27/12/2024

Chico Leal

 Tudo passa

10 de setembro de 2020

A esperança, diz o ditado popular, é a ultima que morre.

Mas vivemos uma época em que é difícil manter viva a esperança.

É muito difícil ter esperança num país atolado em corrupção e que não preza mais os seus valores éticos.

Olhamos para trás e às vezes temos a sensação de que fizemos tudo errado. E quando isso acontece geralmente ficamos desolados e a esperança, que já era pequena, desaparece por completo.

Mas a vida segue.

Mesmo que você esteja sem esperança, levante a cabeça e siga em frente.

Ande para frente porque o relógio do tempo não anda para trás.

Seguir em frente é importante; seguir em frente é necessário.

Seguir em frente não é uma opção, é uma obrigação.

Quando passamos por momentos complicados e adversos, há uma parte do nosso cérebro que nos encoraja a avançar. É a voz da lógica.

Sobre isto tudo, me acorre neste momento palavras do médium brasileiro conhecido mundialmente Chico Xavier.

Chico Xavier, que também teve suas dificuldades e as enfrentou de cabeça erguida, certa vez escreveu sobre essa situação.

Tudo passa…

Todas as coisas na Terra passam.

Os dias de dificuldade passarão…

Passarão, também, os dias de amargura e solidão.

As dores e as lágrimas passarão.

As frustrações que nos fazem chorar… Um dia passarão.

A saudade do ser querido que estar longe, passará.

Os dias de tristeza…

Os dias de felicidade…

São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal

as experiências acumuladas.

Se, hoje, para nós, é um desses dias,

repleto de amargura, paremos um instante.

Elevemos o pensamento ao Alto

e busquemos a voz suave da Mãe amorosa, a nos dizer carinhosamente: isto também passará.

E guardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre, semelhante a enorme embarcação que, às vezes, parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.

Mas isso também passará… Jesus está no leme dessa Nau e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da humanidade e que um dia também passará.

Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro porque essa é a sua destinação.

Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos, sem esmorecimento e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo, também passará.

Tudo passa…

Exceto Deus!

(Do livro Opinião com Chico Leal)

9 de setembro de 2020

Vez por outra a gente escuta alguém falar que o Piauí é um estado rico.

Esse discurso, aliás, vem de muito longe, embora tenha ganho um certo incremento nas  últimas décadas.

O Piauí é um estado de incontáveis belezas e de inúmeras riquezas na área mineral, no turismo, na agricultura, enfim, o Piauí é aquilo que se pode chamar de estado abençoado por Deus e pela natureza.

Contam que temos uma invejável jazida de ferro e uma imensa quantidade de ouro; temos níquel, diamantes e mármore em abundância.

Temos altíssimas reservas de gás e petróleo; temos o único Delta das Américas e somos o berço do homem americano.

Por último descobriram o nosso enorme potencial eólico, tanto no litoral como no interior, em pleno semiárido. É tanto vento que vamos nos transformar logo, logo no maior fornecedor de energia limpa do país.

Tudo isso pode ser verdade.

Falta apenas, como diria Garrincha, combinar com os russos.

Em décadas de muita falação, nosso ouro, nosso cobre e nosso níquel não conseguiram aflorar. Permanecem nas profundezas da terra, sem qualquer benefício para o estado.

O mármore de Pio IX, sem igual no Brasil – só comparado ao mármore de Carrara, na Itália – já é explorado há bastante tempo, mas os resultados benéficos até hoje não são conhecidos. Pio IX continua uma cidadezinha pobre, à mercê das chuvas para que a população possa plantar o que comer.

Nosso petróleo na bacia do rio Parnaíba não consegue jorrar uma única gota; o gás continua onde sempre esteve.

Nossos ventos, até hoje, não produziram praticamente nenhum retorno econômico.

O delta do Parnaíba, de beleza incomparável, o único em mar aberto, uma raridade das Américas localizada exatamente no Piauí, não consegue ser a redenção do nosso turismo.

