Risco de desalojamento foi formalizado em documento elaborado pelo CCS e encaminhado ao reitor da instituição
O curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí (UFPI) pode perder o espaço que hoje é destinado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), no prédio que fica ao lado do Hospital Getúlio Vargas. O local é considerado estratégico para o funcionamento do curso, principalmente para abrigar os alunos e professores dos últimos períodos, ligados diretamente às atividades práticas junto à rede de hospitais, sobretudo nas unidades públicas – como HGV, Nathan Portella e Hospital Infantil.
O prédio foi cedido ad referendum (isto é, decisão pessoal sem aval colegiado) pelo ex-reitor Arimatéia Lopes ao Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (Ciaten). O risco de desalojamento ficou formalizado em documento elaborado pela direção do CCS e encaminhado ao reitor Gildásio Guedes, em que é solicitada a suspensão da cessão do prédio. O documento é assinado pelo diretor do CCS, Arquimedes Cardoso, e pela vice-diretora, Carla Leite.
A direção do CCS assinala que o prédio ao lado do HGV abriga quatro departamentos de estudos – os de Medicina Comunitária, Medicina Especializada, Clínica Geral e Materno-Infantil. O prédio também abriga a direção do Centro, a coordenação do Curso e dois mestrados – o de Ciências e Saúde; e de Saúde Comunitária. Alerta ainda que a doação foi feita sem ouvir a comunidade e sem dar uma solução para as atividades práticas desenvolvidas principalmente nos semestres finais do curso de Medicina.
A direção do CCS cobra a suspensão da cessão, até que haja uma solução para a alocação dos alunos e professores de Medicina. Essa solicitação foi acatada pelo Conselho Diretor da UFPI, e o reitor Gildásio Guedes apelou para que as duas partes entrem em acordo, sem prejuízo de ninguém.
Os termos de cessão do prédio para o Ciaten definem posse do prédio por 40 anos (sendo 20 anos iniciais renováveis por mais 20). Também dá plenos poderes ao Cieten, um organismo sem vínculo oficial com a UFPI, salvo o fato de contar em seus quadros com professores da universidade.
Há outros complicadores. Além de perder espaço e atribuições, a UFPI não perde o peso das despesas com o prédio. Conforme está estabelecido no documento de doação assinado, a Universidade terá a obrigação de cobrir a maior parte dos custos de funcionamento: ela terá que arcar com as despesas com segurança, terceirizados, servidor técnico e professor. O documento diz ainda que a Universidade pode ser cobrada, caso “imperfeições” sejam observadas no edifício, no momento em que for entregue para os novos usuários.