Educadores de Parnaíba alegam, além do problema com as remunerações, deficiências na infraestrutura e no lanche dos alunos
Matéria de Rodrigo Carvalho
O Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos (Proaja), que surgiu com o intuito de alfabetizar os cidadãos piauienses, tornou-se alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal. Agora, é motivo de denúncia também dos professores credenciados.
Parece até contraditório: o Proaja, lançado como o maior programa de alfabetização da história do Piauí, com investimento de mais de R$ 340 milhões, não estaria conseguindo pagar em dias os principais responsáveis por ensinar os alunos a ler e escrever.
A revolta desses profissionais teve início em Parnaíba. Gleice Alves, coordenadora do Proaja na cidade, explica que os educadores cadastrados a trabalharem para o Instituto Brasil, organização que presta serviço ao programa, estariam há mais de dois meses sem receber suas remunerações.
“O que nos mobilizou a formalizar as denúncias são as informações desencontradas em relação ao pagamento, sem falar na burocracia e na situação dos alunos, que são os mais prejudicados”, afirma.
A professora aponta ainda que as queixas dos professores em relação ao Instituto Brasil e ao Proaja vão além das remunerações atrasadas.
“A falta de pagamento das bolsas dos alunos e dos salários dos professores e coordenadores são os pontos cruciais, além da forma como o instituto trata seus colaboradores, que não é humana”, critica.
O presidente do Instituto Brasil, Ícaro Gomes, reconhece o atraso nos salários e responsabiliza a Secretaria de Educação (Seduc) que, segundo ele, também não teria entregue o repasse combinado a tempo.
“Realmente alguns pagamentos estão atrasados, mas cabe destacar que recebemos somente 20% do valor. Os professores acham que estamos guardando o dinheiro, não pagamos porque não queremos, mas a verdade é que aguardamos o segundo repasse da Seduc”, esclarece.
Sobre as denúncias de que o instituto não teria investido o valor repassado em infraestrutura e no lanche dos alunos, como acertado em contrato com a pasta estadual, Ícaro as classifica como inverdades.
“Estamos cumprindo todas as disposições do edital, inclusive lanche, material didático, entregamos lousas às escolas com complicações na logística. Essas denúncias não são verdadeiras”, enfatiza.
A reportagem da Teresina FM entrou em contato com a assessoria da Seduc, que disse apenas que, pelas regras do programa, a entidade credenciada (nesse caso, o Instituto Brasil) é a responsável pela contratação e pagamentos do Proaja.
Essa foi a primeira de uma série de reportagens sobre o Instituto Brasil e o Proaja. Nesta terça-feira (24), você confere outras alegações, feitas em Parnaíba, de que o instituto teria ligações políticas.