Em meio a greves e escândalos de corrupção, educação pública persiste como grande desafio para o próximo governador
Matéria de Rodrigo Carvalho
Agência Nordestina de Notícias (ANN)
Essa é a oitava de uma série de reportagens sobre os desafios do futuro governador do Piauí. Na terça-feira (20), você viu as respostas do ex-secretário de Turismo e da superintendente da Setur às declarações de gestores turísticos do estado.
A educação é um grande desafio a ser resolvido pelo próximo governador do Piauí, que receberá um estado em crise, com escândalos de corrupção na Secretaria de Estado da Educação (Seduc) – como as operações Topique e Aquarela – e investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) a respeito de irregularidades no Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos (Pro Aja).
Paulina Almeida, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte-PI), afirma que a categoria espera um gestor mais aberto ao diálogo com os educadores a fim de que suas solicitações sejam atendidas.
“Quem assumir o Palácio de Karnak precisa cumprir minimamente os direitos sociais da classe trabalhadora e dialogar com seus membros”, ressalta.
Os docentes reivindicam, entre outras demandas, o reajuste salarial de 33,24%, definido pelo governo federal, bem como duas correções (12,84%, referente a 2020, e 4,17%, a 2019) que não teriam sido pagas pela gestão estadual.
Além disso, defendem uma política de valorização dos professores e o pagamento dos precatórios do antigo Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), dos quais 60% (ou R$ 996 milhões) lhes são devidos.
“Ao lado dos precatórios, [o governo deve] negociar um percentual com os funcionários administrativos da educação, pagar o reajuste anual do piso salarial nacional – de forma linear e na carreira – e revisar a lei que aprovou a reforma da Previdência”, enumera.
Na avaliação de Raimundo Dutra, pós-doutor em Educação, o próximo governador deve garantir um ensino de qualidade para evitar a evasão escolar entre os estudantes de classes menos favorecidas.
“A permanência dos estudantes pobres, que também têm direito a aprender, nas instituições depende diretamente dos investimentos na educação básica e superior”, pontua.
A estudante Maria Clara, que está no terceiro ano do Ensino Médio em uma escola estadual de Amarante, a 161 km de Teresina, opina sobre os obstáculos a serem superados na educação pública.
“Algumas escolas do Piauí contam com uma estrutura muito boa: ar-condicionado, carteiras… Mas, agora, estou matriculada em uma que não tem nada disso. Falta professores qualificados e melhorias no lanche, nas salas de aula, nos banheiros”, lamenta.
O plano de governo apresentado por Wellington Dias (PT) nas eleições para o governo do Estado em 2018 prometia, a partir da implementação do Pro Aja, elevar a taxa de alfabetização da população acima de 15 anos e ampliar o número de vagas para o Ensino Médio.
Apesar dos escândalos na Seduc e da greve dos professores da rede pública, a governadora Regina Sousa (PT) comemorou o fato de o Piauí figurar na lista dos dez melhores Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e anunciou na semana passada o pagamento de 60% dos precatórios do Fundef.
Na quinta-feira (22), você confere as críticas do Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi) em relação à gestão da saúde pública por parte do governo do Estado.