E o Parque Nacional da Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato? Nosso berço do homem americano não consegue sobreviver sem a mão nem sempre generosa do governo, do dinheiro público.

Como no Delta, falta o turista endinheirado para garantir a sobrevivência.

Mas nem tudo está perdido.

Descobriram também que somos a última fronteira agrícola do Brasil, com potencial para alimentar o mundo.

Nossos cerrados são os que oferecem a maior produtividade de soja por hectare. Mesmo assim, continuamos na rabeira dos demais estados produtores.

Embora crescente, nossa produção não  consegue chegar nem perto da produção do Maranhão e da Bahia, por exemplo.

È difícil, muito difícil mesmo, imaginar o Piauí um estado rico. No máximo, somos um rico pobre, sentados à beira de um caminho que não nos indica nenhum futuro promissor.

Na verdade, nossa redenção continua sendo aquilo que nunca deixou de ser: apenas discurso, relembrando sempre a mesma história de um pobre menino rico.

Fracasso

8 de setembro de 2020

Neste Dia Internacional da Alfabetização, temos muitos

motivos para preocupação.

Dados do IBGE mostram que no Piauí 41% das pessoas com 60 anos ou mais são analfabetas.

O Piauí tem a segunda maior taxa de analfabetismo entre idosos do país. No Brasil, são 18%.

O levantamento também aponta diferença na proporção de idosos analfabetos de acordo com a cor ou raça. Entre as pessoas de cor ou raça branca com 60 anos ou mais no Piauí, 31% são analfabetas. Já entre os idosos de cor ou raça preta ou parda, o percentual é de 43%.

No Piauí, as pessoas com 60 anos ou mais de idade possuem 4,2 anos de estudo em média. Entre aqueles com 25 anos ou mais de idade, a média chega a 7,6 anos. Considerando as pessoas com 15 anos ou mais de idade, a média quase dobra em relação à população idosa, alcançando 8,1 anos de estudo.

A média de anos de estudo para as pessoas com 25 anos ou mais de idade, ou seja, aquelas que já poderiam ter concluído o processo de educação formal, tem o segundo menor índice do país no Piauí, com 7,6%, juntamente com o Maranhão. Neste quadro somente Alagoas teve média de anos de estudo menor que o Piauí entre as pessoas com 25 anos de idade ou mais.

A média de anos de estudo também varia conforme a cor ou raça no Piauí. Entre as pessoas de cor ou raça branca, o número médio é de 9,1 anos de estudo. Já entre os de cor ou raça preta ou parda, a média fica em 8 anos de estudo.

No Piauí, a taxa de analfabetismo a partir dos 15 anos de idade é de 16%. O estado possui a terceira maior taxa de analfabetismo entre as pessoas com pelo menos 15 anos. Estamos empatados com a Paraíba e atrás apenas de Alagoas.

O índice de 16% alcançado pelo Piauí é mais do que o dobro verificado para o Brasil, que foi de 7% em 2019.

Os números mostram claramente que continuamos na vice lanterna brasileira quando se trata de analfabetismo.

Infelizmente a educação piauiense não merece elogios. Os números, as estatísticas não permitem.

Para quem sempre defende igualdade entre raça e cor  como explicar, depois de tanto tempo, esse imenso fosso a separar brancos e negros no Piauí?

Por que nunca conseguimos avançar? Incompetência ou descaso?

Com a palavra o gestor!

A independência

4 de setembro de 2020

Na próxima segunda-feira, sete de setembro, vamos comemorar mais um aniversário de nossa independência.

Como todas as festas cívicas de 2020, será uma comemoração diferente. Será uma comemoração sem desfiles, sem pompas, por conta das circunstâncias. Fazer o que, afinal?

