O Piauí possui 55.611 famílias na fila de espera do programa Bolsa Família, destinado a cidadãos em situação de pobreza e de extrema pobreza ao redor do país. De acordo com dados levantados pelo Consórcio Nordeste, o estado registrou, até junho deste ano, 2,52% das 2,2 milhões de famílias no aguardo do benefício em âmbito nacional e 6,6% das 844 mil em âmbito regional.

Famílias elegíveis ainda aguardam recebimento do auxílio financeiro (Foto: Shutterstock)

Segundo o governador Wellington Dias (PT), presidente do consórcio, os chefes dos Executivos estaduais tentam agendar reunião com representantes do governo federal para solucionar o problema, mas não foram atendidos até então.

“Estamos falando de um governo que causou esse problema com a disparada de preços e que trata como Fórmula 1, quando é para os mais ricos, e no esquecimento, quando é para os mais pobres”, criticou o gestor.

Outro levantamento realizado pelo Consórcio Nordeste revelou que, entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, o governo federal retirou 48.116 beneficiários do Bolsa Família apenas na região. “Não se trata de números, são pessoas passando fome. É o país sonegando o pão de cada dia para mães e suas famílias”, completou Dias.

Presidente do Consórcio Nordeste questiona medidas do governo federal (Foto: Divulgação/Governo do Piauí)

Para o secretário estadual de Assistência Social e Cidadania, José Santana, a medida de Brasília está relacionada ao nível de alinhamento dos governadores com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Santana argumentou que o Nordeste sofre a retirada de famílias dos programas assistencialistas devido ao fato de grande parte dos gestores estaduais da região manifestarem oposição ao Planalto, enquanto chefes de outros estados que declaradamente apoiam as políticas federais recebem mais benefícios.

Em agosto deste ano, Bolsonaro apresentou ao Congresso medida provisória que cria o “Auxílio Brasil”, em substituição ao Bolsa Família, sob a alegação de que o novo programa reuniria uma quantia maior de investimentos. Contudo, o presidente não detalhou os valores do benefício, as formas de financiamento ou o número de famílias que terão direito ao auxílio. Atualmente, 14 milhões de brasileiros são beneficiados pelo programa já existente.