Governo do Estado determinou retorno dos professores às salas de aula a partir desta segunda (23)
A governadora Regina Sousa (PT) assinou na última quinta-feira (19) um decreto que determina o retorno das aulas presenciais na rede pública estadual, além de autorizar desconto no contracheque dos professores que derem continuidade à greve deflagrada há exatos três meses.
No entanto, segundo Paulina Almeida, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte-PI), os educadores não devem retornar às escolas por ora. “Faremos uma assembleia geral ainda nesta semana para consultar a categoria e determinar os rumos da greve, pois entendemos que o governo do Piauí nos desrespeita ao se recusar a pagar o piso salarial”, afirmou ao JT1 da Teresina FM nesta segunda-feira (23).
Ainda conforme a líder sindical, o Sinte-PI solicitou uma audiência com a governadora, intermediada pela Justiça, assim que recebeu o documento, mas a chefe do executivo piauiense nunca recebeu os trabalhadores no Palácio do Karnak.
Paulina fez questão de frisar que a greve é um direito legítimo da classe, ao contrário da gestão estadual que, ilegalmente, deixa de cumprir uma lei federal por negar o pagamento do piso aos professores, sem reajuste salarial desde 2019.
Outra questão levantada pela presidente da entidade foi a má qualidade das escolas públicas. “Mesmo que a governadora conceda o reajuste, precisamos conferir as condições de acesso e permanência de alunos e educadores nos estabelecimentos de ensino, que não raro apresentam graves deficiências na estrutura, no transporte, na alimentação”, pontuou.
De acordo com a entrevistada, a categoria trabalhou normalmente no período pandêmico, embora sem qualquer auxílio governamental, durante o qual teve de adquirir aparelhos celulares novos, que suportassem os aplicativos de transmissão de vídeos, essenciais para o ensino a distância.
“Os professores brasileiros sempre foram mal remunerados, especialmente no Piauí. Somos discriminados pelos gestores, que não se dispõem a dialogar conosco. O governo do Estado nos deve o percentual de 50,25% desde 2019 e, além de nunca nos pagar, tentam nos empurrar goela abaixo o reajuste de 14,17% aprovado pela Assembleia Legislativa (Alepi)”, criticou.
A representante dos educadores garantiu que o Sinte-PI não pagará a multa diária de R$ 20 mil, imposta pelo Tribunal de Justiça (TJ-PI), e irá recorrer da decisão. “Somos um sindicato histórico, construímos a educação do Piauí, enquanto os governantes apenas ordenam de seus gabinetes”, concluiu.