Na verdade, faz muito tempo que no Brasil não há problemas de produção de energia, especialmente porque a GERAÇÃO é interligada num único operador, o ONS.
O problema real é DISTRIBUIÇÃO de energia com a qualidade desejada e sua manutenção.
A energia do SOL e dos VENTOS, recursos naturais que estão sendo bem aproveitados, ensejará uma mudança para melhor na matriz energética nacional.
Portanto, essa conversa de exportação de energia porque a produção cresceu é conversa destinada a causar boa impressão em muitos que pensam pouco: veja como o Piauí vai bem!!!!
E já começa com um considerável atraso, sem justificativas críveis. Para formar este governo, o eleito para um quarto mandato levou seis meses de reflexões e diálogos. Depois de todo esse tempo, fez a pior opção para o Estado e a melhor para ele, particularmente: uma equipe de auxiliares que sendo bem condescendente, pode ser chamada de a grande família, onde políticos de raiz, pais e filhos, irmãos e primos e outros tipos de parentes prevaleceram. Infelizmente tem sido assim. A força do velho QI que tanta alegria fez na política passada continuará na política presente. Queira Deus não persista no futuro.
O critério fundamental para uma boa equipe é a compatibilidade entre perfil e função. Isto não foi considerado, salvo honrosas exceções. Não é tese ou conselho. É fato.
Compartilhar o poder com aliados da eleição não é feio nem é crime. Feio mesmo é deixar em plano secundário os reais interesses do Piauí e de sua população na escolha de pessoas que já não tem nada a apresentar ou melhorar – tornaram-se velhos conhecidos, a repetir conceitos, métodos e objetivos cujo foco é a luz do próprio umbigo.
Um governo pode e deve ser feito com a ajuda de aliados cuja competência para a função escolhida não se duvide. Aliados e leais companheiros com identidade de ideais e propósitos. Mas onde o quem indica não seja o princípio, o meio e o fim. Quando antes tanto já se falou sobre capitanias hereditárias como um mal de gestão, no Piauí parece ser essa a condição fundamental para exercício do Poder.
Até parece que o injustificável adiamento do início do trabalho tem como verdadeira motivação fazer um caixa irracional, deixando que os serviços essenciais a serem prestados à população se esfacelem rapidamente, em nome tão somente do pagamento da folha de salários e levando ao sacrifício tudo o mais.
Que o governo tenha tornado-se uma mera ficção de gosto duvidoso não tem quem não tenha percebido. Agora, nada fazer, nada tentar, fazer de conta que tudo está andando às mil maravilhas e que tudo o mais pode esperar, é patológico. Só pode!
Com a equipe nomeada, foi realizada uma reunião geral dos auxiliares com o Governador. Para quê? Para que fossem informados das promessas feitas na eleição de 2018 ( como se os que estão aí não soubessem que nada houve); para que tenham como instrumento de trabalho o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – que se pretende atingir, de alto desenvolvimento. Porque compromissos sérios e específicos, esses não precisam de discussão, aprofundamento e orientação.
O que se pode deduzir com facilidade é que Sua Excelência apontou o rumo de onde quer chegar, mas preferiu deixar a escolha do caminho e dos obstáculos a vencer para cada membro da equipe, que deverá atuar de forma integrada.
O discurso genérico e balofo encontrará naqueles de boa vontade e desejo de trabalho a busca de reflexão, informação e estudo. Tentarão buscar um caminho, ou vários para atender à orientação. Nos demais, terá entrado por um ouvido saído pelo outro.
Nos primeiros, após consultar o orçamento previsto para suas pastas no ano de 2019, assaltará a velha dúvida: de onde virão os recursos para fazer o custeio adequado do órgão ( a famosa cota) e os investimentos que forem eleitos, mas estão sem o financeiro disponível. Nos demais, ficará somente a interrogação de quanto vão conseguir liberar para gastar( livremente), já que é voz geral que orçamento é pra ser descumprido, mesmo.
Bom lembrar que ante a crônica necessidade de recursos de tudo e para tudo, Sua Excelência conta com a capacidade da equipe em ir garimpar verbas em Brasília e trazê-las livres e desimpedidas para o Tesouro Estadual. Em cada membro, um negociador hábil e preparado para articulações e oferta de alternativas, circunstância que confirmará ou não sua capacidade de gestão.
Brasília, envolta em crises intermináveis e clima pesado, sob forte nevoeiro oferecerá à legião piauiense de negociadores, café quente, água gelada, ar condicionado perfeito e chá de cadeira.Em grandes quantidades. Resposta na ponta da língua: vamos ver como é que fica; volte daqui a trinta dias.
Na primeira audiência conseguida pelo escolhido auxiliar, em particular, ouvirá do governante que deverá estreitar relações com o Secretário Estadual de Fazenda e prever as programações de desembolso, as já famosas PD’s. Deste ouvirá o rosário de penúrias por que passa o cofre. Vazio ou quase, o dinheiro fica contado que nem dinheiro de cego, de lá só saindo sob expressa autorização e severa vigilância. Manja, tudo politicamente falando.
