com o que está disponível.
Para o seu bem, esqueça o que passou. Tem tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está.
Coisas do passado não nos pertencem mais. Aceitando ou não, o processo vai continuar.
(Do livro Opinião de Chico Leal)
Recebi de um ouvinte a seguinte mensagem:
“A gente fica pensando. O povo brasileiro não liga para autoritarismo. Nem nazismo.
Certo, nunca ligou. O povo não liga para perda de direitos, nem para economia travada, não liga para pane nos serviços públicos.
O povo tá ligando para que?”
Alguém sabe?
Realmente saber o que pensa o brasileiro hoje é muito difícil. Mas sempre foi assim. Sempre foi difícil fazer essa avaliação.
Do final dos anos 50 até o início dos anos 70, o brasileiro se encantava com o futebol.
A seleção de Pelé e Garrincha cuidava com esmero da felicidade geral da Nação. Era o suficiente, ou era o bastante.
A violência política oculta pela censura ou pela falta de interesse dos próprios brasileiros não chamava tanta atenção. Importava sim o tricampeonato no México.
Além do futebol, o brasileiro sempre gostou de carnaval.
O carnaval foi e continua sendo a grande vitrine do Brasil no exterior e motivo de contentamento popular.
Com a aposentadoria de seus maiores craques e o declínio da seleção, restou o consolo do carnaval.
Sem uma pesquisa mais profunda sobre o assunto, a única certeza que resta é que o brasileiro gosta de festa. De festa e de vida mansa.
Nelson Rodrigues dizia que o brasileiro não está preparado para ser o maior do mundo em coisa nenhuma.
Ser o maior do mundo em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.
O brasileiro, pelo que se deduz, não é afeito a uma responsabilidade, nem que essa responsabilidade seja a de um emprego.
Uma pesquisa feita no ano passado revela que o brasileiro está mais preocupado com as suas férias do que com a própria aposentadoria.
Isso nos leva à uma conclusão prática: se depender de uma reação popular aos mau feitos, o Brasil sinceramente sucumbirá de vez. O brasileiro, pelo visto, não pretende sair tão cedo de sua zona de conforto.
A conformação é a mais clara demonstração de falta de solidariedade entre as pessoas.
É o mais claro sinal de que estamos mais preocupados com o nosso próprio umbigo.
Se minha vida consegue ser pelo menos razoável, por que me preocupar com a vida dos outros?
O que me interessa saber se o vizinho de um lado ou de outro passa dificuldades?
Este é o mundo do eu sozinho. Não preciso de ninguém e ninguém precisa de mim.
Só que na vida a gente sempre precisa de alguém.
Quem pensa diferente, pensa errado.
E um dia poderá se arrepender.
O governador foi segunda-feira(3) à Assembleia Legislativa, para a abertura do Ano Legislativo, como é de praxe.
Falou muito, como também é de praxe.
O governador pintou o Piauí com cores totalmente diferentes das cores que estamos acostumados a ver.
Na fala de Wellington Dias, o Piauí de atrasos não existe. Ou talvez nunca tenha existido; os anos de miséria foram apenas longos pesadelos, dos quais não restam sequer lembranças nas memórias do poder.
Em 2019, segundo Wellington disse aos deputados, o Piauí cresceu no padrão China. Um feito no mínimo extraordinário, porque – como o próprio governador reconhece – é muito difícil um país no mundo conseguir tal proeza.
Temos que comemorar.
Afinal se é difícil para um país superar a China, imagina só um pobre estado do Nordeste brasileiro conseguir tal proeza?
Lembrei, por oportuno, aquelas esquetes televisivas da Escolinha do Professor Raimundo, onde o personagem Adelmar Vigário, que nunca sabia a resposta, escapava elogiando a inteligência do professor.
Mas o governador não parou por aí.
Garantiu que este 2020, que mal começou, será melhor ainda. Portanto, não devemos nos espantar se em fevereiro do ano que vem o governador anunciar que superamos a China.
A mensagem anual do governador Wellington Dias lida protocolarmente na Assembleia Legislativa, é sempre uma caixinha de surpresas.
Surpresas sim.
Na correria do dia a dia talvez não seja possível se observar a quantas andam o Piauí e assim as surpresas realmente se transformam em verdadeiras surpresas.
Quem não lembra, por exemplo, da luta para trocar o pneu com a velha rural em andamento lá no distante ano de 2003?
Quem não lembra, por exemplo, do Piauí campeão em produção de energia?
Quem não lembra, por exemplo, da festa da uva, saudação a uma cultura revolucionária que ainda ia começar?
Quem não lembra, por exemplo, do PIB de Uruçuí superando o PIB de São Paulo?