Vamos comemorar os 198 anos de nossa independência de Portugal no interior de nossas casas, com a família, com alguns poucos parentes, ou mesmo sozinho. Os ditos protocolos oficiais exigem que seja assim. Então, que assim seja.

Nessa – vamos dizer – antevéspera do bicentenário da independência nacional temos alguma coisa a comemorar realmente ou nossa independência tem algemas, como diz o poeta Manoel de Barros?

Somos independentes de Portugal desde 1822, é fato. Infelizmente somos dependentes, ou melhor, somos reféns de muitas outras coisas.

Somos independentes, é verdade, porém reféns de uma violência sem fim; quando saímos de casa não sabemos se voltaremos vivos, afinal os bandidos estão soltos, estão em cada esquina à espreita de suas presas, que pode muito bem ser um de nós, qualquer um.

Somos independentes sim, mas não temos liberdade, não temos mais sequer o direito de ir e vir.

Somos independentes, é verdade, mas roubam nosso dinheiro e não se tomam providências; a vida é assim mesmo, dizem alguns.

É assim mesmo? Desde quando roubar dinheiro público tem que entrar na conta do é assim mesmo, do faz parte?

É assim mesmo ou estamos acovardados diante dos poderosos? Tudo na vida tem um motivo, tem uma razão de ser. Talvez os poderosos estejam tão fortes, tão grandes e ameaçadores porque eu e você continuamos de joelhos. Você já pensou nisso?

Tivéssemos vividos em tempos outros, certamente estaríamos envergonhados.

O que fizemos ou em algum momento deixamos de fazer para permitir que o Brasil tomasse o rumo que tomou? É bom refletir sobre isso.

O Brasil de hoje envergonha o Brasil dos nossos antepassados e dos nossos heróis.

Até quando vamos agir assim. Até quando vamos viver de joelhos, acovardados?

Precisamos reagir. A caminhada parece ser desencorajadora, mas só parece.

Quando o povo de uma nação quer mudar o seu destino ele muda, muitos já provaram isso.

Temos que ter o sonho de um novo Brasil.

Como diz o poeta:

Eu sonho com um Brasil limpo,

com qualidade na saúde e educação.

Eu sonho com um Brasil Justo,

com segurança.

Eu sonho com um Brasil de fartura.

Eu sonho com um Brasil de paz,

com união entre as pessoas.

Eu sonho com um Brasil alegre,

sem violência e morte.

Vamos fazer a nossa parte!

Tempos de criança

3 de setembro de 2020

Ataulfo Alves, grande compositor mineiro, escreveu em 1956 a música Meus Tempos de Criança, música que ele próprio considerou como a sua grande  obra, sua obra prima em 35 anos de carreira.

Na música Ataulfo lembra sua infância na pacata cidade de Mirai, no interior de Minas Gerais, onde viveu até os 18 anos.

A missa aos domingos, a professorinha das primeiras letras, o primeiro amor, as travessuras, o jogo de botão pelas caçadas…

Está tudo lá.

Ataulfo Alves, nessa sua extraordinária composição, além de retratar a vida pacata do interior – igual à vivida por muitos de nós – também chamava a atenção para uma questão que ainda hoje nos intriga.

Por que a gente cresce?

Por que a gente cresce se não sai da gente essa lembrança?

Bom mesmo é ser criança.

Alguém já disse que, quando crianças, sorrimos com tudo em nossa volta, esquecemos o perigo e os riscos.

Simplesmente não nos lembramos do medo da morte e nos agarramos a sorte.

Agarramo-nos a sorte de ter pessoas a cuidar de nós, sem a necessidade de lembrar que é preciso lutar.

Bons tempos os de criança.

Por que, então, que a gente cresce?

A criança não precisa saber de crise política nem de crise econômica;

Não precisa saber de corrupção nem de violência;

A criança não precisa saber de nada da realidade que a cerca.

A criança tem apenas uma obrigação.

A criança tem a obrigação de ser feliz.

Simplesmente isso.

Tem a obrigação de ser feliz.

