26/11/2024

Chico Leal

Como esquecer? 

8 de novembro de 2019

Como é que se consegue esquecer alguém que se ama? Perguntou certa vez o escritor e jornalista português Miguel Esteves Cardoso.

O problema do amor que se acaba ou se vai é esse. Como esquecer?

Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver?

Quando alguém vai embora de repente como é que se faz para ficar?

Quando alguém morre, quando alguém se separa – como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já não está lá?

As pessoas têm de morrer; os amores de acabar.

As pessoas têm de partir, os tempos têm de mudar sim, mas como se faz?

 

Como esquecer, afinal?

O próprio Cardoso explica.

Temos que esquecer devagar. É preciso esquecer devagar, bem devagarinho…

Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pessoa pode ficar-lhe para sempre. 

Pode se por processos e ações de despejo a quem se tem no coração, mas não se pode despejar de repente.

Ela não sai de lá.

A primeira parte de qualquer cura é aceitar que se está doente. É preciso paciência.

O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste.

 

Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se.

Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo.

Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma.

A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada.

É uma dor que é preciso aceitar. Primeiro, aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo. 

É preciso aceitar o amor e a morte.

É preciso aceitar a separação e a tristeza; é preciso aceitar, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.

Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si? 

Não adianta fugir com medo da seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injeção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.

O que nos dizem é para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte.

Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar.

Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele também se cansar.

Corrupção mata II

7 de novembro de 2019

Voltando ao voto do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, onde se mostrou favorável à prisão em segunda instância e ao enfrentamento da corrupção.

Barroso considera que o enfrentamento da corrupção no Brasil depara-se com três grandes obstáculos.

O primeiro deles,  é que parte do pensamento progressista no Brasil acha que os fins justificam os meios e que a corrupção nada mais é do que uma nota de pé de pagina na história. Mas não é, eles estão errados.

A corrupção drena recursos que deveriam ir para a maioria dos serviços públicos.

A corrupção cria uma situação pervertida entre a cidadania e o estado.

Se o estado é incorreto o cidadão acha que também pode ser incorreto.

A corrupção cria um clima de desconfiança generalizado na sociedade porque passa a ser legitimo o passar os outros para trás.

A corrupção no Brasil – explica o ministro – foi um fenômeno muito abrangente, de grande contágio multipartidário e que vai da direita para a esquerda e da esquerda para a direita.

O pacto oligárquico derrotou o pacto que devemos celebrar, que é um pacto de integridade no Brasil.

O segundo obstáculo, segundo Luiz Roberto Barroso.

Parte do pensamento conservador do Brasil entende que corrupção ruim é a corrupção dos outros, é a corrupção dos adversários.

Se for a corrupção daqueles que atendem aos meus interesses não é tão grave assim. Também estão errados porque a corrupção perpetua no poder as elites extrativistas que se apropriam do estado e desviam para si ou para os seus a renda limitada que esse estado consegue gerar.

O terceiro obstáculos são os corruptos propriamente ditos. E aqui existem dois lotes. Existe o lote dos que não querem ser punidos pelos muitos malfeitos que fizeram ao longo de muitos anos.

Ninguém gosta de ser punido, é da condição humana.

Mas há um lote pior no Brasil. É o dos que não querem ficar honestos nem daqui para frente e gostariam que tudo continuasse a ser como sempre foi.

O brasileiro, sobretudo aquele brasileiro que quer passar o Brasil a limpo, sabe muito bem disso.

Sabe e espera que o Supremo Tribunal Federal entenda isso também.

Espera que a mais alta corte de justiça do país faça justiça como ela realmente deva ser feita.

O brasileiro não aceita mais essa situação de impunidade que se instalou no Brasil; o brasileiro não aceita mais os desvios de recursos públicos que tanta falta fazem ao país.

Enfim, o  Brasil e os brasileiros esperam justiça.

Somente isso.

Corrupção mata I

6 de novembro de 2019

Supremo Tribunal Federal reinicia nesta quinta-feira o julgamento que pode acabar com a prisão em segunda instância. Mas o julgamento recomeça com o placar de 4 a 3 favorável a manutenção da prisão.