Todas essas novidades fizeram suas estreias no parlamento, claro que numa deferência muito especial aos deputados estaduais, a grande maioria governista.
A impressão que fica é que temos dois Piauí, o pobre e o rico.
Durante o ano inteiro usamos o Piauí velho, o Piauí pedinte, de calça rasgada e que vive de pires na mão em busca de alguns trocados.
No começo do ano a coisa muda de figura.
Colocam roupa nova, paletó e gravata, e apresentam o Piauí novo; um Piauí saudável, aparentando boa saúde e com dinheiro no bolso; um Piauí disposto e valente.
Entra ano e sai ano e o roteiro continua o mesmo, não muda.
Aliás, nem os personagens mudam.
Desde o começo dos tempos a história nos mostra que os pais sempre se preocuparam com o futuro dos filhos.
No começo de tudo, os filhos tinham que ser fortes e guerreiros para que estivesse sempre próximo aos poderosos e com isso obter vantagens.
Já num passado mais recente os pais encaminhavam seus filhos para cidades distantes em busca de uma formação superior, de preferência medicina, o orgulho maior de qualquer pai.
Os tempos evoluíram, as coisas mudaram e se tornaram mais fáceis.
Hoje os pais podem determinar a carreira que o filho deve seguir. Melhor ainda, o próprio filho pode escolher a carreira que quer seguir. Pode escolher a carreira em que acha que vai ficar rico ou a profissão do coração, aquela que gosta.
Neste ponto retrocedo na memória e volto ao ano de 1972, na minha ainda pequena Água Branca.
Fim de tarde, envergando orgulhosamente minha farda cáqui com quatro estrelas cinzas nos ombros – indicando minha condição de quartanista ginasial – escuto a voz do meu pai a me chamar.
Atendo e na minha frente ele abre um papel que levava nas mãos e me pergunta o que quero ser no futuro.
No papel alguns cursos por correspondência, entre eles jornalismo.
Foi amor a primeira vista. Ali mesmo disse a meu pai que queria ser jornalista. Segui para a escola próxima, mas ainda pude ouvi-lo, não sei se alegre ou abalado pela minha escolha:
Pois estude!
Realizei meu desejo, minha vontade.
Mas hoje, quase 50 anos depois, sou forçado a me questionar sobre tudo isso.
Agi certo ao ignorar o desejo manifesto do meu pai de ter um filho médico?
Ou fiz certo em seguir o coração e me tornar jornalista numa região onde o estado é o patrão?
Os fatos insistem em mostrar que escolhi o caminho errado, mas não quero acreditar. Tenho que me fazer de turrão; tenho que bater o pé e morder o beiço para mais uma vez acreditar que fiz a escolha certa.
Confesso que está cada vez mais difícil.
Os fatos são teimosos, são insistentes.
Neste episódio dos 400 mil reais para duas pobres festas na Potycabana voltei a fraquejar.
Denunciar tudo isso e não ouvir nem um “oh!” de espanto dos demais é decepcionante.
Se não desabei de vez devo a um punhado de bravos entrincheirados na Teresina FM.
São homens e mulheres que não querem ser melhor do que ninguém, mas o são.
E o são porque honram a profissão que escolheram e abraçaram. Honram o juramento feito em sala de aula.
São bons por que aprenderam que Jornalismo é exatamente publicar aquilo que alguém não quer que se publique.
Não só aprenderam, praticam.
Afinal, o jornalismo, como ensinava Cláudio Abramo, é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter.
Antes de procurar um parceiro, você deve saber muito bem o que vai querer deste parceiro.
É importante isso.
Quando a gente quer muito uma pessoa, a gente se engana.
A gente tenta encaixar aquele outro ser humano em posições que nunca foram dele.
A gente clama ao universo para um sim em algo que já começou destinado ao não.
A gente quer, e a gente bate o pé e faz pirraça feito criança para conseguir. Mas um dia a gente percebe que amor tem que ser uma via de mão dupla. Amor tem que ser fácil, tem que ser bom, tem que ser complemento, tem que ser ajuda.
Amor que é luta é ego.
Amor que rebaixa é dor.
E então a gente aprende que amor que não é amor, não encaixa, não serve.
A escritora Mariana Barbiere ensina em seu livro “Fique com alguém que não tenha dúvidas” aconselha que devemos ficar com alguém que não tenha conversa mole. Que não te enrole. Que não dê desculpas. Que não bote barreiras no que deveria ser fácil e simples.
Fique com alguém que saiba o que quer e que queira agora.
Fique com alguém que te assuma. Que ande com orgulho ao seu lado. Que te apresente aos pais, aos amigos, ao chefe, ao faxineiro da firma. Que segure a sua mão ao andar na rua. Que não tenha medo de te olhar apaixonadamente na frente dos outros. Fique com alguém que não se importe com os outros.
