A vida é curta, demasiadamente curta.
E o pior: a vida não tem replay. Passou, passou. Não volta mais.
Você já imaginou se o homem pudesse voltar no tempo. Você já imaginou se o homem pudesse voltar no tempo para corrigir seus erros e defeitos ou simplesmente deletar, simplesmente apagar as coisas ruins que praticou? Não, não temos esse poder.
O pai nos deu o direito a vida, mas não nos deu direito a replay. E não nos deu direito ao replay porque sabia muito bem o que estava criando.
Deus deu vida e sabedoria ao homem e o deixou livre para viver.
Deus não deu ao homem o poder do ódio, mas o homem aprendeu odiar. Deus não ensinou a roubar. Mas o homem aprendeu roubar. E como aprendeu!
Deus ensinou que viver é amar os outros como a si mesmo. Poucos aprenderam.
Deus quis fazer da terra um paraíso para o próprio homem, mas o homem não deixou. Preferiu instalar aqui o seu próprio inferno.
O homem nos seus delírios de grandeza e de luxúria, infelizmente esqueceu que a vida pode ser bela, apesar de curta.
Até mesmo para uma pessoa que viveu cem ou mais anos a vida foi curta, demasiadamente curta. Porque a vida é curta mesmo.
Ela, a vida, não nos permite fazer tudo. Mas permite que a aproveitemos.
Porque não aproveitar a vida, então. Nossa vida, repito, não tem replay. Nossa vida não tem stop. Nossa vida não tem pause. A vida é para ser vívida sem intervalos.
A vida é intensa e deve ser vivida assim, intensamente.
De tão intensa a ninguém é dado o direito de abreviá-la, ninguém tem o direito de tirá-la. Só Deus.
Nenhum problema – por mais grave e mais serio que seja – pode ser usado como motivo para abreviar a sua vida. Problema se resolve. A vida não. A vida quando se vai é para sempre, não torna, a vida não volta.
A vida é única.
E por ser única é especial.
O homem tem que ter sensibilidade para perceber isso. Tem que sentir a obrigatoriedade de viver a vida com todas as oportunidades que ela apresenta.
Vitor Hugo, o escritor francês, dizia que se a vida já é curta nós homens procuramos torna-la ainda mais curta, o que é uma grande verdade.
Mude seu conceito sobre a vida. Ainda há tempo. Ainda há muito tempo.
Apesar da brevidade da vida, ainda há tempo para ser feliz.
O fim de ano está chegando.
E quando o fim do ano está se aproximando é o momento propício para se fazer um balanço da vida.
É o momento propício para reconhecer os erros e os acertos. E também para escolher o caminho a seguir daqui por diante.
Este momento é muito íntimo, muito pessoal.
É uma espécie de confissão, onde se admite os fracassos e as frustrações; onde se admite os erros, os acertos e os desenganos.
E só ao final, depois de reconhecer tudo isso, é chegada a hora de louvar os acertos e analisar os erros.
O homem tem que carregar sempre essa coragem de reconhecer que errou; a coragem de dizer publicamente que não é infalível; a coragem de dizer que pecou contra o próprio homem.
Se errar é humano, por que esconder o erro?
O homem tem que ter coragem para dizer que se enganou e até que mentiu.
O homem tem que ter coragem de pedir perdão. Perdão pelos erros, perdão pelo que prometeu e não fez.
O final de ano é o momento certo para um balanço real, para um encontro de contas.
É o momento em que se tem de buscar respostas.
Não só respostas para si, para seus problemas pessoais, mas resposta para os problemas dos outros também.
Respostas para o que fizeram com o nosso país, respostas para o que fizeram com o nosso estado e com nossa cidade.
Vivemos, afinal, no país que queremos, vivemos no estado que imaginamos um dia?
Certamente que não.
Com certeza todos nós imaginamos um país melhor e um estado melhor, bem diferente do que temos hoje.
E se não temos o país que queremos nem o estado que desejamos, o que fazer daqui para frente?
Esta é a resposta que precisamos encontrar.
Mas como encontrar respostas para o que não temos?
Talvez aí tenhamos realmente que começar bem do comecinho.
É começar perguntando – a nós mesmos – quem somos, de onde viemos e para onde queremos ir.