O comportamento dos quatro ministros que ainda faltam votar, ou de alguns deles, indica que há sim a possibilidade real de que a prisão em segunda instância seja revista.

Podem até acabar com a prisão em segunda instância, mas os anais da corte jamais apagarão o sensato voto do ministro Luís Roberto Barroso, do qual destaco alguns trechos.

“A corrupção é um crime violento praticado por gente perigosa. É um equivoco supor que não seja assim”, advertiu o ministro e prosseguiu.

“Corrupção mata.

Mata na fila do SUS, mata na falta de leitos, mata na falta de medicamentos, mata nas estradas que não tem manutenção adequada.

A corrupção destrói vidas que não são educadas adequadamente em razão da ausência de escolas, deficiências de estruturas e equipamentos.

O fato de o corrupto não ver nos olhos a vitima que ele produz não o torna menos perigoso.

A crença de que a corrupção não é um crime grave e violento e de que os corruptos não são perigosos nos trouxe até aqui a esse quadro sombrio em que recessão, corrupção e criminalidade elevadíssima nos atrasam na história e nos retém como um país de renda média que não consegue furar o cerco.

Foi por causa dessa leniência que nós criamos um país feio e desonesto.

Nós estamos falando de gente que teve devido processo legal, direito de defesa e que foi condenado ou com trânsito em julgado ou segundo grau.

Nós estamos falando de cumprimento da pena fixada pelo poder judiciário depois de respeitada todas as garantias.

A interpretação da constituição não pode ser indiferente a este quadro que existe no Brasil.

A corrupção no Brasil não foi produto de pequenas falhas individuais, de pequenas fraquezas humanas.

Ela foi produto de esquemas profissionais de arrecadação, de distribuição de dinheiros desviados e envolve agentes públicos, agentes privados, empresários, empresas estatais, empresas privadas, membros do congresso, membros dos partidos políticos…

É impossível não sentir vergonha pelo que aconteceu no Brasil.

O que há de novidade – prossegue o ministro Luís Roberto Barroso – é a reação da população do Brasil que  deixou de aceitar o inaceitável.

Quem quer que ande pelo Brasil com olhos de ver e ouvidos de escutar verifica a imensa demanda por integridade, por idealismo, que existe em toda parte do país. É uma coisa que vem de baixo para cima.

Esta é a energia que muda paradigmas; Esta é a energia que empurra a história para o caminho certo”.

Voltaremos ao assunto, por oportuno.

O esperto

4 de novembro de 2019

Vivemos cercados de espertos por todos os lados. O homem decente de hoje é uma ‘espécie de ilha cercada por todos os lados de pessoas espertas.

Esperto é aquele que se comporta desonestamente e que busca sempre enganar as pessoas. Ele é o que também se pode chamar de espertalhão.

Infelizmente o Brasil e o Piauí estão cheios de pessoas assim.

Cheias de pessoas que tentam se colocar acima de qualquer suspeita, mas que na verdade não passam de seres ardilosos e astutos que tentam se dá bem a qualquer custo. Grandes trapaceiros na verdade.

Alguém já disse que a esperteza é uma pobre substituta da inteligência.

Segundo o médico Paulo Feitosa, de Brasília, quanto menos inteligente é uma pessoa mais ela usa o recurso da esperteza para se dar bem na vida.

O homem verdadeiramente inteligente não precisa da esperteza, da malandragem, da desonestidade como companhias. Sua luz é outra.

Talvez o esperto se dê bem em curto prazo, enquanto o inteligente demore um pouco para alcançar seus objetivos.

Num homem inteligente afloram qualidades como a confiança que desperta nas pessoas, afloram qualidades como a autenticidade, o respeito, a responsabilidade, o bom senso.

A vida ensina que a maneira mais segura de ser enganado é julgar-se mais esperto do que os outros.

No Brasil, ensina-se que ser esperto é uma característica da sabedoria.

Ensina-se que ser esperto é o caminho mais curto para o sucesso e para a riqueza.

Ensina-se que ser esperto é sinal de inteligência.

Estamos errados. Estamos errados mais uma vez.

Engana-se quem diz que o mundo é dos espertos.