Fique com alguém que não que te dê mais certezas do que perguntas. Que apresente soluções antes mesmo dos questionamentos aparecerem.
Fique com alguém que te seja a solução dos problemas e não a causa.
Fique com alguém que não tenha traumas. Que não tenha assuntos mal resolvidos. Que saiba que para ser feliz, tem que deixar o passado passar.
Fique com alguém que te faça rir. Que te mostre que a vida pode ser leve mesmo em momentos duros. Que seja o seu refúgio em dias caóticos. Fique com alguém que quando te abraça, o resto do mundo não importa mais.
Fique com alguém que dê sentido à todos os clichês apaixonados.
Fique com alguém que faça planos. Que veja um futuro ao seu lado. Que te carregue para onde for.
Fique com alguém que apesar de saber que consegue viver sem você, escolhe viver com você.
Fique com alguém que não se esconda e que não te esconda. Que cada palavra seja direta e clara. Que não dê brechas para o mal entendido. Que faça o que fala e fale o que faça.
Fique com alguém que te admire. Que te impulsiona pra frente. Que te apoie quando ninguém mais acreditar em você. Que te ajude a transformar sonhos em realidade.
Fique com alguém que você não precise convencer de que você vale a pena. Que não tenha dúvidas.
Fique com alguém que te faça olhar para trás e agradecer por não ter dado certo com ninguém antes. Fique com alguém que faça não existir mais ninguém depois.
Hoje, dia da saudade, vamos novamente falar de saudade.
Afinal, quem nunca sentiu uma saudade? Saudade de alguém, de um objeto, saudade da infância, das brincadeiras, dos pais?
Desde o início dos tempos a saudade é um dos temas preferidos de poetas e trovadores mundo afora. Como não sou poeta nem trovador, recorro a alguns deles.
Saudade, segundo os dicionaristas, é um sentimento nostálgico provocado pela distância de algo ou alguém, pela ausência de uma pessoa, coisa ou local, ou pela vontade de reviver experiências, situações ou momentos já passados.
Foi este sentimento, com certeza que levou o amarantino Antônio Francisco da Costa e Silva a escrever uma das poesias mais belas de toda sua vasta produção literária, batizada exatamente de Saudade:
Saudade- olhar de minha mãe rezando e o pranto lento deslizando em fio.
Saudade amor da minha terra… o rio
cantiga de águas claras soluçando.
Noites de junho. O caboré com frio
ao luar sobre o arvoredo piando, piando
e a noite as folhas lívidas cantando
a saudade infeliz de um sol de estio.
O poeta é assim. Fala com a alma.
Da Costa e Silva só cometeu um único pecado: o de nascer no Piauí, onde vive esquecido até pelos que têm a obrigação de impedir que isso aconteça.
A saudade é também cantada em versos simples, como “Quando a saudade é demais, não cabe no peito: escorre pelos olhos”; ou “Saudade é o preço que se paga por viver momentos inesquecíveis”.
A saudade também inspirou o compositor Ataulfo Alves, em uma música inesquecível. Quem não sente saudade da professorinha que lhe ensinou o bê-a-bá e da Mariazinha, o seu primeiro amor?
Saudade dos quintais de nossa terra. Das frutas fartas e gratuitas.
E como cantou Da Costa e Silva:
Saudade do rio Parnaíba, o velho monge
as barbas brancas alongando e ao longe
o mugido dos bois da minha terra.
Mas a saudade não se alimenta apenas da poesia, da pessoa ou do local distante.
Muitos, como eu, sentem saudade de tempos outros. Saudade, por exemplo, dos valores morais hoje esquecidos nos baús da história, tal como nossos grandes poetas.
Saudade do tempo em que até uma barba tinha seu valor e um simples fio do seu bigode era marca inquestionável da palavra empenhada; saudade das pessoas honestas que ao longo da vida tentaram fazer desse estado e desse país um lugar melhorar para se viver;
Saudade da paz que reinava em nossas ruas; saudade do tempo em que se sentava nas calçadas sem qualquer temor.
São saudades que renascem na memória de quem ainda consegue ficar perplexo com o alto grau de desonestidade a que chegamos; na memória de quem ainda consegue se indignar com os malfeitos que acompanhamos diariamente pelos noticiários; na memória daqueles que ainda acreditam que ainda podem fazer um mundo melhor.
Afinal, como diz o poeta, saudade é uma coisa que não tem medida, é um vazio que só se pode preencher com a lembrança.
O mundo inteiro – e o Brasil principalmente – vive em meio a um processo muito intenso de corrupção e desmoralização.
