Estamos começando junho, o mês mais caipira do Brasil.
Estamos iniciando o mês de junho, o mês dos santos casamenteiros.
Estamos iniciando o mês de Santo Antônio, de São João e de São Pedro, os santos mais
festeiros e mais identificados com o Nordeste brasileiro.
Estamos entrando no arraiá da nossa infância já tão distante, estamos entrando no arraiá das
nossas lembranças.
Estamos voltando às nossas fogueiras, ao pau de sebo, às quadrilhas; estamos, enfim,
voltando ao sabor de antigamente.
Estamos voltando às rodas da alegria cabocla, aquela alegria brejeira que tanto nos encantou ao longo dos anos.
Estamos novamente vivendo aquele momento mágico que tanto nos embalou; estamos
voltando à beira da fogueira para ouvir estórias de caboclos destemidos e de bichos do mato; estórias de sabedoria e de ignorância.
Estórias como a da Cabocla Teresa, a bela morena cruelmente assassinada por um marido ciumento e analfabeto.
No mês de junho, como diz o poeta, Chegou a hora da fogueira/
O céu fica todo iluminado/
Fica o céu todo estrelado/
Pintadinho de balão/
Pensando na cabocla a noite inteira/
Também fica uma fogueira/
Dentro do meu coração.
Viver os festejos juninos é voltar ao passado, ao tempo de nossos avós e de nossos pais.
É voltar à ingenuidade e às brincadeiras de infância.
É voltar às simpatias.
É voltar ao tempo em que se colocava uma imagem de Santo Antônio de cabeça para baixo atrás da porta, dentro do poço ou até mesmo em um copo d’água e só a tirava de lá quando o pedido era atendido.
É voltar ao tempo em que se tirava até mesmo o Menino Jesus do colo de Santo Antônio para
só devolvê-lo quando a (o) namorada (o) chegasse.
É voltar à noite de São João com suas simpatias para a mulher descobrir o nome do marido ou
para o homem descobrir o nome da esposa.
É noite de enfiar uma faca virgem em uma bananeira e no dia seguinte a primeira letra do
nome da pessoa com quem você vai se casar aparecer na lâmina.
Noite de São João, noite também para surgir da água de uma bacia um papel com o nome do futuro marido.
E assim o tempo passa sem que você perceba que o dia está raiando e que, logo logo, será o
dia de São Pedro.
Dia de se festejar o dono da chave do céu.
E, pelo visto, o velho Luís tinha mesmo razão:
Olha para o céu, meu amor,
E veja como ele está lindo!
Falo sempre de felicidade e da obrigação que temos de ser feliz.
Ser feliz é, sem dúvida, uma obrigação de todos. Deus quer e sempre quis a felicidade de seus filhos. Impossível, no entanto, falar em felicidade e em ser feliz e ignorar este texto do padre Fábio de Melo.
A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a ideia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.
Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes.
Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos.
Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós, será plantação que poderá ser vista de longe…
Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que “debaixo do céu há um tempo para cada coisa!”
Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.
Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!
Infelicidade, talvez seja o contrário.
O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes… Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!
Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.
Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores…
Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.
Cuidado com os amores passageiros… eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam…
Cuidado com os invasores do seu corpo… eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem…
Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar… eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena…
Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí… elas costumam estragar o nosso referencial da verdade…
Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos… elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.
Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.
Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.
Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar e o que amar nessa vida.
Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito…
A vida ainda não terminou. E, já dizia o poeta, os sonhos não envelhecem…”
O Brasil vive há algum tempo entre dois extremos.
De um lado a extrema esquerda, do outro a extrema direita.
São visões diferentes para um mesmo problema. São visões que se chocam, são visões, diria, até impossíveis de uma convivência civilizada no Brasil. Nossa educação ainda não alcançou nível tão elevado, infelizmente.
O historiador e sociólogo Marco Antônio Villa alertava, ainda em 2018, para os perigos do extremismo.
O perigo do extremismo – dizia ele – é transformar a disputa eleitoral em uma guerra. Ao invés de adversários, construir inimigos. Com inimigos não se convive. O ódio passa a ser o elemento motor. A exclusão do outro precede o ato de simplesmente ouvir. A desqualificação antecede o argumento. A divergência é substituída pela raiva. O conhecimento é substituído pela ode à ignorância.
Até parece que Marco Antônio Villa escreveu isto ontem à noite. Mas não foi.
Marco Antônio Villa, com sua lucidez, conseguiu enxergar os fatos de hoje quando eles ainda se encontravam numa região nebulosa e distante.
Nos regimes democráticos, as disputas ocorrem no campo das ideias e não geram inimizades intransponíveis. O ódio não pode se sobrepor aos interesses nacionais.