É definir um rumo, escolhendo um caminho de decência, de honestidade e de seriedade.
Se não podemos ter isso no momento, vamos lutar tenazmente para que nossos filhos ou nossos netos alcancem um Brasil melhor, alcancem um Piauí melhor.
Alcancem um país e um estado que efetivamente cuidem do seu povo.
Um país e um estado sensíveis aos problemas do povo, sobretudo dos mais humildes, dos mais pobres, tão necessitados e vivendo sempre ao desamparo do poder público.
Vivendo sempre desprotegidos e desprotegidos sempre exatamente por quem um dia jurou defendê-los.
O hoje é o amanhã de ontem.
Khalil Gibran, poeta e prosador libanês, costuma dizer que o amanhã é inevitável.
Inexoravelmente tudo caminha para ele e a ele se destina.
Na ampulheta do universo a areia escorre e não pode ser contida de forma alguma.
A cada momento, segundo a segundo, o futuro chega e a forma definitiva que ele tomará em sua plenitude se tornará evidente.
O futuro existe, senão como fato, ao menos como certeza, pois sempre haverá um amanhã, seja ele qual for.
Nada – nem ninguém – foge do amanhã.
Existir é rumar para o futuro.
O futuro não nos pertence, mas nós definitivamente pertencemos a ele.
Quem pode pensar, inevitavelmente pensará a cerca do futuro.
De certo modo, tudo mora na mansão do amanhã.
O hoje nada mais é do que uma transição, um momento de tempo, um segmento do rio que corre até o seu destino.
Viver somente o hoje sem pensar no amanhã não anula o futuro de forma alguma.
O futuro tem sua existência independente de nossa vontade, independentemente de nossas opiniões, independentemente de nossas crenças.
Ele vem e chegará com certeza, mesmo para aqueles que procuram ignorá-lo. E quando chegar trará a resposta para muitas perguntas que dominam hoje o cenário da humanidade.
Quando o futuro chegar ele não se importará com os enganos e mentiras espalhados ao longo do tempo. Ele será o cumprimento exato do que deve ser. Ele vai expor a verdade e destruir completamente a mentira.
De certa forma, o futuro é como Deus, completamente invisível aos sentidos, mas real. Só pode ser alcançado pela fé. Sua existência é simultaneamente um mistério e um axioma.
É quase impossível existir e não pensar nesse amanhã, seja o amanhã imediato, seja o amanhã longínquo.
Todas as pessoas estão plenamente cientes de que o mundo se move em alguma direção por mais oculta que ela esteja e tentam penetrar nesse espesso véu para descobrir como será o futuro.
O amanhã existe e nos incomoda, não apenas o amanhã individual, mas também o amanhã universal, o amanhã cósmico.
É quase impossível existir e não pensar nesse amanhã, seja o amanhã imediato, seja o amanhã distante.
Quando trabalhamos, quando lutamos, quando sofremos, nós o fazemos pelo amanhã.
Por estranho que pareça, passado e futuro ocupam mais a mente do ser humano do que propriamente o presente.
Lembranças e expectativas constantemente deslocam o homem de hoje e o transportam para longe do seu agora.
De qualquer forma, esse transporte a outros tempos muitas vezes reduz sua existência atual em uma corrente de águas que flui por entre os seus dedos e por isso ele não desfruta do seu agora.
Seu lamento pelo ontem e seu anseio pelo amanhã tornam seu hoje algo menos do que deveria ser.
Às vezes chega o momento de dizer adeus a um amor.
Adeus por simplesmente não estarmos à altura desse sentimento. Ou apenas porque ele já feriu demais o coração.
Custa muito e faz sofrer ainda mais.
Mas se chegou a hora de terminar o melhor é permitir que aconteça.
O amor é um sentimento maravilhoso, mas só faz sentido se for vivido na sua plenitude.
E se é para ser, que seja para nos fazer feliz.
Quando perdemos um amor parece que o sofrimento e a tristeza jamais terão fim.
Ficamos sem saber como iremos continuar nossa própria história sem a pessoa amada.
Ficamos sem chão e sem vontade de continuar.
É tudo muito difícil.
