Youtuber defendeu a existência de um partido nazista regulamentado por lei e o “direito de ser anti-judeu”
A Estúdios Flow, responsável pelo Flow Podcast, anunciou hoje o desligamento do sócio e apresentador Bruno Aiub, o Monark, que defendeu a existência de um partido nazista reconhecido por lei no Brasil em um episódio do projeto.
A produtora ainda se desculpou com a comunidade judaica e disse que vai superar essa situação “contribuindo para uma sociedade mais justa” e com liberdade de expressão “amparada por preceitos legais”.
A defesa da existência de um partido nazista dentro da lei por Monark foi feita durante transmissão ao vivo ontem, na qual eram entrevistados os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB).
“A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião […] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, afirmou o apresentador.
Ele foi rebatido por Tabata logo após a declaração, mas insistiu no argumento questionando a parlamentar. “As pessoas não têm o direito de ser idiotas?”, perguntou.
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Não é de hoje que Monark causa polêmica por uma conduta reprovável. Ano passado, ele perguntou no Twitter se “ter uma opinião racista é crime” e ainda comparou homofobia com a escolha do indivíduo tomar um refrigerante.
Monark publicou na tarde de hoje um vídeo em que pede desculpas pelas declarações — segundo ele, a defesa da criação do partido foi de um “jeito muito burro”. O apresentador ainda apontou que estava bêbado, porque são quatro horas de conversa, e pediu compreensão.
“Eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade”, disse ele.
“Mas eu peço também um pouco de compreensão, são quatro horas de conversa, a gente já tava bêbado. Fui insensível sim, errei na forma com que eu me expressei, dá a entender que estou defendendo coisas abomináveis, é uma m…, errei pra c…, eu peço compreensão aí de vocês mesmo e peço desculpas a toda comunidade judaica”, continuou.
A Estúdios Flow perdeu ao menos três patrocinadores com a nova polêmica: a Flash Benefícios, empresa de cartões para empresas, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) e a Insider Store.
O movimento contrário às declarações de Monark nas redes sociais foi puxado pelo grupo Judeus pela Democracia, que, a exemplo do Sleeping Giants, passou a dirigir apelos diretos aos anunciantes e patrocinadores do programa.
Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão.@tabataamaralsp perfeita na resposta, mas um detalhe: nazismo é contra a existência não só de judeus, mas de todos os “diferentes” pic.twitter.com/jfVHhYf3Hr
— Judeus pela Democracia – Oficial (@jpdoficial1) February 8, 2022
A Mondelez Brasil, detentora da marca BIS, se pronunciou logo no fim da manhã, repudiando a discriminação e o racismo, e esclarecendo que só financiou dois episódios do programa em 2021 e que já havia solicitado a exclusão da marca entre os patrocinadores do Flow.
A marca esportiva Puma também se pronunciou de modo similar, argumentando que já solicitou a exclusão de seu nome da lista de patrocinadores.
Fonte: UOL, Agência Estadão