Um grande amor, dizem, é aquele que não faz seu coração parar no primeiro olhar. Na verdade, ele faz seu coração acelerar a ponto de parecer que não irá mais caber em seu corpo.
Um grande amor é aquele que faz você se sentir especial, mas no fundo não tão boa o suficiente para ele. …
Um grande amor é aquele que te mata de saudades.
Um autor desconhecido escreveu que para viver um grande amor
é preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
É preciso quebrar barreiras construídas ao longo do tempo por amores do passado que foram em vão.
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor…
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura, aparando as arestas que podem machucar.
Viver é como lapidar um diamante bruto… para fazê-lo brilhar!
E quando decidir que chegou a sua hora de amar, lembre-se que é preciso haver identificação de almas!
È preciso haver identidade de gostos, de gestos, de pele…no modo de sentir e de pensar!
É preciso ver a luz iluminar a aura,
dando uma chance para que o amor te encontre na suavidade morna de uma noite calma…
É preciso se entregar de corpo e alma!
É preciso ter dentro do coração um sonho.
Um sonho que se acalenta no desejo de amar e ser amada!
É preciso conhecer no outro o ser tão procurado!
É preciso conquistar e se deixar seduzir…
Entrar no jogo da sedução e deixar fluir!
Amar com emoção para se saber sentir
a sensação do momento em que o amor te devora!
E quando você estiver vivendo no clímax dessa paixão, que sinta que essa foi a melhor de suas escolhas!
Que foi seu grande desafio… e o passo mais acertado de todos os caminhos de sua vida trilhados!
Mas se assim não for…
Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho…
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Esse aliado se chama tempo… seu melhor amigo.
Só ele, o tempo, pode dar todas as certezas do amanhã…
A certeza que… realmente você amou.
A certeza que… realmente você foi amada.
Um grande amor, dizem, é aquele que não faz seu coração parar no primeiro olhar. Na verdade, ele faz seu coração acelerar a ponto de parecer que não irá mais caber em seu corpo.
Um grande amor é aquele que faz você se sentir especial, mas no fundo não tão boa o suficiente para ele. …
Um grande amor é aquele que te mata de saudades.
Um autor desconhecido escreveu que para viver um grande amor
é preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
É preciso quebrar barreiras construídas ao longo do tempo por amores do passado que foram em vão.
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor…
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura, aparando as arestas que podem machucar.
Viver é como lapidar um diamante bruto… para fazê-lo brilhar!
E quando decidir que chegou a sua hora de amar, lembre-se que é preciso haver identificação de almas!
È preciso haver identidade de gostos, de gestos, de pele…no modo de sentir e de pensar!
É preciso ver a luz iluminar a aura,
dando uma chance para que o amor te encontre na suavidade morna de uma noite calma…
É preciso se entregar de corpo e alma!
É preciso ter dentro do coração um sonho.
Um sonho que se acalenta no desejo de amar e ser amada!
É preciso conhecer no outro o ser tão procurado!
É preciso conquistar e se deixar seduzir…
Entrar no jogo da sedução e deixar fluir!
Amar com emoção para se saber sentir
a sensação do momento em que o amor te devora!
E quando você estiver vivendo no clímax dessa paixão, que sinta que essa foi a melhor de suas escolhas!
Que foi seu grande desafio… e o passo mais acertado de todos os caminhos de sua vida trilhados!
Mas se assim não for…
Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho…
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Esse aliado se chama tempo… seu melhor amigo.
Só ele, o tempo, pode dar todas as certezas do amanhã…
A certeza que… realmente você amou.
A certeza que… realmente você foi amada.
O ouvinte com certeza lembra do comercial de uma antiga e desaparecida caderneta de poupança que dizia que o tempo passa, o tempo voa.
É verdade, o tempo passa. E passa tão rápido que quando menos se espera já estamos novamente em agosto.
Agosto é um mês atípico aqui no Brasil, os fatos comprovam isso. E tanto é assim que agosto é chamado por uns de mês do desgosto e por outros de mês das tragédias, principalmente de tragédias políticas.
Para os mais supersticiosos, agosto é o mês do cachorro louco.