Enfrentar os extremismos é o grande desafio de todos nós.
Enfrentar os extremismos, não só do processo eleitoral, mas de viver numa democracia é o desafio do Brasil.
Ser extremista não pode significar ser cego. Mesmo o extremista de direita ou de esquerda tem que pensar no bem do país.
Defender ou agir em defesa do quanto pior melhor pensando na eleição seguinte, não é justo.
O Brasil de hoje não comporta isso.
O Brasil de hoje exige de todos nós – de todos nós de direita e de todos nós de esquerda, assim como de todos nós de centro ou de qualquer outra posição dentro de campo – uma ação firme em defesa da pátria ameaçada.
Precisamos agir – todos nós – em defesa da pátria ameaçada pela corrupção, da pátria ameaçada pelos descalabros.
Precisamos trabalhar – todos nós – em defesa daquilo que nos é mais caro e nada pode nos ser mais caro que a pátria.
Como disse Rui Barbosa, o sentimento que divide, inimiza, retalia, detrai, amaldiçoa, persegue, não será jamais o da pátria. A Pátria é a família amplificada.
A pátria não é um sistema, nem é uma seita, nem um monopólio, nenhuma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade.
As estatísticas no Brasil continuam sendo uma grande tristeza. A cada levantamento que se faça, infelizmente, nossa situação só piora.
O palestrante e consultor Ivan Maia conta que se somarmos a população do Uruguai, da Nova Zelândia e da Irlanda não alcançaremos o número de analfabetos que temos no Brasil.
No total, somos 50 milhões de brasileiros analfabetos ou semiletrados.
Se juntássemos todas essas pessoas e formássemos um país chamado Analfabetolândia esse país seria o 28º mais populoso do mundo. Mais populoso que a argentina, por exemplo.
Daqueles que leem no Brasil quase ninguém ler de verdade.
Um número assustador de 30% dos brasileiros afirma nunca ter adquirido um único livro em toda a vida.
E o que dizer dos nossos professores?
Nossos professores, que recebem um salário de fome, também leem muito pouco. Segundo o Ibope, quando questionado sobre o titulo do último livro lido, metade deles respondeu nenhum; e 22% citaram apenas a Bíblia.
Tente imaginar.
Como é que pessoas assim podem estar capacitadas para uma missão tão importante? Mas não dar para pensar diferente com aquilo que se paga, afinal um presidiário ganha mais que um professor no Brasil.
Fora da escola a pobreza é um estado de espírito contagiante.
Trinta e cinco milhões de brasileiros não possuem sequer acesso a agua tratada. É como se tivesse um Canadá inteiro dentro de casa sem uma única torneira jorrando água. É o caos.
Mais de 100 milhões de pessoas – mais que a população da Alemanha – não têm aceso a coleta de lixo; mais de 4 milhões deles não tem um único banheiro dentro de casa.
Quase metade do que ganhamos vai parar nos bolsos do governo.
Temos o Judiciário mais caro do ocidente; o sistema de saúde pública mais ineficiente do mundo e o segundo congresso mais oneroso que se tem noticia no planeta.
Somos o pior país do mundo em retorno de impostos ao cidadão;
O Brasil é atualmente a economia mais fechada do G20 e o 10º pais do mundo mais complicado para se fazer negócios. É o líder global no item encargos trabalhistas e de burocracia fiscal e o 5º menos competitivo do planeta.
O resultado disso tudo é inevitável: subdesenvolvimento crônico.
Somos um povo estuprado diariamente, mas festejamos o estuprador.
Precisamos deixar de ser um povo alienado.
Se não for assim vamos ter que escolher outra saída, por terra, por mar ou pelo ar.
27 de maio de 2009, 17 horas, talvez um pouco mais ou um pouco menos.
O sol descia, numa típica tarde de interior e tudo parecia caminhar para o final de mais um dia sem novidades na pequena cidade de Cocal, na região Norte do Piauí.
Parecia… Só parecia…
De repente, mais que de repente, o alarme, o medo e o desespero invadiram a tarde tranquila que se anunciava.
A barragem de Algodões rompeu.
Concretizava-se ali, naquele momento, uma tragédia há muito anunciada. Concretizava-se, ali em Cocal da Estação, uma das piores tragédias já vividas pelos piauienses.
Materializava-se ali, naquele momento, uma tragédia com nove mortos, uma tragédia que acabou com a vida de centenas de famílias que perderam tudo e ficaram sem ter nem mesmo como sobreviver. Famílias que perderam casa, gado, animais de pequeno porte. E o pior: perderam a esperança, perderam a fé, perderam a vontade viver.