A esperteza nem sempre é o suficiente para te fazer feliz.

O mundo é dos bem amados, dos bons amigos, dos bons amores.

Admire-se de quem sabe sorrir na sua frente e nas suas costas. Admire-se de quem sabe admitir os erros, de quem sabe ser agradável, de quem sabe  despertar sorrisos e de quem vive rodeado de gente boa e  disposta a te ajudar.

Admire-se de quem tem caráter, de quem tem  conteúdo, de quem  sabe falar direito, de quem sabe escrever; admire-se quem tem tudo isso e mesmo assim consegue ser simples.

Estão enganados todos aqueles que pensam que o mundo é dos espertos.

O mundo não é dos espertos. O mundo é das pessoas honestas e verdadeiras.

A esperteza um dia é descoberta e vira vergonha.

A honestidade se transforma em exemplo para as gerações do futuro.

A esperteza corrompe a vida.

A outra, a honestidade, enobrece a alma.

Os mortos

1 de novembro de 2019

Nós, seres humanos, somos estranhos.

De uma maneira que consideramos natural, nos apresentamos como seres realmente estranhos. Estranhíssimos, diria eu. Os exemplos são vários:

Brigamos com os vivos e levamos flores para os mortos;

Lançamos os vivos na sarjeta, mas sempre pedimos um bom lugar para os mortos; Nos afastamos dos vivos, mas nos agarramos  desesperadamente aos que morrem;

Ficamos anos sem conversar com um vivo e nos desculpamos e fazemos homenagens quando este morre;

Nunca temos tempo para visitar o vivo, mas temos o dia todo para ir ao velório do morto;

Criticamos, falamos mal, ofendemos o vivo, mas o santificamos quando este morre;

Não ligamos, não abraçamos, não nos importamos com os vivos, mas nos autoflagelamos quando estes morrem…

Como diz o Papa Francisco, aos olhos cegos do homem, o valor do ser humano está na sua morte, e não na sua vida.

É bom repensarmos isto, enquanto estamos vivos!

Dois de novembro, amanhã, é o dia dedicado aos mortos.

É o dia em que a dor da saudade aperta ainda mais o coração.

É o dia em que você costuma se apegar ainda mais àquelas pessoas que em algum momento fizeram parte e tiveram grande importância em nossas vidas e que hoje não se encontram mais aqui.

Mas o dia de finados é também um dia para reflexões.

A morte é ainda assunto tabu, um assunto recalcado e silenciado.

Às vezes escolhemos viver como se a morte não existisse.

Mas, na sociedade atual, a morte é banalizada com as guerras, calamidades, eutanásia, aborto, acidentes…

A realidade é que a morte faz parte da vida.

A morte é – no entendimento de muitos – o fim do curso vital, é uma invenção da própria vida em sua evolução.

Morrer é uma experiência profundamente humana.

Como diz Santa Teresinha, a pessoa não morre, entra na vida.

A morte não é apenas um fim, ela é também – e principalmente – um começo.

É o início do dia sem ocaso, da eternidade, da plenitude da vida.

A vida é imortal, espiritualmente falando. Sem fé, porém, a morte é um absurdo, é um inimigo, uma derrota;

Sem fé a morte é uma humilhação, uma tragédia, um vazio.

Na fé, a morte é irmã, é condição para mais vida, é coroamento e consumação;

Por fim, a morte tem um valor educativo: ensina o desapego da propriedade privada, iguala e nivela todas as classes sociais, relativiza a ambição e a ganância, ensina a fraternidade universal na fragilidade da vida, convida à procriação para eternizar a vida biológica, rompe o apego a circuito fechado entre as pessoas, leva ao supremo conhecimento de si e oportuniza a decisão máxima e a opção fundamental da pessoa.

Para os que creem na eternidade, a morte é porta de entrada da vida, o acesso a uma realidade superior, a posse da plenitude.

Assim a morte é um ganho, verdadeira libertação, uma bênção que livra a vida do tédio.

Mas do ponto de vista racional ou filosófico, a morte é repugnante.

Buda escreveu: “O homem comum pensa com indiferença na morte de um estranho, com tristeza na morte de um parente e com horror na própria morte”.