A grande dúvida hoje reside em saber se nossas crianças são realmente felizes.

Como saber se uma criança é feliz se raramente se tem tempo para ela?

Nesse mundo louco, de muita correria, nem os pais lembram dos filhos.

Entregam-no a uma babá ou à responsabilidade de uma escola.

Os pais nunca têm tempo e geralmente a felicidade da criança passe a ser tarefa de outros.

Estamos terceirizando – por mais incrível que possa parecer – até mesmo a responsabilidade pela felicidade de nossos filhos.

Longe vão os tempos descritos por Ataulfo Alves em sua composição inesquecível.

Longe vão os tempos da missa na matriz, do jogo de botão pelas calçadas;

Longe vão os tempos de Mariazinha, longe vão os tempos daquele sofrimento doído pelo primeiro grande amor que se foi.

Longe, infelizmente, vão aqueles tempos em que todos tinham a obrigação e o dever de ser feliz.

Ficaram, como na música de Ataulfo Alves, apenas as saudades e a pergunta ainda sem resposta:

Por que mesmo que a gente cresce?

Quem mente rouba…

2 de setembro de 2020

Quem mente rouba e quem mente e rouba também mata.

Com certeza você já ouviu isso muito mais do que uma única vez.

A frase cai com uma luva na situação em que estamos vivendo.

A roubalheira no Brasil não é nenhuma novidade. A novidade é o volume de recursos desviados dos cofres públicos para cofres particulares. Coisa de bilhões.

No início dos anos 60, o governador paulista Ademar de Barros ficou tristemente conhecido como o governador que rouba… mas faz. O rouba, mas faz era uma espécie de elogio a um governante que, apesar dos desvios de conduta e do roubo escancarado do dinheiro público, fazia obras.

Esta é a diferença dos anos 60 de Ademar de Barros e os tempos atuais.

Ademar roubava, mas fazia.

E hoje, quando só roubam e nada fazem?

Mas o que leva um político a roubar dinheiro público? Esta é a grande questão.

Talvez quando se encontrar uma resposta para este questionamento descubra-se, finalmente, um antídoto poderoso contra a corrupção.

O difícil está em se conseguir essa resposta e através dela se chegar a uma fórmula eficaz.

O político geralmente começa sua carreira com promessas mirabolantes que de antemão sabe que não vai cumprir; eleito, muda de conduta e passa a usar de artimanhas inimagináveis para desviar recursos públicos em seu próprio proveito, pouco se importando se aquele dinheiro desviado era da merenda escolar e que por falta de merenda escolar crianças estão morrendo de fome; pouco importa se o dinheiro desviado era o da compra de remédios para idosos e carentes; pouco importa se o dinheiro desviado era para armar as forças de segurança.

O que importa é que o dinheiro está em seu cofre ou em sua conta nos paraísos fiscais do exterior.

Daí a atualidade da frase quem mente rouba e quem mente e rouba mata.

Crianças e idosos a quem o poder público tem o dever e a obrigação de proteger, em  muitos casos continuam sem merenda escolar e sem remédios; a população está morrendo à falta de atendimento médico e pelas mãos dos bandidos, porque o dinheiro da segurança também foi roubado.

Em seu livro “O Caçador de Pipas”, o médico e romancista afegão Khaled Hosseini diz que existe apenas um pecado. Um só. E esse pecado é roubar.

Qualquer outro pecado é simplesmente a variação do roubo.

Quando você mata um homem, está roubando uma vida. Está roubando da esposa, o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai.

Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade.

Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça.

É exatamente isso que está acontecendo no Brasil.

Estão mentindo, roubando e matando.

E o pior, impunemente.

Madrasta vil

1 de setembro de 2020

A propósito da Semana da Pátria, que estamos iniciando neste terça-feira, lembrei-me de uma estudante carioca chamada Clarice Zeitel, de 26 anos de idade.

