Parnahyba vence Tricolor por 1 a 0 no Lindolfo, mas placar construído na ida favorece clube de Teresina
Vibra o Vaqueiro Belchior! Pela primeira vez na história, o Fluminense-PI levantou a taça do Campeonato Piauiense. A conquista inédita veio na noite deste sábado (30), após derrota por 1 a 0 para o Parnahyba, no estádio Lindolfo Monteiro, em Teresina.
Apesar do revés, o Tricolor havia vencido por 1 a 0 na partida de ida, em Parnaíba, e foi beneficiado pela vantagem do empate concedida ao clube de melhor campanha na fase inicial do torneio.
O jogo de volta começou bastante truncado, com os atletas valorizando o contato físico e frequentes paralisações por parte da arbitragem. Aos 10 minutos, Tarcísio recebeu passe de Mário Sérgio, na entrada da área, mas chutou para fora; quatro minutos depois, o próprio Mário Sérgio aproveitou sobra e finalizou em cima da defesa azulina.
Desse momento em diante o Parnahyba só cresceu em campo. O Tubarão teve chances com o centroavante Isac e o meia Paulinho, além de uma falta cobrada por Felipe Pacajus que passou por cima da meta, mas não conseguia furar a barreira imposta pelo Flu-PI.
O tão esperado gol saiu enfim nos acréscimos. Jeff Silva arrancou, cruzou da lateral esquerda e encontrou Isac, que cabeceou firme para estufar as redes do Vaqueiro e colocar o Azulino à frente. Com o gol, o atacante igualou Manoel, do Altos, na artilharia do Estadual (nove tentos para cada). Bastava apenas outro para roubar o título que, por ora, ficava com o clube de Teresina.
Durante o intervalo, o Flu-PI promoveu duas alterações: os veteranos Eduardo e Bismarck entraram no lugar de Tarcísio e William Salvino, respectivamente. No entanto, o primeiro desabou no gramado em apenas 12 minutos, precisando ser retirado de maca e ceder sua vaga na equipe titular ao companheiro de posição Júnior Prego.
Logo no minuto inaugural da etapa complementar, o goleiro Cris emendou um chutão para frente e a bola caiu justamente nos pés de Isac, que perdeu o equilíbrio após dividida com o arqueiro Nicolas, do Tricolor. Em lance posterior, o lateral Tiaguinho finalizou com perfeição, mas a bola explodiu no travessão, quicou na linha do gol e não entrou.
Bastante modificado, com direito a três alterações, o Parnahyba ficou na bronca com o árbitro Antônio Dib, que também havia sido alvo de polêmicas na partida de ida, quando anulou um gol do Tubarão e apitou a falta que originou o único gol do jogo, anotado por Tiaguinho. No Lindolfo, a contestação das atitudes do juiz se intensificou, em especial quando não marcou faltas nem assinalou um pênalti requisitado pelo Flu-PI.
No final da partida, quando o quarto árbitro sinalizou cinco minutos de acréscimo, Bismarck lançou em profundidade para Mário Sérgio, o artilheiro do Brasil, que fez belo domínio, mas finalizou para fora. O gol perdido, porém, não fez falta: o apito final soou e o Vaqueiro foi declarado campeão do Piauiense 2022.
Mais uma vez, a torcida do Parnahyba compareceu em peso ao Lindolfo Monteiro, a exemplo do ocorrido na semifinal contra o Altos no início deste mês. A diretoria do clube fretou cerca de 12 ônibus e motivou os fãs a montarem suas caravanas a fim de invadirem Teresina e apoiarem o Tubarão. No estádio, deram sequência à bela festa já conhecida.
Após a derrota, porém, alguns torcedores azulinos se revoltaram profundamente com a arbitragem, proferindo palavras de baixo calão contra a equipe de profissionais.
Outro alvo foi o próprio Fluminense-PI, a quem chamavam de “sem torcida”, fazendo alusão ao fato de o adversário ter ficado na inatividade durante seis décadas. Copos de cerveja e garrafas de água, inclusive, foram arremessadas ao campo e imediatamente recolhidas pela Polícia Militar.
Por outro lado, os apoiadores do Flu-PI se mostraram um tanto tímidos, mas comemoraram com vigor a saída da equipe da fila ao conquistar o título do Estadual de forma inédita.