Outro pensador diz: “Quando morre o filho ou a mulher do próximo, todos dizem: é a lei da humanidade. Mas, quando morre o próprio filho ou a própria mulher, o que se ouve são gemidos, gritos e lágrimas”.

Feliz o poeta que a tudo resume de maneira bem mais prática:

A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte.

E quando existe a morte, não existimos mais.

A reforma protestante 

31 de outubro de 2019

Os evangélicos comemoram nesta quinta-feira, 31 de outubro, a data em que Martinho Lutero instituiu a reforma protestante, provocando o rompimento definitivo com a igreja católica.

Neste dia, o teólogo alemão Martinho Lutero se negou a reconhecer a autoridade e a infabilidade papal.

Além disso, passou a negar o culto aos santos e só aceitava os sacramentos do batismo e da eucaristia.

A Reforma de Lutero, segundo seus seguidores, praticamente acabou com a função do clero como ligação entre o crente e Deus. Esta vaga foi preenchida pela consciência humana. Os pensamentos e os atos de cada cristão deixavam de ser uma hierarquia eclesiástica.

Para Lutero, a liberdade de consciência significava concretamente que a consciência era prisioneira da palavra de Deus. Essa liberdade era para Lutero simplesmente a fé.

Lutero tinha uma maneira diferente de observar a vida e o comportamento humano à sua época.

“O coração do homem é como o mercúrio, tanto está aqui agora, como logo a seguir está noutro lugar, hoje assim, amanhã a pensar de outra forma”, dizia ele.

Lutero dizia que o mundo é como um camponês embriagado; basta ajudá-lo a montar sobre a sela de um lado para ele cair do outro logo em seguida.

É dele também a frase: A medicina cria pessoas doentes, a matemática, pessoas tristes, e a teologia, pecadores.

No seu modo peculiar de observar a vida, dizia que quem não for belo aos vinte anos, forte aos trinta, esperto aos quarenta e rico aos cinquenta, não pode esperar ser tudo isso depois.

A missão de Lutero continua muito além de seu tempo. Sua obra tornou a Bíblia mais acessível; a liberdade religiosa tornou-se importante; e muitas estruturas sociais discriminatórias foram abolidas.

Os que amam profundamente, jamais envelhecem; podem morrer de velhice, mas morrem jovens. O amor é a imagem de Deus, mas não uma imagem da vida. É, isto sim, a verdadeira essência de toda a natureza divina, que fulga em bondade.

Martinho Lutero queria apenas discutir os problemas na Igreja Católica, mas o que aconteceu  em 31 de outubro de 1517 mudaria para sempre a Alemanha, a Europa e o mundo cristão. Para entender a agitação que Lutero desencadeou com suas 95 teses, é preciso voltar à época em que ele viveu.

E não esquecer que as boas obras não tornam bom o homem, mas o homem bom pratica boas obras. As obras más não tornam mau o homem, mas o homem mau pratica obras más.

Perdemos tudo 

30 de outubro de 2019

Nunca foi tão certo o ditado popular que diz que brasileiro só fecha a porta depois de roubado.

É certo e verdadeiro.

Desde o tempo das cavernas adotamos este péssimo costume de deixar as coisas para depois.

Por mais urgente que seja a necessidade, sempre encontramos uma desculpa e acabamos deixando para depois.

Nem que seja para amanhã.

Este desleixo às vezes custa muito caro.

O Museu Nacional, destruído pelo fogo  há pouco tempo, é um exemplo claro de que no Brasil tudo pode ficar para depois.

Não importa a gravidade da situação.

Tudo pode ficar para amanhã ou para o ano que vem.

Não temos pressa para praticamente nada.

Esse comportamento muitas vezes chega a nos causar constrangimentos e até grandes prejuízos

Mesmo assim, continuamos deixando tudo para depois.

É o depois eu resolvo que cada brasileiro carrega dentro de si.

Independentemente de aspectos culturais e morais, a procrastinação – o deixar para depois – além de não ajudar, atrapalha.

Empurrar com a barriga não tira o problema da frente, só o torna cada vez maior.

Mas continuamos deixando tudo ou quase tudo para amanhã, para depois.