Como diz o poeta,
Talvez numa dessas noites frias,
eu derrame muitas lágrimas.
Mas não terei vergonha por esse gesto.
Talvez com o tempo
eu perceba que cometi grandes erros.
Mas não desistirei de continuar trilhando meu caminho.
Talvez eu não tenha motivos
para grandes comemorações.
Mas não deixarei de me alegrar
com as pequenas conquistas.
O importante nesses momentos é extravasar o nosso sentimento, chorarmos tudo o que tivermos que chorar e sentir a dor.
Mas o que não pode e nem deve ocorrer é a permanência nela, é a permanência na dor.
Temos que nos esforçar para sair do sentimento e retornar a vida normal.
Por mais difícil que seja aceitar isso, é importante saber que na vida é assim.
Amores vem, e vão, mas o seu amor próprio esse deve permanecer.
O amor próprio é aquele que nos dá força para permanecer.
O amor próprio é aquele que nos dá força para seguir, para continuar a viver a nossa vida da melhor forma possível.
Se você está passando por um momento assim, se você sofre por amor, se você sofre por alguém que foi embora, se você ama alguém e não é correspondido ou correspondida, lembre-se sempre que um dia você vai encontrar alguém que te olhe nos olhos e te aceite do jeito que você é.
E quando esse dia chegar você vai compreender porque tantas outras pessoas te feriram e não retribuíram o amor que você ofereceu.
Neste dia você estará madura ou maduro o suficiente para ser amado ou amada como sempre sonhou.
Saiba que amores imaturos não costumam durar.
Hoje a dor pode ser incômoda, parece que não vai passar, mas um dia ela vai te servir para amadurecimento, e aí você vai entender que para poder sentir o perfume das flores é preciso passar pelo processo de plantação.
Contam que ao fim de grande batalha, o soldado apresenta-se ao seu tenente e pede permissão para voltar à linha de frente para resgatar o amigo que havia ficado para trás.
O oficial nega.
– Permissão negada, soldado. Não quero que arrisque sua vida por um homem que provavelmente está morto!
O soldado, ignorando a proibição, saiu e uma hora mais tarde regressava mortalmente ferido, transportando o cadáver de seu amigo.
O tenente ficou furioso e lembrou que o havia proibido de fazer aquilo. Valeu a pena? Perguntou.
O soldado respondeu:
– Claro que sim, senhor! Quando o encontrei ele ainda estava vivo e pode me dizer: Tinha certeza que você viria!
Esta é uma das muitas histórias que se conta sobre o soldado desconhecido, cujo dia é comemorado nesta quinta-feira, 28 de novembro.
O soldado desconhecido é aquele que ficou estendido no chão da batalha; é aquele que não foi identificado ou ficou insepulto.
O soldado desconhecido é um verdadeiro herói da pátria. É aquele que deu a sua vida em defesa da liberdade, em defesa de seu país.
Uma espécie de bilhete encontrado no bolso de um soldado brasileiro que tombou no primeiro ataque da Força Aérea Brasileira a Monte Castelo, na Itália, durante a segunda guerra mundial, também faz parte dessa história.
No bilhete, dirigido a Deus, ele escreveu:
“Escuta Deus,
Jamais falei contigo.
Hoje quero saudar-te.
Bom dia! Como vais?
Sabes? Disseram que tu não existe e eu, tolo, acreditei que era verdade.
Nunca havia reparado tua obra.
Ontem à noite da trincheira rasgada por granadas, vi teu céu estrelado e compreendi então que me enganaram.
Não sei se apertarás minha mão.
Mas, vou te explicar e há de compreender.
É até engraçado: neste inferno hediondo achei a luz para enxergar teu rosto.
Dito isto já não tenho muita coisa a te contar.
Só que… que… tenho muito prazer em conhecer-te.
Fazemos um ataque à meia noite.
Não tenho medo.
Deus, sei que tu velas…
Bom Deus, devo ir-me embora.
Gostei de ti, vou ter saudade.
Quero te dizer que será cruenta a luta, bem o sabes, e esta noite pode ser que eu vá bater a tua porta!
Muito amigos não fomos, é verdade.
Mas sim… estou chorando! Vê Deus, penso que já não sou tão mau.