No dia seguinte, num cenário de terra arrasada, ouvi de uma senhora aos prantos:
”Porque a água não me levou junto?
Nunca consegui esquecer aquele momento. Um momento de tristeza e de muita dor.
Mas, infelizmente, muitos esqueceram.
Muitos que jamais deveriam esquecer aquela tragédia esqueceram. Esqueceram não apenas a tragédia, esqueceram a própria responsabilidade naquele triste episódio.
A própria justiça fez sua parte, quando arquivou o processo que tratava do assunto. E arquivou o processo alegando que não teve tempo para aprecia-lo, mesmo após oito longos anos de tramitação.
A sabedoria nos ensina que se as feridas do teu próximo não lhe causam dor, a sua doença é pior do que a dele.
A dor de Algodões não nos incomoda mais, esta é a verdade. Esta é a nossa grande verdade.
Os responsáveis pela tragédia, inocentados pelo decurso de prazo da justiça, hoje celebram e festejam a vida em seus palácios. As famílias destroçadas pela barragem de Algodões choram seus mortos, choram sua dor e suas mágoas num vale destruído pela força das águas e pela incompetência e a insensibilidade de muitos.
As vítimas de Algodões não merecem apenas as cruzes no pequeno cemitério da cidade. Eles merecem respeito, merecem respeito à sua memória, o justo respeito que se deve a pessoas honradas e trabalhadoras.
Aos sobreviventes devemos as honras devidas aos heróis. Eles são verdadeiros heróis.
São heróis que nunca desistiram da luta pelos seus direitos, apesar da crueldade com que são tratados todo esse tempo.
Mas, de qualquer forma, nos resta a certeza de que a justiça divina não tardará aos que forem justos; Deus enxugará de seus olhos toda a lágrima e não haverá mais mortes, nem clamor, nem prantos e nem dor.
“Numa semana, acordei e decidi que eu não tinha mais o que fazer nesse mundo. Pensava que talvez fosse melhor para todos se eu não estivesse mais presente. Planejei tudo e segui com o meu dia normalmente. Fui ao estágio, conversei com alguns colegas sobre a minha vida, queria que elas tivessem uma lembrança boa de mim, alguma empatia.
Meu namorado ia para casa depois do trabalho, queria que ele me encontrasse já sem vida. Mas meu corpo não desligou e eu continuei consciente. Eu ainda estava acordada, mas meu corpo não respondia. Eu só chorava esperando a morte e chorava por estar me vendo morrer sem conseguir me mexer.
Foi quando a vida resolveu que eu merecia uma chance. Meu namorado voltou duas horas mais cedo do trabalho. Me pegou no colo, me colocou no carro e me levou ao hospital. Eu não lembro muito dessa parte. Acordei três dias depois na UTI”.
Este, naturalmente, é o depoimento de uma pessoa que em determinado momento achou que não deveria mais viver. Tinha que morrer. Mas é também um depoimento que confirma a tese de que o suicida não quer morrer.
O suicida não quer morrer, mas vive morrendo.
Vive morrendo por que nem sempre se tem uma segunda chance de viver.
Ao não consumar o ato, imediatamente essa pessoa passou a querer viver. Percebeu, já nos últimos instantes, que morrer não é a solução.
Morrer nunca é a solução. A solução é viver.
A solução é encarar a vida, lutar e vencer, tonar-se um vencedor.
Nada está perdido antecipadamente, acredite nisso.
O suicídio que nos choca não é e nunca será o encaminhamento mais eficaz para um problema, por mais grave que seja esse problema..
Temos que ter em qualquer situação, a vontade de viver. Acima de tudo a vontade de viver.
A vontade de morrer nunca, em hipótese alguma, pode se sobrepor a vontade de viver.
Todos nós temos que ter consciência disso.
Para os males do corpo e da alma há sempre uma saída, há sempre um remédio e nenhum deles atende pelo nome de suicídio.
O objetivo da vida, afinal, não é responder a todas as questões que ela levanta, mas saber desfrutar dela e ser feliz mesmo assim.
A vida exige de cada um de nós muita fé. Precisamos ter fé sempre.
A vida – não podemos esquecer – é uma longa estrada com muitas armadilhas, com muitos truques e muitas tentações.
Mas a fé em Deus vai nos levar sempre em frente.
E fazer com que a vida seja sempre bela.
Muito bela.
Você é feliz?
A pergunta vem a propósito da confusão que muita gente faz sobre felicidade.
Algumas pessoas confundem felicidade com dinheiro, outras confundem com carro novo, com casa nova, mas ser superior não significa ser feliz.
