Líder da entidade critica a desvalorização da categoria e a falta de estrutura necessária para o retorno das aulas presenciais
Os professores da rede pública estadual de ensino, liderados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte-PI), decretaram greve por tempo indeterminado na última quarta-feira (23). Dentre as razões para a paralisação, a entidade aponta a ausência de condições sanitárias para a volta às aulas presenciais e ao silêncio do governo do Estado diante do reajuste salarial de 33,24%, determinado pelo Ministério da Educação.
A presidente do sindicato, Paulina Almeida, reafirmou que os profissionais não são contrários ao retorno presencial, mas não há como implementá-lo no atual cenário pandêmico. “Embora estejamos imunizados, nossas escolas não estão preparadas para receber, de forma segura, alunos e funcionários. Por isso acreditamos que nenhum trabalhador irá comparecer à sala de aula nesse momento”, salientou.
Em seguida, a entrevistada elencou os requisitos necessários para uma retomada adequada das atividades: ambientes limpos, ventilados e iluminados; pias para higienização das mãos e acomodação nas cantinas; distribuição de álcool em gel e máscaras. Cobrou ainda a garantia dessas condições pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), e pediu o apoio do Ministério Público e das próprias famílias.
Além disso, Paulina lembrou que a questão financeira também é crucial para a continuidade da greve. “Não recebemos reajuste salarial desde 2019; finalmente conseguimos, neste ano, o aumento de 33,24%, e o Piauí foi o primeiro estado do país a receber esse percentual. Juntamente a esse valor, o governo estadual também obteve R$ 1,6 bilhão referente aos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), mas os montantes ainda não foram revertidos para a melhoria na qualidade da rede básica”, observou.
Nesse sentido, o Sinte possui uma ação jurídica em trâmite questionando a aplicação desse recurso, da qual uma parcela de 60% deve ser destinada ao pagamento do abono dos professores. “Como o governo do Piauí não atendeu a nenhuma das exigências, nossa categoria seguirá paralisada”, concluiu.