Desanimados, aqueles que querem dar o suor do trabalho por alguma realização irão buscar conforto nos seus esteios políticos e ouvirão a recomendação óbvia: te segura aí, as coisas vão melhorar. Enquanto isso, vai pendurando dívidas, mas faz devagar para não chamar atenção nem assustar, porque já-já será pedido um relatório dos primeiros dias de atividades.
Tudo isso está mais do que previsto. É fava contada. O tempo vai passar e caso não entre dinheiro novo de alguma maneira, irá repetir-se ao longo dos três anos. O governador, então será chamado a dar respostas em termos de resultados. Encontrará nos investimentos privados “ que estão transformando o Piauí”, através do internacionalmente copiado Programa de Parcerias Público-Privado. E no brilho do sol e na intensidade dos ventos que sopram por aqui.
Chegará a eleição de 2022: novas promessas , agora como em 2018, ancoradas nos objetivos de desenvolvimento sustentável lançados pela ONU, já que o Piauí acaba de ser consagrado como de alto desenvolvimento. E nem precisaremos olhar para os serviços essenciais de saúde, educação, segurança, assistência social e a construção de infraestruturas produtivas.O Piauí é outro.
O Balanço Geral do Piauí de 2018, considerado no contexto dos quatro últimos anos sob a batuta de Wellington Dias, está longe de trazer alegrias. Ele prova que o Piauí nada mudou e que tem poucas chances de mudar continuando coma mesma batida, fazendo a mesma opção pelo curto prazo das próximas eleições.
Este seria um dogma a ser rompido: vencer o curto prazo e passar a mirar o médio e o longo prazo de um projeto de Estado, verdadeiro.
Uma análise vertical e horizontal do comportamento do Balanço é reveladora dos desequilíbrios e riscos que ameaçam o Piauí.
Há uma névoa forte a encobrir as contas públicas piauienses. Dá pra enxergar, entretanto, que os problemas estruturais persistem e aceleram.
Em quatro anos nada, absolutamente nada, foi conseguido que melhorasse o desempenho no rumo do ideal: a) crescer as receitas dentro da capacidade contributiva da população, marcada por desigualdades econômicas e sociais; b) reduzir despesas do Estado visando situá-las em volume compatível com as características da economia; c) conter o endividamento não apenas nos largos limites fixados pelo Senado Federal, mas guardando relação direta com a real capacidade de pagamento do Piauí, respeitando responsabilidades fiscais presentes e futuras, investindo com critério de relevância social concreta e retorno econômico comprovado.
As despesas são maiores que as receitas. Evoluem em níveis diferentes que se distanciam mais a cada ano. São fatos inegáveis.
Em 2018, enquanto a receita somou R$ 10,44 bilhões a despesa foi a R$ 10,55 bilhões. Comparando a evolução de 2018 em relação a 2017 vê-se: a) as receitas correntes cresceram 8,78%; já as despesas correntes cresceram 11,88%; c) as receitas de capital caíram 17,95%; d) as despesas de capital caíram 9,6%.
O Balanço piauiense é extremamente rígido dada a expressividade das despesas com pessoal e encargos sociais consumindo 62,76% das receitas correntes, e com o notório descontrole do custeio administrativo que já consumiu, em 2018, 30,88% das receitas correntes, sendo puxado pelas sessenta e nove unidades gestoras existentes – órgãos públicos com acesso direto ao orçamento estadual.
O custeio administrativo vem subindo ano a ano: em 2014 foi de R$1,68 bilhões; em 2015 chegou a R$ 1,93 bilhões; em 2016 foi a R$ 2,45 bilhões; em 2017 chegou a R$ 2,57bilhões; e em 2018 foi a R$ 3,06 bilhões. Isto é inadmissível.
Deve-se ainda considerar que o endividamento total medido em dezembro de 2018, foi de R$ 5,27 bilhões, em contratos internos e externos, o que já compromete o fluxo de caixa do Tesouro Estadual em 3,99% das receitas correntes, representados por juros, encargos e amortizações.
Somados, os três grupos de despesas (pessoal e encargos, custeio, dívida fundada) representam um grau surpreendente de comprometimento dos recursos públicos da ordem de 97,63% das receitas correntes. Número que por si exige ação séria e efetiva para ser revertido. Não cabe medidas meramente paliativas. É preciso gerar poupança para ter programação conseqüente e bem feita de investimentos.
Resta-nos, portanto, o caminho óbvio do curto prazo: a redução drástica do custeio administrativo. Entendo que o parâmetro responsável e de melhores resultados será encolher os gastos para o patamar verificado em 2015, que antes já havia sido aumentado: R$ 1,93 bilhões, que representou 24,25% da receita corrente. Geraria uma economia anual de R$ 1,13 bilhões – um pouco menos que aquilo que está inscrito em restos a pagar em 2018 como dívida flutuante: R$ 1,30 bilhões.
Problema para viabilizar tal medida seria melhorar a qualidade do gasto cortando fundo nos desperdícios e tapando ralos, assumindo prioridades que o Piauí possa bancar. Algo ao que parece muito distante da prática política e de sustentação de poder do Senhor Wellington Dias.