Bom Deus, tenho que ir. Sorte é coisa bem rara.
Juro porém que já não receio a morte.
Sempre cobramos bom senso às pessoas.
Nas mais diversas situações, costumamos apelar para o bom senso.
Mas o que é bom senso? E para que serve o bom senso?
A rigor, bom senso é uma qualidade que reúne as noções da razão e da sabedoria.
Quando se diz que um indivíduo age com bom senso, significa que esse indivíduo utiliza de argumentações e atitudes racionais para poder fazer julgamentos e escolhas.
Dizem que o bom senso é peça fundamental em qualquer tomada de decisão.
Quando se tem bom senso, as coisas funcionam melhor, as coisas andam melhor e até mais rápidas.
É importante tratar toda e qualquer tomada de decisão com o cuidado devido, e o bom senso faz parte deste cuidado. O bom senso, além de agregar valor, contribui no que tange ao alcance da eficiência e eficácia no resultado.
Mas se o bom senso é tão importante, porque não usamos o nosso bom senso para encarar as dificuldades?
Por que o brasileiro sempre usa o caminho mais complicado e mais difícil e abandona o bom senso?
A impressão que fica é de que se o bom senso é o melhor caminho, o que falta mesmo neste país é pessoa de bom senso.
Aliás, Fédro, um personagem criado por Platão, dizia que há mais bom senso em uma única pessoa do que numa multidão.
É a mais pura verdade. Como está difícil colocar bom senso nas pessoas
Como dizia o poeta grego Eurípides, tente colocar bom senso na cabeça de um tolo e ele dirá que é tolice.
Eurípedes dizia também que o homem poderoso que junta a eloquência à audácia torna-se um cidadão perigoso quando lhe falta bom senso.
O Brasil, pelo visto, está cheio de pessoas assim.
Está cheio de pessoas poderosas e eloquentes, mas sem bom senso.
É unanimidade entre os de bom senso neste país que precisamos caminhar rumo a uma união nacional.
União nacional não em torno de nomes, mas de projetos, de ideias.
Projetos e ideias que possam aproximar as pessoas.
Projetos e ideias que possam fazer o Brasil caminhar, que possam fazer um Brasil melhor.
Começar uma nova ordem realmente é muito difícil, mas não impossível. Maquiavel dizia isso.
O Brasil precisa de uma nova ordem, mas uma nova ordem que não signifique uma ditadura.
Para mudar o Brasil precisamos apenas da união de todos os brasileiros.
É preciso apenas que cada um respeite a opinião e o pensamento do outro, mesmo não concordando, mas respeitando.
Precisa apenas por fim a esse radicalismo idiota que deu uma nova feição ao brasileiro, colocando-o como uma pessoa agressiva e até violenta, ao invés da pessoa amiga e alegre de sempre.
Pensemos nisso.
“Há muita coisa nova acontecendo no Brasil. Há uma revolução silenciosa em curso. O velho já morreu. Só falta remover os corpos. O novo vem vindo’’. Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, em artigo publicado no jornal O Globo.
Jeitinho brasileiro é uma expressão que comporta múltiplos sentidos.
Na sua faceta positiva, o jeitinho se manifesta em algumas características da alma nacional: uma certa leveza de ser, que combina afetividade, bom humor, alegria de viver e uma dose de criatividade.
Este é o lado bom, que deve ser preservado.
O jeitinho constitui, também, um meio de enfrentar as adversidades da vida. Está muitas vezes ligado à sobrevivência diante das desigualdades sociais, das deficiências dos serviços públicos e das complexidades legislativas e burocráticas.
Há um critério relativamente singelo para saber se o jeitinho é aceitável ou não: verificar se há prejuízo para alguém ou para o grupo social. Se a resposta for afirmativa, dificilmente haverá salvação.
A face negativa do jeitinho é bem conhecida de todos nós. Ela envolve a pessoalização das relações, para o fim de criar regras particulares para si, flexibilizando ou quebrando normas que deveriam se aplicar a todos.
Esse pacote negativo inclui o improviso, a colocação do sentimento pessoal ou das relações pessoais acima do dever e uma certa cultura da desigualdade que ainda caracteriza a vida brasileira.