Das tarefas mais simples às mais complexas, sempre deixamos para depois.

Mas, por que isso, por que agimos assim?

Para alguns, as pessoas adiam porque os custos imediatos de fazer determinada tarefa parecem mais reais do que o preço de fazê-la no futuro.

A pessoa que deixa alguma coisa para depois tem certeza de qual é o custo imediato, o desprazer do esforço, e tem certa miopia em relação aos benefícios futuros.

Acredita que protelar é uma escolha racional, embora isso seja um  autoengano.

Além de atrapalhar as engrenagens que compõem nosso processo natural de vida, a procrastinação torna-se um verdadeiro problema para as pessoas.

Estamos deixando para depois desde o exercício físico à leitura de um livro; estamos deixando para depois coisas simples, mas de grande significado para a vida.

Estamos deixando para amanhã até mesmo a saudade.

Estamos deixando para depois o eu te amo, o pedido de desculpas, o perdão, a oração e a gratidão.

Estamos deixando para depois até mesmo a nossa ida ao médico para aquela consulta tão necessária e que pode nos garantir melhor qualidade de vida.

E de tanto deixar para depois acabamos ficando sem memória.

De tanto deixar para depois, perdemos o nosso patrimônio, a nossa memória e a nossa história.

Fechar a porta agora de nada vai adiantar.

Afinal, para que fechar a porta arrombada se tudo está perdido?

A Constituição

29 de outubro de 2019

 A Constituição brasileira de 1988, batizada por Ulysses Guimarães como “Constituição Cidadã”, chega aos 31 anos e é apontada por muitos como uma da melhores do mundo.

A Constituição é um conjunto de normas que regulam, entre muitas questões, a forma do governo, os direitos e deveres dos cidadãos e a organização dos poderes públicos.

A Constituição é a lei suprema.

As mudanças constitucionais ocorrem, geralmente, quando o país está em processo de transição social e política, como ocorreu no Brasil que à época estava saindo de uma ditadura militar que durou longos 21 anos.

Antes da Constituição de 1988, tivemos outras seis constituições, mas a atual foi a que definiu maiores direitos e liberdades aos cidadãos brasileiros.

Mas, se temos uma das melhores constituições do mundo; se temos assegurados nossos direitos de ir e vir; se temos direito ao voto; se temos direito a segurança, à educação e a saúde e a um salário justo, por que o Brasil não anda?

A Constituição Cidadã consagrou direitos universais, consagrou direitos pelos quais muitos de nossos irmãos perderam a vida na luta contra a ditadura militar; a Constituição consagrou aqueles direitos que nós brasileiros entendíamos como sagrados para o país democrático que estávamos tentando montar. Mas porque as coisas não mudam com a velocidade que desejamos?

Se antes o país não avançava por conta de uma constituição imposta pelos militares, porque não avançamos de forma mais célere quando temos uma constituição feita pelos próprios representantes do povo?

Capistrano de Abreu, um historiador cearense de Maranguape, morto em 1927, aos 73 anos de idade, propôs certa vez que se substituíssem todos os capítulos da Constituição brasileira por um único artigo. Seria a Constituição do artigo único. E este artigo 1º e único estabelecia que: Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara.

Capistrano de Abreu tanto tempo atrás teria razão?

Ter vergonha na cara seria hoje aquele ingrediente que está faltando ao Brasil e aos brasileiros?

É possível que sim.

Quando diz que o brasileiro precisa ter vergonha na cara, o cearense Capistrano de Abreu sugere que o cidadão lute por seus direitos. Sugere que o brasileiro lute pelo que lhe é tirado diariamente, lute pelo que lhe é devido.

Podemos até ter a melhor constituição do mundo livre, mas esta constituição de nada valerá se o estado não fizer sua parte. O estado tem que cumprir o seu papel.

Pelo visto a constituição de Capistrano de Abreu irá precisar de mais um artigo: exatamente aquele que diz que todo mundo é obrigado a cumprir a lei.

Contato
  • (86) 99972-0111
  • jornalismo@teresinafm.com.br


Anuncie conosco
  • (86) 98153-2456
  • comercial@teresinafm.com.br
Teresina FM