Assessor técnico do Procon estadual relata práticas ilícitas denunciadas com frequência em estabelecimentos comerciais
O Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), vinculado ao Ministério Público do Piauí (MP-PI), iniciou na segunda-feira (25) uma ação itinerante no município de Itainópolis, a 365 km de Teresina, na qual registra reclamações dos moradores a respeito de serviços de fornecimento de água, energia elétrica e telefonia móvel, entre outras queixas e demandas, até sexta-feira (29).
Segundo Ricardo Alves, assessor técnico do Procon, o órgão também recebe com frequência solicitações que envolvem bancos, operadoras de cartão de crédito e produtos com defeitos. “Não raro os empresários alegam conjunturas diferentes para definir os preços: frete, composição de custo, folha de pagamento, aluguel de ponto… Em princípio, o valor cobrado fica a cargo dos vendedores, mas não pode ser algo exorbitante”, salientou ao JT1 da Teresina FM nesta terça-feira (26).
Em relação à procura de preços mais baratos, Alves destacou que o aplicativo “Menor Preço Brasil”, embora seja pouco conhecido, permite aos consumidores encontrarem ofertas variadas em estabelecimentos próximos (até 30 km). O programa, que conta com banco de dados atualizado em tempo real, está disponível para download na Play Store e na App Store.
“Uma das práticas ilícitas que temos observado é o aumento antecipado de preços. Podemos citar o caso da Petrobras, que eleva o valor dos combustíveis e os postos fazem o reajuste antes mesmo da própria estatal. Trata-se de um flagrante abuso do ponto de vista do direito do consumidor; a liberdade de fixar preços, portanto, tem seus limites”, considerou.
Quanto à fiscalização de postos de combustíveis, o assessor ressaltou que os agentes do Procon não podem simplesmente chegar aos estabelecimentos e entregar a multa para o empresário pagar. De acordo com Alves, o órgão precisa antes ouvir a defesa da empresa a fim de decidir se irá ou não aplicar a punição. Além disso, é uma preocupação do programa demonstrar aos proprietários que tais infrações não são viáveis economicamente.
“Também está nos nossos planos implementar, por meio de uma van, um laboratório móvel de combustíveis, que contará com a contribuição de químicos profissionais, no intuito de esclarecer aos consumidores se as bombas de determinado posto estão lacradas. Temos priorizado o combate à falta de transparência das empresas; em nosso site há ferramentas que disponibilizam índices de atendimento de várias delas”, lembrou.
Por fim, o representante do Procon apontou que problemas com preços voláteis não ocorrem somente no Piauí, mas no Brasil inteiro. Sobre a probabilidade da existência de cartéis, levantada por vários consumidores, o entrevistado optou por uma avaliação cautelosa: “Não é fácil comprovar essa prática, é necessário reunir provas. Por vezes há um alinhamento de preços entre empresas, o que não configura cartel”, concluiu.