O improviso se traduz na incapacidade de planejar, de cumprir prazos e, em última análise, de cumprir a palavra. Vive-se aqui a crença equivocada de que tudo se ajeitará na última hora, com um sorriso, um gatilho e a atribuição de culpa a alguma fatalidade.
O sentimento pessoal acima do dever se manifesta no favorecimento dos parentes e dos amigos, no compadrio, na troca de favores, “o toma lá dá cá”.
A cultura da desigualdade expressa a crença generalizada de que as regras são para os outros, para os comuns, “e não para os especiais como eu”. Vem daí a permissão para furar a fila ou parar o carro na calçada.
Essa facilidade para quebrar regras sociais, em um passo, se transforma em violação direta e aberta da lei. E aí vêm as pequenas fraudes, como o atestado médico falso, a consulta com recibo ou sem recibo e a nota superfaturada para aumentar o reembolso.
Depois, sem surpresa, vem a corrupção graúda, de quem paga propina para vencer a licitação.
Improviso, sentimentos e interesse pessoais acima do dever, compadrio, cultura da desigualdade, quebra de normas sociais e violação da lei que vale para todos não são traços virtuosos, não podem fazer parte do charme de um povo e muito menos ser motivo de orgulho.
Em todas essas situações, o jeitinho traz um elevado custo moral, por expressar um déficit de honestidade pessoal e de republicanismo.
Somos uma sociedade que já consegue separar o joio do trigo. O problema são os que preferem o joio.
É a velha ordem, que reluta em sair de cena. Mas há muitas coisas novas acontecendo no Brasil.
O novo vem vindo.
Há uma imensa demanda por integridade, idealismo e patriotismo. Esta é a energia que muda o curso da história. É preciso ter fé. Para tudo existe um jeitinho.
O jeitinho do bem.
Certa vez perguntaram a Millôr Fernandes o que é democracia e o que é ditadura.
Millôr respondeu:
Democracia é quando eu mando em você e ditadura é quando você manda em mim
Mas, seria tão simples assim definir o que é democracia e o que é ditadura?
Claro que não.
Democracia é uma coisa muito mais ampla, bem mais ampla do que a resposta bem humorada de Millôr Fernandes.
Lincoln, um ex-presidente norte- americano, dizia que a democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo.
Para o escritor Fernando Sabino, democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um.
Para o poeta Carlos Drummond de Andrade, democracia é a forma de governo em que o povo imagina estar no poder.
Como disse certa vez a ex-primeira ministra Margareth Thatcher, a democracia não é um sistema feito para garantir que os melhores sejam eleitos, mas sim para impedir que os ruins fiquem para sempre.
Qualquer semelhança com o mundo atual terá sido mera coincidência.
A democracia é o pior dos regimes políticos, mas ainda não conseguimos imaginar nenhum sistema melhor.
Numa ditadura, não daria para fazer uma passeata pela democracia. Na democracia, você pode sim fazer uma passeata pedindo ditadura.
Como disse o grande senador alagoano Teotônio Vilela, o Menestrel das Alagoas, a democracia não é coisa feita.
Ela é sempre uma coisa que se está fazendo.
Daí porque ela é um processo em ascensão.
É a experiência de cada dia que dita o melhor caminho para ela ir atendendo às necessidades coletivas.
O que há de belo na democracia é isto.
É que ela tem condições de crescer, segundo a boa prática que fizermos dela.
Teotônio, irmão de nosso eterno arcebispo Dom Avelar Brandão Vilela, foi um dos brasileiros que mais lutaram pela volta da democracia no Brasil. Morreu lutando.
Teotônio Vilela acreditava que a democracia deveria ser capaz, sobretudo, de garantir cidadania a todos os brasileiros.
Se ainda não chegamos lá, só nos resta um caminho. Só nos resta o caminho de continuar lutando. Continuar lutando como continuaram lutando figuras como Ulysses Guimarães, Freitas Nobre, Paulo Brossard, Alencar Furtado e muitos outros que já atravessaram as fronteiras desde mundo.
A democracia não é o paraíso, mas ela consegue garantir que a gente não chegue ao inferno.
Democracia tem que ser e deve ser mais, muito mais do que dois lobos e uma ovelha votando sobre o que terão para o jantar.