Governador do Piauí concorre à vaga deixada pelo escritor Wilson Gonçalves, morto em outubro do ano passado
O governador Wellington Dias (PT) concorre à eleição da Academia Piauiense de Letras (APL) para ocupar a cadeira nº 12, que pertencia ao escritor Wilson Gonçalves. No pleito realizado em 18 de dezembro, o chefe do Executivo estadual recebeu 18 votos, ficando a apenas um de vencer a disputa em primeiro turno. Por essa razão, o certame contará com segundo turno entre o mandatário e Antenor Rego, que teve metade dos votos.
Contudo, o processo foi bastante contestado por opositores do governo, que acusam Wellington de “comprar” uma vaga na APL. Em resposta às críticas, o presidente da entidade, Zózimo Tavares, lembra que o petista não é o primeiro governador a concorrer à Academia.
“Não se trata de um evento inédito, visto que já aconteceu outras vezes na história. Tivemos um governador na presidência da APL (Matias Olímpio). A fileira dos imortais já registrou as presenças de Alberto Silva, por exemplo, e só não contou com Petrônio Portella porque este morreu antes de assumir”, contou em entrevista ao JT1 da Teresina FM nesta terça-feira (25).
Zózimo citou ainda um episódio protagonizado pelo ex-presidente da República José Sarney, decano da Academia Brasileira de Letras (ABL), no qual destacou os requisitos necessários para ingressar na instituição. De acordo com o político, em primeiro lugar, é preciso ter vaidade; em segundo, uma vaga precisa estar disponível. Só depois, então, viriam os livros, campanhas e todo o resto.
“Os membros da Academia são bastante exigentes, valorizam o material escrito, o contato olho no olho. Não dá para atrair os votos deles com autopromoção nas redes sociais, por exemplo”, salientou o entrevistado.
Em relação à polêmica compra de 100 mil livros pela Prefeitura de Teresina, avaliados em R$ 6,5 milhões, Zózimo afirmou que a APL já fez o que julgava coerente e agora aguarda o desenrolar das investigações. Os exemplares em questão são da obra “Teresina Educativa”, de autoria de Braulino Teófilo Filho.
“Encaminhamos uma reclamação ao secretário municipal de Educação, que repassou o documento ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI). Este, por sua vez, suspendeu a aquisição de forma temporária. Não acusamos ninguém, nem lançamos suspeitas; apenas questionamos: como é tão fácil comprar essa quantidade de livros de um autor que não possui a vivência da nossa realidade?”, finalizou.