Foi em agosto de 1954, por exemplo, que o presidente Getúlio Vargas disparou um tiro no próprio peito para – como deixou escrito em sua carta testamento – sair da vida e entrar na história. Pressionado por políticos e militares foi o caminho que Getúlio encontrou para pôr fim a uma crise que ameaçava incendiar o Brasil;
Foi no dia 25 de agosto de 1961, Dia do Soldado, que Jânio Quadros renunciou à presidência da República, depois de se eleger prometendo varrer a corrupção no Brasil;
Foi no dia 22 de agosto de 1976 que morreu Juscelino Kubistchek de Oliveira, o construtor de Brasília e o mais popular de todos os presidentes brasileiros; Juscelino morreu em acidente de carro quando se dirigia para o Rio de Janeiro;
Foi em agosto que morreu Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato a presidência da República; foi em agosto que morreu seu avô, Miguel Arraes, outro grande nome da política brasileira.
Também foi em agosto que a Polícia Federal prendeu José Dirceu, homem forte do governo petista de Lula, acusado de comandar o esquema do mensalão.
Os exemplos mostram que agosto é um mês que já deixou profundas marcas na política brasileira.
Mas, como tudo segue, chegamos mais uma vez ao mês de agosto e muito provavelmente ele deixará novas marcas.
Para muitos, principalmente para muitos políticos, o oitavo mês dos calendários juliano e gregoriano poderia muito bem ser pulado na política brasileira.
Para a população, no entanto, ele serve para lembrar que nem tudo é eterno. Serve para lembrar, principalmente aos arrogantes que se consideram donos do poder, que tudo passa.
E como passa.
O dramaturgo brasileiro Caio Fernando de Abreu ensinou que para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro — e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco.
De qualquer forma neste 1º de agosto de 2019, até por prevenção, não custa nada bater na madeira.
(Toctoctoc)
Pé de pato mangalô três vezes!”
A Lei da Anistia Política foi promulgada em 1979, no governo do presidente João Baptista Figueiredo, o último dos generais presidente do Brasil.
A lei reverteu punições aos cidadãos brasileiros que, entre os anos de 1961 e 1979, foram considerados criminosos políticos pelo regime militar.
A mesma lei que perdoou os ditos terroristas também perdoou os ditos torturadores.
A lei garantiu, entre outros direitos, o retorno dos exilados ao País, o restabelecimento dos direitos políticos e a volta ao serviço de militares e funcionários da administração pública, excluídos de suas funções durante a ditadura.
Em 2002, uma nova lei foi promulgada para ampliar os direitos dos anistiados.
Ela vale para pessoas que, no período de 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988, foram punidas e impedidas de exercerem atividades políticas.
Essas pessoas passaram a ter direito a vários outros benefícios como indenizações e a garantia de contagem do tempo em que o anistiado esteve afastado de suas atividades profissionais para efeito de aposentadoria sem que se exija o recolhimento de nenhuma contribuição previdenciária.
A anistia veio em nome da paz entre as famílias brasileiras.
A anistia veio – no Brasil como em vários países do mundo que carregam as mesmas chagas – em nome da esperança de um futuro pacificado.
Infelizmente, mesmo depois de tanto tempo, alguns ainda insistem na verdade de um lado só.
Numa anistia não existe essa verdade de um lado só.
Na anistia a verdade tem que ser a verdade de todos, tem que ser a verdade de caçados e caçadores. Nunca só a verdade de quem se julga caçado.
A anistia brasileira veio em nome da pacificação nacional, veio em nome da pacificação das famílias.
Anistiar é passar uma esponja na sujeira do passado, não para esquecê-la, mas para estabelecer limites de convivência democrática.
Temos que olhar para frente.
O Brasil exige isso.
Remexer nos porões e nas catacumbas das noites de trevas talvez não seja a melhor opção neste momento tão tumultuado da vida nacional.
As forças que se digladiam hoje fariam melhor, bem melhor mesmo, se buscassem o entendimento, se buscassem a convivência pacífica, como pessoas civilizadas, afinal os excessos ocorreram de lado a lado.
Não há santo nessa história. Todos nós sabemos que não.
E se não há santo nessa história por que essa insistência absurda de se remexer no passado se esse passado não vai acrescentar mais nada à história brasileira?
Cuidar do futuro, com certeza, é o melhor caminho.
O Brasil republicano é um país relativamente jovem, um país com apenas 130 anos de idade.
Antes disso o Brasil foi uma colônia, depois um Império. O Brasil foi um império com tudo o que tinha direito, inclusive reis, imperadores, rainhas, príncipes e princesas.