Vivemos, não só o anúncio do fim dos tempos.
Às vezes a impressão é de que já estamos realmente vivendo o próprio fim dos tempos.
Chegamos a um ponto tal que há quem acredite que ser desonesto é a única maneira para se dar bem na vida.
É o único caminho para o sucesso e para a riqueza.
Há quem pense que uma mentira aplicada uma vez ou outra é uma coisa inofensiva, mas não é bem assim.
Os especialistas entendem que é exatamente assim que um pequeno mentiroso acaba se tornando um grande desonesto.
Márcia Denardi, uma jornalista catarinense que usa a informação para fortalecer a família, diz que a desonestidade é uma doença, é uma coisa que cresce de forma gradual.
Se ela não é interrompida assim que é detectada, fica cada vez mais profunda, e difícil de cessar.
Principalmente porque, depois de um tempo, quem é desonesto passa a considerar normal a desonestidade.
O homem desonesto – alguém já disse – é pobre de espírito.
É pobre de caráter.
É pobre de honra.
Sócrates, o grande filósofo ateniense, na Grécia antiga, ensinava em 460 antes de Cristo, que se o homem desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto ao menos por desonestidade.
Não há um caminho mais eficiente de se ensinar honestidade aos filhos que o caminho dos exemplos.
Você, pai ou mãe, vai passar a vida inteira ensinando seus filhos como agir; você pode reclamar, pode ate brigar, mas vai ter que dá o exemplo.
O exemplo é muito mais eficiente.
Seja honesto, mostre que é honesto e você muito provavelmente terá em seu filho um seguidor de suas virtudes.
Pratique o bem e você terá o filho seguindo seu exemplo.
Isso, com certeza, estar faltando a boa parte das famílias brasileiras.
A ausência dos pais no próprio lar muitas vezes leva-o a escolher caminhos diferentes, muitas vezes novos e perigosos caminhos.
Apesar da correria diária e da dureza que a vida nos impõe, não deixe seus filhos se sentirem abandonados.
Como diz o escritor Augusto Branco, seja você o exemplo de tuas palavras e haverá um momento em que não precisarás dizer nada sobre coisa alguma.
Tuas atitudes falarão por ti!
Procure agir dessa forma e contribua para que no futuro tenhamos novos cidadãos; contribua assim para que no futuro se possa aspirar um destino menos decepcionante.
A China é um país cheio de defeitos, dizem muitos estudiosos, inclusive aqui do Brasil.
A china, dizem, é um país que não respeita os direitos humanos; a China não respeita o seu trabalhador, um verdadeiro escravo.
A China, dizem, explora sua mão de obra de forma inaceitável nos tempos de hoje.
Tudo é verdade.
Mas a China é um país que age quando preciso, é um país que toma decisões quando preciso; a China é um país que sabe superar suas dificuldades como ninguém. Enfim, a China é um país que cresce.
Agora mesmo os chineses dão mais um exemplo ao mundo.
Vão construir em apenas seis dias um hospital com mil leitos para atender as pessoas atingidas pelo coronavírus, um novo tipo de vírus que ameaça o mundo a partir do território chinês.
Quem mora no Piauí certamente não irá acreditar que alguém seja capaz de construir uma obra tão grande em tão pouco tempo.
No mínimo fará como São Tomé, só vendo parar crer.
Realmente, para os nossos padrões, é impossível acreditar em tal coisa.
Para quem acompanha a construção de Centro de Convenções de Teresina há mais de dez anos aí que é fica difícil mesmo.
Quem acompanha as obras da Trancerrados morre e não acredita que o chinês ou quem quer que seja vá construir um hospital em apenas seis dias.
Quem espera pela ferrovia Transnordestina há mais de uma década e pelo porto de Luís Correia há mais de século, com certeza jamais acreditará.
Observem que estamos falando apenas de obras de grande porte.
A demora em obras pequenas, então, é de matar do coração.
Enquanto a China faz um grande hospital em poucos dias, aqui levamos anos e mais anos na reforma de uma maternidade; levamos outros tantos anos para reformar um hospital infantil; levamos anos e anos e não conseguimos equipar um hospital no interior do estado, nem mesmo o maior hospital do Piauí, o Getúlio Vargas.
Se isso não nos mata de vergonha, com certeza irá nos matar de inveja.
O Piauí, que já tem algum tipo de comércio com a China, precisa ser mais agressivo. Precisa até ser mais insinuante; tem que se oferecer mais. Quem sabe os chineses tomando de conta a coisa não mude de figura?
Entregar o Piauí aos chineses talvez seja o melhor negócio neste momento de futuro tão preocupante e tão incerto.
Mas é preciso que entreguem tudo de uma vez só.
Nada de entregar pedaços.