Principal nome do Vaqueiro na temporada, o atacante Mário Sérgio recebeu o prêmio de artilheiro do Piauiense, com 15 gols marcados. Ele ficou à frente de Isac, do Parnahyba, e Manoel, do Altos, ambos com nove gols cada.
“Estou muito feliz, é um momento especial pra gente, entramos na história do clube. Acho que foi bastante merecido, nos apresentamos em outubro e desde então subimos de degrau em degrau até alcançar o topo. Só tenho a agradecer a Deus e ao Fluminense pela oportunidade”, declarou o astro.
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Quanto às constantes especulações de que pode deixar o Flu-PI e rumar a outra equipe brasileira, particularmente em divisões superiores, o camisa 22 deixou claro que ainda não há nenhuma proposta concreta.
“Até este momento eu estive focado no Estadual. Tenho contrato até o final da Série D, mas se chegar um convite concreto, posso sair. Vou continuar focado, fazendo meu trabalho, e as oportunidades vão aparecer naturalmente”, considerou.
Na temporada, Mário Sérgio conta com 20 gols em 21 partidas. A estrela lidera com folga o ranking da artilharia nacional, superando até mesmo Hulk, do Atlético Mineiro, e Gabigol, do Flamengo, cada um com 12 tentos.
É inegável, também, que os treinadores de ambas as equipes desempenharem papel fundamental nas campanhas do Piauiense. Enquanto Marcelo Vilar executou um trabalho previamente definido, tendo à disposição estrutura de qualidade, Pedro Manta reergueu um grupo cabisbaixo, que convivia com o fantasma do rebaixamento.
“Quero parabenizar esse grupo guerreiro, saímos do zero para o final. Sofremos três, quatro goleadas, e ainda assim derrotamos os três grandes da capital [Flamengo, Fluminense e River]. Estamos chateados, afinal, quem não quer ser campeão? Mas nossa cabeça está erguida porque sabemos que fizemos nosso melhor”, afirmou Manta.
O técnico criticou bastante a arbitragem, destacando o fato de que Antônio Dib deu apenas um cartão amarelo para o Flu-PI, ao mesmo tempo que aplicou quatro cartões ao Parnahyba.
“Paciência, né? O jogo parava o tempo todo e ele só deu um minuto de acréscimo no final. Acho que a Federação [de Futebol do Piauí] precisa mudar, evoluir. É minha terceira passagem por aqui e as coisas permanecem do mesmo jeito”, lamentou.
Por outro lado, Vilar reconheceu que o Tricolor não apresentou um futebol vistoso, mas foi coroado campeão devido aos feitos registrados durante a campanha de quatro meses.
“Hoje não foi o dia de vencer, mas fomos efetivos e conquistamos o título. Daqui a alguns irão lembrar que o Fluminense foi recordista de pontos e gols e, na minha opinião, campeão de forma merecida”, celebrou o treinador.
Em relação ao confronto de forma específica, o comandante ressaltou a experiência do grupo, que soube adotar a estratégia correta na segunda etapa e evitou que o Parnahyba se aproximasse de sua meta.
“Não gosto de perder nem em futebol de botão, mas precisamos enxergar que o objetivo maior foi alcançado. O Flu-PI está em uma escalada por títulos, e agora nosso objetivo é terminar entre os quatro melhores de nosso grupo na Série D e avançar à fase seguinte”, completou.
Com o título, o Fluminense-PI levou para o Joca Claudino o Troféu Carlos Said, a quantia de R$ 50 mil e um carro 0km. O vice-campeão Parnahyba, por sua vez, ganhou o montante de R$ 20 mil.
A conquista inédita incluiu o Tricolor na lista de campeões do Estadual após 80 anos da fundação do clube. O maior campeão piauiense é o River-PI, com 31 títulos. Em seguida vêm Flamengo-PI, com 17 taças, e o próprio Parnahyba, com 13.
Na temporada que vem, o Vaqueiro Belchior disputará novamente a Série D do Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, além de ter assegurado vaga direta à fase de grupos da Copa do Nordeste.
Ao lado das competições nacionais, o Tubarão estará presente na etapa preliminar do Nordestão, juntamente de Altos e 4 de Julho. Caso o calendário do torneio regional não sofra alterações, o Azulino só deve voltar a campo no final deste ano, entre outubro e novembro, para as classificatórias.