O Brasil foi um reino como os demais reinos da época, cheios de histórias de traições, de intrigas palacianas, de disputa pelo poder, enfim…
Mas a história é outra. É um lado da história de um povo que perdeu seu reino, perdeu seus reis e rainhas, mas nunca perdeu a majestade.
É a história de um povo sem reino e sem reis, mas que continua adorando um título de nobreza.
Esta é uma das muitas histórias do povo brasileiro e de suas manias de grandeza, afinal em nenhum lugar do mundo essa história é contada assim.
No Brasil temos Pelé, um eterno rei do futebol que só será substituído quando morrer, como reza a mais legítima tradição de qualquer realeza que se preze.
Temos aqui Luís Gonzaga, o rei do baião, cuja coroa anda de mão em mão entre os maiores forrozeiros do país, todos seus seguidores.
Qual o país, se não o Brasil, tem uma rainha chamada Marta. Uma rainha sem sangue azul, mas que orgulha a todos pela sua habilidade com uma bola de futebol nos pés?
Quem no mundo inteiro já se preocupou em escolher uma rainha para os seus baixinhos? Só o Brasil mesmo. Aqui temos sua majestade Xuxa primeira e única, a rainha dos baixinhos.
Somos tão obcecados por títulos de nobreza que chegamos a adotar o jogador Falcão como o Rei de Roma. Logo depois adotamos Adriano, outro jogador brasileiro, como o imperador romano.
Mas não paramos por aí. Ainda não estamos satisfeitos. Precisamos de muito mais.
Por isso temos o rei e a rainha da jovem guarda, Roberto Carlos e Wanderleia. Jovem guarda que ainda tem seu príncipe herdeiro, Ronnie Von.
Temos a rainha do rebolado e a rainha do bum bum, espelhadas na figura de Gretchen.
E temos o rei do coladinho – seja lá o que isso signifique – que atende pelo nome de Paulinho Paixão, famoso também pelas idas e vindas a delegacias acusado de bater em mulher.
A relação não acaba aqui.
Temos o rei do cangaço, representado por Lampião, uma figura violenta e perversa que assombrou o sertão nordestino nos anos 20 e 30.
Querer o que com uma família real assim?
No Brasil das majestades, pelo visto, só mesmo o velho Mané Garrincha continuou um mané, embora fosse ele o rei dos dribles.
Dribles que levavam seus súditos à alegria extrema na época em que ainda se acreditava na nossa grandeza e na nossa invencibilidade.
Peço desculpas aos que ficaram fora desta primeira leva, como o rei da cacimbinha, o rei do camarote.
Na próxima, quem sabe…
Hoje é o dia dos avós. Dia dedicado a São João Joaquim e Sant’Ana, os avós de Jesus.
Neste dia, por mais paradoxal que possa parecer, recorro a uma carta de um ateu chamado José Saramago, para enaltecer a figura da vó. Saramago, autor entre outras de O evangelho segundo Jesus Cristo, escreveu em, 1978:
Carta para Josefa, minha avó…
Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo — e eu acredito.
Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregastes à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água.
Viste nascer o sol todos os dias.
De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal.
Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los.
Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte.
Trave da tua casa, lume da tua lareira — sete vezes engravidastes, sete vezes destes à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião.
Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar.
Com isto vivestes e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha.
Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives.
Para ti, a palavra Vietnã é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio.
Da fome sabes alguma coisa: já vistes uma bandeira negra içada na torre da igreja.
Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre.
O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém. Estou diante de ti, e não entendo.
Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo.
Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo.
Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: herança de quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro.
Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos — e continuo a não entender.
Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Quem te roubou? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender.
Já não vale a pena.
O mundo continuará sem ti — e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava. Não teremos, realmente? Eu não te terei dado o mundo que te era devido porque as minhas palavras não são as tuas.
Fico com esta culpa de que não me acusas — e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, por que te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!»
É isto que eu não entendo — mas a culpa não é tua.
25 de julho é o Dia Nacional do Escritor.
O escritor, como definiu Allam Torvic, é um amante solitário.
Com pincel de letras, escreve lágrimas
Bebe da água do silêncio
Banha-se no oceano do passado
Suporta o peso da existência
Caminha entre pedras e vales.
Ser escritor é se perder entre dois mundos – da ficção e da realidade.
É não se preocupar com quantos leitores terá, mas sentir uma necessidade gigantesca de transformar em palavras tudo aquilo que está na sua cabeça.
Ser escritor é sentir que escrever é tão importante quanto respirar.