Todos nós temos necessidades físicas e emocionais que precisam ser satisfeitas para alcançar a felicidade.
Felicidade é o estado de quem é feliz, é uma sensação de bem estar e contentamento que pode ocorrer por diversos motivos.
A felicidade é um momento durável de satisfação, onde o indivíduo se sente plenamente feliz e realizado, um momento onde não há nenhum tipo de sofrimento.
Goethe, uma das mais importantes figuras da literatura alemã, ensina que não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.
Vários filósofos já estudaram e analisaram a felicidade. Para o grego Aristóteles, a felicidade diz respeito ao equilíbrio e harmonia praticando o bem; para o também grego, Epicuro, a felicidade ocorre através da satisfação dos desejos; Pirro de Élis também acreditava que a felicidade acontecia através da tranquilidade. Para o filósofo indiano Mahavira(Mávira), a não violência é um importante aliado para atingir a felicidade plena.
Os filósofos chineses também pesquisaram sobre a felicidade. Para Lao Tsé, a felicidade poderia ser atingida tendo como modelo a natureza. Já Confúcio acreditava na felicidade devido à harmonia entre as pessoas.
A ativista norte-americana Helen Keller, por sua vez, acha que quando uma porta da felicidade se fecha, outra se abre, mas costumamos ficar olhando tanto tempo para a porta que se fechou que não vemos a que se abriu.
Freud defendia que todo indivíduo é movido pela busca da felicidade, mas essa busca seria uma coisa utópica, uma vez que para ela existir, não poderia depender do mundo real, onde a pessoa pode ter experiências como o fracasso. Por isso, o máximo que o ser humano poderia conseguir, seria uma felicidade parcial.
Felicidade, define Mário Quintana, é como uma brincadeira do avozinho infeliz:
Quantas vezes a gente, em busca da ventura, procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
Vinicius de Moraes tem outra definição:
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar.
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor.
Traduzindo:
Tristeza não tem fim
Felicidade sim.
“A esperteza um dia é descoberta e vira vergonha. A honestidade se transforma em exemplo para as próximas gerações. Uma corrompe a vida; a outra enobrece a alma.” (Chico Xavier)
Chico Xavier, o mais conhecido médium brasileiro, foi um homem do bem.
Chico Xavier foi um homem iluminado e que devotou toda sua vida a ajudar ao próximo.
O mundo não é dos espertos, o mundo é dos honestos, dizia ele.
Para Marcel Camargo, mestre em História pela Unicamp, se olharmos à nossa volta, teremos uma visão pouco otimista sobre a vida, uma vez que muita gente sem caráter vive em meio ao luxo e à riqueza.
Chegaremos a duvidar da máxima que diz ser o tempo implacável na colheita do que cada um semeia, afinal, tem muita gente que semeia discórdia mas não parece colher tempestade alguma, muito pelo contrário.
Isso ocorre porque nossa sociedade supervaloriza as aparências, as conquistas materiais e tudo o que se pode consumir. Relacionamos automaticamente o poder de compra de uma pessoa ao seu grau de felicidade, ou seja, revolta-nos, por exemplo, políticos corruptos desfrutando de dinheiro público impunemente. E, mesmo no nosso convívio social, não entendemos algumas pessoas fúteis e mesquinhas vivendo em luxuoso conforto material.
Na verdade, porém, pouco ou nada sabemos sobre o que acontece na vida particular de cada um, tampouco sobre o quanto estão lutando contra a própria consciência, porque é quase impossível concebermos que alguém possa dormir tranquilamente enquanto desvia dinheiro público da educação ou da saúde.
Nem imaginamos como uma pessoa consegue acabar com a vida de alguém e seguir tranquilamente orando aos domingos.
Mesmo que pareçam se tratar de maldades impunes, tais pessoas não devem conseguir se olhar no espelho sem um mínimo de vergonha.
Não podem se sentir bem o tempo todo, sem que a culpa lhes assombre os pensamentos, mesmo que por alguns instantes.
A punição, às vezes, implica ter que seguir com o peso do que se destruiu, vivendo uma tempestade íntima e interminável. Ninguém vê ou percebe, mas a pessoa há de sofrer dentro de si.
Ainda que se diga o contrário, o mundo não é dos espertos, a não ser apenas o que se relaciona àquilo que se compra, mas ninguém leva consigo, dentro do coração.
O mundo é dos honestos, que engrandecem o mundo, tocando a vida das pessoas no que elas possuem de melhor. E é essa grandeza que fica, é essa grandeza que se leva, porque ilumina, porque cura, multiplica-se e salva.
E se eterniza.