Decisão acontece no ápice da crise sanitária
O presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um comitê para discutir e direcionar os rumos do combate à pandemia do novo coronavírus, na quarta-feira (24). A decisão acontece no ápice da crise sanitária, com recordes diários de morte e um colapso iminente do sistema de saúde.
O presidente afirmou que a reunião foi marcada pela “unanimidade, a intenção de nos dedicarmos cada vez mais à vacinação em massa no Brasil”. Entretanto, voltou a defender o tratamento precoce contra a covid-19, por meio de medicamentos sem eficácia comprovada e que têm resultado em mortes de pacientes. “Tratamos também da possibilidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico de tratar infectados ‘off label‘”, afirmou, em referência a medicamentos que são usados para tratamentos não originalmente previstos em sua bula.
A demora para a criação de um comitê para combater a pandemia foi criticada por especialistas nas redes sociais. O epidemiologista e professor de Medicina na Universidade de São Paulo (USP) Paulo Lotufo afirma que, apesar da criação do comitê, Bolsonaro continua o mesmo. “Há um ano destruiu as ações positivas que tomavam conta do país. Hoje, o Comitê montado irá transferir ao setor privado e garantir o mandato de Bolsonaro”, avaliou.
A epidemiologista Denise Garrett acredita que o grupo apenas cumprirá ordens de Bolsonaro. “Depois de um ano, 300 mil mortes, o presidente resolveu criar um comitê para discutir pandemia e tem gente que acha isso ‘bacana’. Ouso dizer que, no lugar de especialistas sérios e independentes, esse ‘comitê’ vai ser um bando de pau-mandados a favor de kit covid-19”, tuitou.
Com informações da Rede Brasil Atual