É acordar no meio da madrugada e mesmo cheio de sono, sair buscando pela casa alguma coisa para anotar aquela ideia que surgiu no meio dos seus sonhos.
Pablo Neruda, grande poeta chileno, morto em 1973, dizia que escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias.
Somos todos escritores, só que alguns escrevem, outros não, dizia o português José Saramago, para quem ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção.
Ser escritor é dar vida a lugares que existiam apenas na sua imaginação. É ter vontade de escrever no momento menos apropriado e sofrer por não ter levado um caderno e uma caneta. É dar um pouco de si para cada um dos personagens.
Ser escritor é criar histórias que você realmente gostaria que tivessem acontecido.
É criar pessoas que você amaria conhecer.
É colocar para fora sonhos, medos e desejos e aprender a lidar com todos eles.
É não ver o tempo passar enquanto cria uma nova história. É sentir uma saudade profunda quando um novo livro chega ao fim.
Ser escritor não é uma luta, é vida. É saber que independente de público, dinheiro, editora… Você não consegue deixar de escrever.
Pobres dos escritores que não se derem conta disso: escrever é transmitir vida, emoção, o que conheço e sei, minha experiência e forma de ver a vida, ensina o baiano Jorge Amado.
Erico Veríssimo, ouro grande nome da literatura brasileira, ensina que nenhum escritor pode criar do nada. Mesmo quando ele não sabe, está usando experiências vividas, lidas ou ouvidas, e até mesmo pressentidas por uma espécie de sexto sentido.
Os escritores brasileiros representam e defendem a identidade cultural do país, fazendo da palavra a matéria-prima de sua arte.
Por meio de pensamentos, sentimentos e opiniões, provocam nos leitores diferentes emoções, fazendo rir, chorar, recordar e refletir.
O escritor tem uma maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de vê-las de qualquer outra maneira.
Razão tem o poeta: quando os escritores morrem, eles se transformam nos seus livros. O que, pensando bem, não deixa de ser uma forma interessante de reencarnação.
O político brasileiro precisa por um freio à sua própria irresponsabilidade.
O político brasileiro precisa conter seus impulsos e reexaminar uma a uma as suas propostas que cheiram mais a demagogia com o único fito de agradar pessoas em processo de desespero por conta de um ou outro problema de gravidade reconhecida.
Estão sempre tentando avançar mais do que o alcance da perna e isso –todos sabem – não é nada bom.
Um exemplo é o projeto de lei protocolado na Câmara e apoiado por deputados de dez partidos que prevê um esvaziamento nas funções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.
A ideia é permitir a entrada de remédios no País sem precisar passar pelo crivo do órgão de controle, hoje uma de suas principais atribuições.
Esses políticos entendem que a Anvisa demora muito tempo para liberar medicamentos importados e que isso prejudica os pacientes, principalmente os portadores de doenças raras.
Mais uma vez estamos querendo eliminar o boi para ficar livre dos carrapatos.
Se o problema é a demora na liberação do medicamento, não seria mais interessante tentar agilizar esse processo? Não seria mais interessante que a Anvisa fosse adequada às reais necessidades dos brasileiros?
Esquecem esses parlamentares que a Anvisa trabalha exatamente para proteger a saúde dos brasileiros.
Um dos aspectos avaliados pela Anvisa para autorizar um medicamento, por exemplo, é o estudo de estabilidade para garantir que o medicamento mantenha sua qualidade durante todo o prazo de validade.
Como o Brasil é mais quente e úmido que os países europeus, que os Estados Unidos e que o Japão, existem requisitos de estabilidade específicos para o território nacional.
Outra questão apontada pela Anvisa é que nem sempre os estudos conduzidos em medicamentos internacionais consideram as especificidades da população brasileira quanto aos aspectos epidemiológicos.
Assim sendo, como defender tal prática em território brasileiro?
Não podemos ir com tanta sede ao pote.
O problema existe. Existe e é grave, todos nós sabemos.
Mas não é por isso que devemos queimar etapas em questão tão delicada.
Ao lançar mão de um medicamento fabricado no exterior, os profissionais brasileiros precisam ter a garantia de que esse remédio dará o resultado que todos esperam. Sem os procedimentos necessários de pesquisa fica impossível essa garantia.
A proposta pode até ter boa intenção, afinal quer agilizar o atendimento desses pacientes, mas não se pode agir de forma irresponsável e açodada numa situação em que o que está em jogo é a vida humana.
Pensemos nisso.