Ela venceu um concurso de redação da Unesco disputando com 50 mil estudantes do mundo inteiro. Concludente do curso de Direito no Rio de Janeiro, Clarice escreveu sobre como vencer a pobreza e a desigualdade.

A redação de Clarice, que tem o título de “Pátria Madrasta vil”, é também nossa opinião de hoje.

Escreveu ela:

“Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência…Exagero de escassez… Contraditórios??

Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.

Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.

O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada – e friamente sistematizada – de contradições.

Há quem diga que ‘dos filhos deste solo és mãe gentil.’, mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe.

Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.

A minha mãe não ‘tapa o sol com a peneira’. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.

E mesmo 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome.

Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação +liberdade + igualdade.

Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra… Sem nenhuma contradição!

É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!

A mudança que nada muda é só mais uma contradição.  Os governantes, às vezes dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar.

E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito.

Não aprendeu o que é ser cidadão.

Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura.

As classes média e alta – tão confortavelmente situadas na pirâmide social – terão que fazer mais do que reclamar – o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa -…

Mas estão elas preparadas para isso?

Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.

Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?

Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos…

Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente… Ou como bicho?

Meritocracia

31 de agosto de 2020

Que tal o Brasil, e o Piauí em particular, experimentar a meritocracia?

Meritocracia é um sistema fundamentado no mérito pessoal. É a forma de governo baseado no mérito.

As posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento e há uma predominância de valores associados à educação e à competência.

A meritocracia seria uma espécie de liderança dos mais capazes, liderança dos mais competentes, dos mais dotados, dos mais trabalhadores.

Trazendo, como exemplo, a meritocracia para o Piauí, seria assim.

Os cargos públicos seriam, todos eles, ocupados por méritos pessoais de conhecimento e de competência profissional.

Como consequência, desapareceriam as indicações para cargos públicos por apadrinhamento político, por favor, por ligações familiares.

Num governo meritório cada secretário, cada chefe de setor, de departamento, seria uma pessoa com conhecimentos técnicos para gerenciar sua área de atuação.

Não necessariamente um deputado aliado ou filho de político.

Há, no entanto, quem discorde desse sistema de administrar.

Há quem considere que o sistema de mérito se mostra injusto, discriminatório e segregacionista.

Há quem considere que a meritocracia cria sérios problemas burocráticos, sociais e políticos nas sociedades onde esse sistema é aplicado.

A discussão sobre a meritocracia é necessária, principalmente no setor público.

Nas últimas décadas, a política brasileira ganhou contornos inimagináveis.

O apetite dos políticos ficou mais apurado, mais voraz, com a necessidade que passaram a sentir de perpetuação da espécie.

E essa perpetuação da raça passa necessariamente, passa obrigatoriamente, pela nomeação da própria família para os mais vistosos cargos públicos.

È comum – todos observam isso – a nomeação do filho, do tio, e às vezes da própria mulher para secretarias, porque fazendo assim consideram estar garantida a ordem sucessória na política.

Com o favoritismo familiar, às vezes fica até difícil calcular quanto certas famílias importantes levam de dinheiro público para casa ao final do mês.

A meritocracia seria – segundo especialistas -uma maneira de acabar com isso.

Seria uma maneira de se combater aquela situação triste em que pessoas competentes e qualificadas passam a vida inteira na periferia da gestão pública.

Aliás, pessoas competentes e qualificadas que não conseguem expor suas ideias sobre determinados questões, que sequer conseguem ser ouvidas por uma elite política burra que ascende ao poder exclusivamente pelas ligações familiares.

Neste momento de imensas dificuldades, por que não abrir oportunidades para a meritocracia?

Pelo que se pode observar no horizonte não há nenhuma saída para o futuro enquanto o poder permanecer nas mãos dos mesmos.

A saída para tudo pode está exatamente na substituição dos principais atores desse espetáculo dantesco que já estamos cansados de assistir.

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