23/11/2024

Cultura

Cem anos de rádio: Presidente e padre marcam pioneirismo do Brasil na transmissão radiofônica

Antes de Epitácio Pessoa discursar no centenário da Independência, presbítero gaúcho já realizava testes com ondas sonoras

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Publicado por: FM No Tempo 05/09/2022, 14:37

Matéria de Rodrigo Carvalho

Agência Nordestina de Notícias (ANN)

A data da primeira transmissão de rádio no Brasil não poderia ser mais simbólica: 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da independência do país, com discurso do então presidente Epitácio Pessoa.

O professor Silvio Henrique Barbosa, do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), explica o motivo da oficialização da data.

Epitácio Pessoa discursa à nação em ocasião dos cem anos da independência do Brasil (Foto: Reprodução)

“Trata-se do primeiro discurso de um presidente da República à nação. À época, a fala de Epitácio foi transmitida pelas ondas do rádio mas, como ainda não existiam aparelhos radiofônicos no país, as pessoas ouviram o mandatário por meio de alto-falantes instalados em postes e praças do Rio de Janeiro”, narra.

Silvio aponta, porém, que no Recife, antes mesmo da transmissão inaugural, havia sido lançada a primeira emissora de rádio do país. “Antes desse episódio a Rádio Clube de Pernambuco já transmitia, embora não diariamente. A iniciativa surgiu graças a um grupo de amigos que compraram um transmissor da França e iniciaram os testes em 1919; essa experiência, no entanto, não foi contínua”, destaca.

Outra curiosidade, acrescenta o professor, é que o pioneirismo nas experiências que conduziram à criação do rádio pertence ao Brasil. “Precisamos falar do grande mentor do rádio, o padre jesuíta Landell de Moura, que estudou química e física na Universidade Gregoriana de Roma e retornou ao Império com ideias incríveis”, ressalta.

O docente conta que Landell chegou à conclusão de que era possível transmitir a voz humana por ondas invisíveis. Entretanto, o presbítero não foi levado a sério por seus contemporâneos.

“Ele foi chamado de curandeiro e espírita em um contexto de crescimento do espiritismo no Brasil. Mesmo assim, fez o teste inaugural em 1892; como não conseguiu financiadores, patenteou o aparelho nos EUA. De volta à América do Sul, falhou mais uma vez em obter patrocínio e, portanto, caiu no esquecimento”, complementa.

Selo comemorativo dos 150 anos de nascimento do padre Landell (Foto: Divulgação/ECT)

Dessa forma, continua Silvio, o marco mundial do surgimento do rádio foi estabelecido anos depois. “O inventor italiano Guglielmo Marconi, filho de um rico banqueiro, teve sucesso em transmitir sinais radiotelegráficos da Inglaterra ao Canadá em 1901 e, por isso, é mais lembrado que o antecessor brasileiro”, pontua.

Outra personalidade determinante para o surgimento do rádio em terras brasileiras foi Roquette Pinto, um médico que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos. Entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

A rádio começou a operar, no entanto, somente em 30 de abril de 1923, com um transmissor doado pela Casa Pekan, de Buenos Aires, instalado na Escola Politécnica da capital à época.

Essa é a primeira de uma série de quatro reportagens sobre a história do rádio no Brasil. Na terça-feira (6), você irá conhecer a Era de Ouro do rádio, durante a qual surgiram as primeiras emissoras, e conferir o sucesso que o veículo de comunicação mais popular fez nas décadas iniciais do século XX.

Confira a reportagem no Jornal da Teresina 2ª Edição desta segunda-feira (5):

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